Música bizarra futurista
No intuito de resumir o ainda em curso período de pré-produção do quarto álbum de sua banda, Julian Casablancas ateve-se à sucinta declaração sobre os dias em estúdio com os Strokes: “parte das novas músicas foi inspirada em coisas dos anos 70… mas temos também uma canção bizarra futurista”. Creio que, assim como os demais fãs do quinteto nova-iorquino, também fui levado a contemplar o significado da intrigante definição. O que diabos significa isto?
Uma possível resposta não tardou a chegar. Veio de Tel Aviv, pelas mãos e ouvidos de Kutiman, produtor musical que durante dois meses permaneceu trancafiado em sua casa, aparando as arestas de performances instrumentais postadas no Youtube por gente comum. Os mais de cem vídeos selecionados foram mixados e compilados em sete composições de sua autoria.
A proposta do projeto intitulado de ThruYOU é obter música da sobreposição de fragmentos individuais, tão dispares quanto o trompete desafinado de um aprendiz ou a didática vídeo-aula ministrada por um professor de guitarra. As intervenções são mínimas, apenas colagens e pequenas edições que não interfiram na essência caseira –e aparentemente caótica- que decorre do complexo quebra-cabeças sugerido pela sincronização dos trechos.
O resultado soa algo semelhante à orquestra youtube, trabalho desenvolvido por meu colega Marcelo Camelo; a diferença, no entanto, fica por conta deste último priorizar uma montagem mais abstrata, que tem na imprevisibilidade, e não na precisão, seu maior trunfo.
Favor não confundir as duas iniciativas citadas com aquelas audições virtuais realizadas pelo Youtube para constituir uma orquestra sinfônica real. Neste caso, o recurso foi empregado não para criar música, e sim para selecionar os participantes que se apresentarão ao vivo e de maneira presencial dia 15 de abril, no Carnegie Hall.
Mas por que ThruYOU merece atenção especial, em meio a tantas iniciativas irmãs já disponibilizadas na web? Bem, a resposta é simples. Se o projeto do israelense não é exatamente pioneiro, ao menos possui a enorme qualidade de soar consistente. Enquanto a maioria dos vídeos classificáveis nesta mesma categoria se resumem a clipes engraçadinhos baseados numa esperta edição de imagens, o foco de Kutiman está aonde realmente deveria: em fazer boa música.
Para os que ainda não se convenceram dos méritos inerentes ao que acabaram de assistir, proponho um exercício. Visualizem este como sendo o primeiro passo de uma longa trilha a ser percorrida, rumo a uma não tão improvável época em que o método demonstrado seja o padrão vigente de produção musical. Se este vídeo fosse o 14 Bis, imaginem o que poderíamos esperar da era dos Jetsons?
Estou certo de que, em sua afirmação, o vocalista dos Strokes nada pretendia além de confundir seus fãs. O futuro pode até dar pinta nas músicas da banda, mas algo me diz que está bem mais próximo de ThruYOU.
Olá Bruno,
Eu sou Patrícia Esteves do Portal PUC-Rio Digital.
Nós queríamos fazer um entrevista com você para o quadro “Nossos Ex-Alunos”. O objetivo do quadro é mostrar ex-alunos da PUC que se tornaram bem sucedidos, em diversas áreas. Alguns dos entrevistados já foram Bianca Rothier, Bia Correia do Lago,e Ticiano Jordão. pensamos em fazer um perfil seu, traçando sua carreira musical, como colunista e Globosat. Será que você podia mandar um contato seu?
Agradeço desde já a atenção, e aguardo sua resposta.
Sim, meu pai possue o projeto musical “trilha sonora de coisa nenhuma”, procure por ai o nome caco bocchi, são canções belissimas compostas utlizando o computador, quase como as “compostas” pelo israelense acima citado.
Mas questiono-me sobre essa música do futuro (e já tão ‘presente’): como fazer música sem instrumentos materiais puramente sonoros?
Abraços, Gabriel Coiso.
É, Bruno, a tendência é cada vez mais ser assim. Imaginem o Devo ou o próprio Ton Ton Club antigamente, eles achavam que a música dele era algo diferente (talvez futurista), novo para a época e com a tecnologia cada vez mais avançada, os computadores tomaram conta com seus barulhos e efeitos.
Um exemplo considerável disso é o Radiohead, que na minha opinião é a banda dessa geração. Eles soberam usar muito bem a diversidade de sons disponível na música eletrônica e os efeitos possíveis no computador para fazer uma música completamenre original e diferente de tudo que já veio antes.
O problema é, como disse o Gabriel no comentário dele, será que no futuro os intrumentos serão ignorados?
(aliás, gostaria de dar parabéns para vocês pelo show no just a fest, foi uma noite memorável)
essas experimentações são ‘divertidas’ no começo, mas rapidamente ficam enfadonhas e dificil de digerir…
Novas experiências musicais sempre são válidas. Acho que passos como esses são importantes para a evolução da música. Não que tudo dessa experiência seja utilizado, mas adaptado ao que já existe hoje.
Veja só, foi exatamente isso que eu pensei quando li o comentário do Casablancas: “O que diabos significa isto?”
Se não fico feliz com a coincidência, fico ao menos aliviada em saber que não sou a única confusa.
Mas o que importa mesmo é que eles estão voltando. Devagar, sem data definida, mas estão voltando.
E um viva aos Strokes!
Beijocas pra vc, Bruno.
Meu eterno tecladista favorito =)
_0/
SENSACIONAL!! ISSO TA MUITO BOM!!
É impressionante a capacidade de se reinventar que a música tem; aparentemente é uma coisa tão limitada, a quantidade de notas como nós as definimos, os padrões que criamos, os campos harmônicos, leis tonais e mesmo assim ela (a musica) tem essa qualidade inerente de supreender. E a esse isralense, eu digo: que gênio!poxa!
Cacete, Medina, esse cara é gênio!!!!!
A música ficou MUITO boa, é impressionante como ele conseguiu fazer utilizando apenas videozinhos toscos do youtube!!!!!
E, de fato, é o futuro da música, cara, muito!
esse “algo” que te diz esta errado, discordo quando diz que esse tipo de música será o tipo do futuro. Não vou escrever um livro com minhas razões aqui. O que, na verdade, vai acontecer é um retrocesso. Por exemplo, se o rock n roll veio do blues, as pessoas tentarão excluir a existencia do rock n roll, e tentar fazer inspirados no blues algo novo. Enfim, sou músico e tenho trabalhado no sentido de fazer um estilo músical completamente novo e tenho criado com esse pensamento. Enfim tenho milhares de outras razões
Será que o computador vai conseguir superar o ser humano até na música?
O.K.
Acho que o futuro não é isso não. Acho que o marcelo com esse projeto está inconscientemente buscando sua licença poética assim como Caetano Veloso o fez com Araçá Azul.
Bruno, entra em contato comigo. Por favor.
Por favor, pelo menos dê seu email… preciso de enviar uma coisa… não é vírus, juro!!!!!
Valew
Bruno,
Como leitora fiel do Instante Posterior, sinto-me no direito de fazer um apelo: poderia, por gentileza, atualizar seu playlist no site dos Los Hermanos? Hehe.
Eu explico: aqui onde eu trabalho há uma “ditadura musical”, e por causa dela nenhum tipo de arquivo mp3 ou rádios online estão autorizados, exceto, especialmente exceto, felizmente exceto a rádio de vocês. Acho que ainda não descobriram, talvez.
Enquanto isso, nos meus dias de esquecimento do Ipod, encontro-me por lá, foragida, navegando pelos gostos musicais de cada um dos quatro.
Quebra meu galho, vai, atualiza a rádio…rs.
Beijo
novas experiencias, e tudo que tem direito. afinal de contas, strokes pode “quase” tudo!
Beijo
Bah! O Bloco para mim é o melhor! Uma prova de que na maioria das vezes as gravadoras não estão tão certas assim…
Se eu fosse Wine House, bancaria… dá curiosidade, não pode ser ruim… não tem como!
abs