Antes tarde do que nunca
Não tomem por saudosismo barato ou nostalgia, mas desde que os LPs de vinil sucumbiram aos disquinhos digitais, e estes aos MP3, a experiência de consumir música sofreu um considerável esvaziamento. Falo por mim, e por todos que como eu gostavam de ter em mãos ou na estante do quarto o objeto que desempenhava a importante função de complementar e enriquecer a experiência de ouvir nossos ídolos.
As grandes capas quadradas e os encartes duplos que embrulhavam as bolachas na prática eram pensados como extensão da proposta artística contida nos álbuns. Nem mesmo os mais otimistas se atreveriam a negar que a influência deste material impresso na audição das faixas deixou de existir a partir da era destas acanhadas e minúsculas caixinhas de CD.
Lembro-me de como era sagrado debruçar sobre o painel composto pelas enormes ilustrações abertas, ou mesmo deixar o rosto do ídolo, retratado em proporções reais, exposto em casa, como um anfitrião que nos acompanhava nas primeiras incursões por seu universo. Mesmo não sendo possível fechar os olhos para o advento tecnológico e a consequente democratização do acesso à produção musical ocorrida nas duas década anteriores, só quem conviveu com os Long Plays sabe a falta que fazem neste mundo de hoje.
Apesar de terem caído em desuso e quase se extinguirem por completo, os vinis ainda sobrevivem através de seus poucos admiradores e dos DJs, que, diga-se, nunca os abandonaram. O fechamento de quase todas as unidades designadas à fabricação dos LPs ao redor do globo inviabilizou o lançamento de novos títulos, praticamente relegando-os ao passado. Alguns artistas brasileiros, dentre os quais orgulhosamente inclui-se o Los Hermanos, souberam se aproveitar do privilégio de ter um disco lançado neste formato em pleno século XXI, antes que, em outubro último, a única remanescente nacional desta indústria, a Poly Som, fechasse suas portas.
Entretanto, por razões as quais me proponho investigar, a triste história sofreu um inesperado revés; impulsionado pelo espantoso aumento de 89% em vendas ocorrido em 2008 nos Estados Unidos, os discos de vinil ensaiam uma volta por cima. Por aqui a boa nova fica por conta da reativação da Poly Som, e do lançamento, até o fim deste mês, dos cinco primeiros volumes da série “Meu primeiro disco”, organizada pela SonyBMG. A gravadora pretende relançar em Long Play os álbum de estréia de trinta artistas, dentre os quais Chico Science e Nação Zumbi e Engenheiros do Hawaii.
A excelente iniciativa já pode ser considerada como um teste da receptividade que espera os discões no combalido mercado fonográfico. Desconfio que a aposta da vez se concentre no filão dos colecionadores de clássicos, já que o consumidor convencional, por motivos ideológicos os financeiros, não têm hesitado em se render aos downloads ilegais, que atualmente correspondem a 95% do total.
Minha teoria é que o revival dos vinis coincide com esta onda vintage que atualmente assola a humanidade (lembram da modinha de Sleeveface?). Tem a ver, também, com a esperança que os executivos do ramo nutrem de descobrir uma fonte para novos proventos, uma que sempre esteve bem debaixo de seus narizes empinados.
Dois posts atrás citei a falta de habilidade dos caciques da indústria musical como provável explicação para o declínio de seu negócio. Uma das falhas capitais pela qual podem se culpar diz respeito a não terem conseguido ou atentado para a necessidade de se transformar os CDs em objetos de desejo, assim como antes foram os vinis. Numa época em que o costume dos mais novos, de baixarem canções aleatórias de um mesmo artista, sobrepõem o conceito de álbum, a ressurreição dos LPs pode significar ao menos a reconquista da coerência pretendida em determinados conjuntos de músicas.
O engraçado é pensar que em 1948, quando surgiram, os Long Plays solucionaram uma limitação tecnológica; até então os discos em goma-laca, de 78 rotações, restringiam-se a uma música por lado. A expressão álbum provém da encadernação de vários compactos, comprados um a um, contendo duas músicas cada. Somados, correspondiam a totalidade de um determinado disco. Trocando em miúdos, os LPs instituíram em definitivo o conceito de álbum como o conhecemos. Será que o destino se encarregará de, sessenta anos depois, incumbi-los desta mesma função?
caramba, não tive mais tempo de vir todos os dias aqui :[
porém vim agora e gosto bastante dos teus escritos.
a reflexão sobre o fim dos discos é totalmente coerente, e a saudade deles, mais ainda!
realmente, perdeu um pouco o brilho… como quase tudo nesse século XXI-sem graça.
abraço apertado,
camilla.
é verdade,
minha vó tem um amontoado de lps num quartinho do quintal.
a vitrola do meu tio ainda funciona, e escuto os queme interessam.
mas o q me chama atenção são as capas, enormes, no ponto de nós contempla-las juntos com as músicas.
provocando uma sinestesia, bem colocada no post anterior.
abraço medina, espero que o novo show d~e um novo gás à banda, espero que vcs voltem a faz/er uma bela turnê nacional.
abraços aos hermanos
Não pude deixar de perceber o quanto uma notícia pode trazer audiência.
A quantidade do post anterior para com os outros é imensa!!
Mas não vou entrar em detalhes, já que não vou poder ir no show mesmo…
Eu acredito que a salvação dos CDs ainda pode ser pela via do design gráfico. Experimentem lançar CDs numa embalagem ou encarte igual aos antigos long plays, acrescente-se à ela um booklet com algumas páginas contendo fotos e letras, e muita gente vai querer ter o original.
eh pow…se o LH ainda for lançar algum CD vê se capricha aí num extra legal nos encartes…pq apesar de ser muito fã da banda e ter todos os CDs e DVDS, tenho que admitir que os encartes de vcs não têm graça nenhuma!! se quiser dizer que o que importa eh a música, não podes reclamar do MP3 ilegal
Faaala hermano Medina
Primeiramente seu blog é foda
Cara voce nao sabe o quanto fiquei otimista com a alta de vendas de LP’S nos EUA. Sera que aqui no BRASIL esse numero aumentou tambem? Creio que não….
Medina me salva cara, estou passando por problemas financeiros e nao posso de jeito nenhum perder esse show, ja que em 2005 meus amigos foram a fundição ver o ultimo show e eu nao pude…..
Sei que todos querem o que vou pedir, mas é por uma questao de vida, todos que foram ao R.J em 2005 ja garantiram o ingresso, me salva cara, de um jeito de eu entrar por favor.
A se eu aguento ouvir outro nao, quem sabe um talvez ou um sim….
Existe disco do Los hermanos lançado em vinil?
Como faço para comprá-los?
Bruno,
Parabéns pela ilação da conclusão (último parágrafo). Realmente, eu não tinha pensado nisso.
Mas creio que, infelizmente, o caminho é sem volta.
Abraços.
Nunca tinha parado para pensar, e é verdade, tinha me esquecido disso… as capas dos vinis… os encartes… deitar e ficar horas vendo e revendo todos os detalhes enquanto a música rolava…
putz! mto bacanas suas reflexões!
sucesso!
Ótimo texto. Eu só pariticipei desse ‘tempo’ com os discos da Xuxa. hehe ^^
Penso que, no fim das contas, esse retorno do LP vai acabar desempenhando o mesmo papel do CD: uma coleção de relíquias – e, portanto, artigo de luxo. Convenhamos que a praticidade tem falado cada vez mais alto com o passar das décadas.
Quanto ao ‘ouvir um álbum completo’, concordo, só assim podemos captar a verdadeira intenção, a informação que o artista quer passar. Mas isso é também (e ainda mais) possível nesses novos tempos de download e internet.
Encontrei na casa de minha avó o primeiro LP da cantora Maysa (Convite para ouvir Maysa) e fiquei numa alegria só. Só para esclarecer ou talvez confundir mais, tenho quase 23 anos de idade, passei pelos vinis, pelos cds e vivo os mp3s, mp4s e etc., etc., etc. Cada um tem a sua graça e a sua função. Nada melhor do que chamar uns amigos e colocar um som na vitrola ou pegar emprestado alguns cds e ir ouvindo as músicas acompanhando o encarte ou atravessar a cidade ouvindo seus artistas preferidos sem carregar quase peso algum (moro em São Paulo, então cada saída é uma viagem e quanto menos peso, melhor).
Ou seja, um não anula o outro. Acredito que viverão juntos por muito tempo ainda.
OBS: Quando encontrei o disco do 4 quase um tive um treco tanto por ser um LP como pelo preço salgadinho… Hehehe…
Isso que dá escrever tomado por forte doses de nostalgia, hehe! Bruno, eu acho que em nada a música através da internet esvazia a experiência musical. O papel que antes eram dos encartes (seja encartes de LP ou de CD) hoje foi claramente substituído pelo site ou blog ou MySpace ou seja lá o que for que a banda utilizar para mostrar sua cara. Um encarte bem feito não é nem um pouco melhor que um site bem feito. É apenas um outro olhar. As bandas que se destacarão a partir dessa revolução digital serão aquelas que exatamente souberam substituir o encarte pelo site como verdadeiros objetos de desejo. O que não adianta é ficar chorando porque as pessoas não ligam mais para CD ou LP (e não ligam mesmo… essa onda de comprar LP hoje em dia é modinha passageira de uma minoria absoluta).
Antes pagávamos 30 reais num CD e por isso nos sentíamos praticamente obrigados a gostar daquele produto, afinal, pagamos (um absurdo) por ele. Hoje temos a liberdade de não gastar um centavo e decidir quais são as músicas que nos tocam de verdade. Não nos sentimos mais presos no sentido homem > dinheiro > objeto.
Bom, esses são meus dois cents.
Grande abraço,
Seu xará
Tenho o Lp dos Los Hermanos.
Se eu tivesse grana suficiente, seria colecionador de LPs.
Não sei se por gostar bastante e de sentir saudades das sensações descritas no post ou como revolta/resistência à música estilo fast-food. Sinto que esse novo estilo de se adquirir/escutar música é como se ao invés de lermos um livro, optássemos apenas por alguns poucos capítulos considerados mais interessantes, ou mesmo um resumo, uma resenha. “Conhece Machado de Assis?” “Conheço. Li uma descrição dos principais personagens” ou “Vi a minissérie.”
É assim que vejo as pessoas escutando música hoje. Faz tempo que não param para ler um bom livro, do início ao fim, e com ilustrações! Abraço
O mais interessante é que o Vinil, dito para colecionar, se torna herança. Influências de pais para filhos. Com sorte deixarei algumas relíquias para meus agregados!
Um beijo!
Mariana
Vinil e/ou CD só vão fazer sentido pra quem quiser colecionar. Uma coisa que me chama atenção, é que com a Internet sendo a principal forma de divulgação e distribuição, é inevitável que isso transforme maneira e a experiência de se consumir música. Na Internet tudo é muito rápido e isso sugere que os artistas tenham essa mesma velocidade em sua evolução. Algo que já é comum entre os artistas independentes, é o lançamento de EPs que tem como característica, um tracklist mais curto. Isso facilita a absorção do seu conteúdo e ainda permite que o artista faça mais lançamentos em um menor espaço de tempo e por consequência estar sempre em constante renovação.
Relançar albuns em formato vinil? caça-niquel. Mais uma manobra pra ganhar dinheiro. Afinal, existe sim um mercado para o vinil formado por pessoas dispostas a gastar os tubos e de vendedores mais mercenários ainda.
Sobretudo, entre o vinil e o MP3 perdemos a comunhão. Não reunimos mais os amigos para ouvir juntos o LP que acabamos de comprar… O MP3 possui vocação individualista, ensimesmada e enclausurada.
Até infinidade de recomendações feitas aos amigos por ocasião do empréstimo de uma raridade é mais uma lembrança nostálgica… Não dá pra exercitar os ciúmes com arquivos trocados por bluetooth ou e-mail.
Enfim, todo cambia.
Tenho, até hoje, meus compactos e LP’s e não penso em me desfazer deles, como muitos colegas meus fizeram (não dá pra comparar a capa do LP “O descobrimento do Brasil” da Legião Urbana com a versão da mesma em CD).
A dificuldade que tenho é que não sei se existem lojas no Rio onde posso encontrar uma agulha nova para o toca discos. Será que alguém sabe?
Abraços.
nunca tive muito acesso aos LPS que meus pais tinham mais sempre curti o tamanho das capas e tal.
Mas seria legal que fizessem uns cds daquele tamanho pra valorizar as capas e tal.
Eu compraria velho, colecionava. Confesso que baixo álbuns pela internet mais não tem coisa melhor que ter o seu cd favorito na sua casa com capinha e tudo mais. No meu caso tenho todos de Los Hermanos.
Muito massa teu blog cara! Parabéns!
Abração!
LPS DE VINIL ?
O QUE É ISSO ?!?
minha irmã conseguiu perder tds os LP’s q tinha aqui em casa, após um trabalho na faculdade. msm q não escutasse, era bom tê-los por perto…
e concordo com o comentário do Renato, os cds deveriam apresentar um trabalho gráfico interessante. alguns nem as letras das músicas tinham…
Abç
penso da mesma maneira!…eu s[o tive vinil na infacia, tenho 18 anos, mas fico vendo os do meu pai e os do meu avo e da pra sentir muito bem a diferenca…penso que, com esse lance de musica digital, as pessoas podiam voltar a comprar vinil e nele viesse uma senha pra baixar as musicas….sei la…a parte fisica conta muito e tb é pratico ter a discografia toda no ipod.
Tava querendo comprar o novo albúm do Lenine em formato de vinil….
Adoro os vinis…fizeram parte da minha infância!!
bjus*
Eu faço questão de ter o Cd quando gosto muitodo trabalho da banda. E concordo com o ponto de vista de Renato sobre incrementar as embalagens de CD´s a fim de atrair o consumidor/fã.
É fácil eu dizer que eu e muitos que conheço apesar de baixar músicas da internet não perderam o conceito de álbum. Pelo simples fato de baixar álbuns inteiros e ouvi-los dessa forma. Mas, ainda assim baixamos.
Houve uma época que eu usava os arquivos em mp3 como teste. Baixava, se gostasse comprava o CD, se não, ficava apenas com a mp3 mesmo. Pois não faço isso mais, porque a mp3 não tem custo, a qualidade não é tão diferente assim pra caixas do meu computador e eu as transporto facilmente. Mas, mesmo assim, gosto muito de CDs.
Gosto mais de LPs. Talvez por ver a paixão com que meu pai fala deles. Infelizmente meu pai se mudou há poucos anos e não levou sua “vitrola”. Vendeu. E eu agora que quero começar a comprar meus LPs e ouvir os dele, não tenho onde. Outro dia mesmo deixei de comprar um vinil da parceria de Gabriel Tomaz(do autoramas) com Móveis Coloniais de Acajú por nao ter onde ouvi-lo.
E a pergunta fica, quando a Deck Disc comprou a fábricadda Poly Som ela também se propôs a vender players para bolachudos?
Só mais um comentário. Independente da decisão dos Hermanos de continuarem ou não após o show, meu ingresso tá mais do que garantido.
Abraços
Eu gosto de Lp’s.. Eles têm um sonzinho todoe especial que parece que ta empoerado (ou talvez estejam realmente). Só tenho 18 anos, e não curti o fenômenos dos LP’s. O que consumi foram resquícios de meus pais, como Beattles, Gilberto Gil, Belchior e outros.
Um vez ganhei de presente de um vizinho LP’s (que iria por no lixo, não fosse o meu pai) infantis, como Trem da Alegria e Balão Mágico. Escutei-os por um bom tempo. E era uma delícia!
SImplesmente re-inserir os LP´s no mercado fonográfico, as vantagens são imensas, probabilidade de pirateamento 0, além de priorizar a qualidade das gravações e do audio.
Eu fico pensando no caminho que a indústria fonográfica vem seguindo. Grandes bandas como o Radiohead já disponibilizam o álbum online, e o fã paga o quanto achar que o trabalho vale. Acredito que não é necessário ter espírito de colecionador pra ter vontade de guardar os CDs de suas bandas preferidas. Quem é mais informado ou vive no meio da música sabe dos altos tributos pagos para transformar algumas músicas em um CD produzido. Desde a compra dos instrumentos, honorários de estúdios, equipe técnica envolvida, gráfica, fotógrados, designers, enfim, é tanta gente envolvida que imagino quantos CDs devem ser vendidos à R$ 20 pra cobrir todo o esforço submetido. Resolvi comprar todos os CDs dos Hermanos esses dias. Fui na loja e encontrei o Bloco por R$10,90. Ainda tem fã que diz que é caro e só compra pirata ou baixa na internet? Ah, faça-me um favor…
¡Hola!
Pido perdón por escribir en español, pero no conozco suficientemente el portugués.
Excelente post, pero hay un detalle que no se menciona: la calidad del sonido.
Durante mucho tiempo me resistí a abandonar mis LPs y cambiarlos por CDs porque sonaban “peor”. Me refiero a que la grabación analógica (no digital) conserva mejor las cualidades del sonido que pueden escucharse en vivo, por ejemplo.
Parece que la democratización de la música por la tecnología (MP3, internet, etc.) trae consigo una menor calidad en lo que llega a nuestos oídos, y no sé si la nueva vida de los LP servirá para revivir también los modos de grabación analógicos.
¿Cómo resultaría grabar música en 2009 con los mismos medios tecnológicos que The Beatles en los años 60?
También pienso que con los CDs se perdió esa propuesta estética total que tenía el LP, ojalá se recuperara, aunque soy muy escéptica.
En fin, creo que quedará como una excentricidad para nostálgicos o gente que busca algo distinto en la música, alejado del consumo banal.
Sólo me queda felicitarte por el blog, Bruno, es muy bueno. Espero que los shows de marzo sean excelentes.
Saludos
Apesar de não ter vivido esses anos de idolatração dos LPs, e conseguentemente dos artistas, sei o quanto é legal ter uma obra física original em mãos. Não tenho dúvida de que o estilo grande de uma capa de LP é de encher os olhos; mas, talvez, não abra mão da portabilidade de um cd, que é só enfiar em qualquer canto da mochila e sair. Contuto acharia um máximo se meus artistas favoritos lançacem um Lp.
Pois é, como diria Cazuza: “Eu vejo o futuro repetir o passado.”
Acho que já inventaram quase tudo no mundo da música, e agora já não tem mais com o que se contemplar…
Agora, querem voltar ao passado, com a idéia de que seja algo novo.
O problema é que, tá muito difícil mesmo de se comprar hoje aparelhos novos que tocam LP.
Cabe agora, as indústrias de fabricação de eletro-eletrônicos criar um novo aparelho onde possamos ouvir e lembrar dos velhos tempos .
Meus 30 anos parecem apenas solidificar as indeléveis lembranças dos vinis que, além da contemporaneidade a momentos mágicos de descobertas na minha vida, me fizeram cingrar pelos rios de inventividade a que todo apreciador de música era submetido. A dificuldade de conseguir os títulos me faziam, entre outros, aprofundar-me (na qualificação investigativa de um interlocutor voraz) nas linhas e entrelinhas do pensamento de cada uma daquelas obras, a ponto de compreendê-las com razoável margem de precisão, ainda que o fizéssemos (como sói acontecer) na inexorável e escapista esfera da idiossincrasia.
O importante era que cada novo álbum possibilitava um filme em que se vivia intensamente.
Confesso que prefiro os cds, mesmo na sua frieza técnica, mas recordar dos LPs é recordar de mim mesmo.
Grande abraço, Medina.
Los Hermanos Domina
Achei muito legal o post.
Procurei por diversas vezes um contato da Poly Som, mas o (21) 2761-4988 não atende nunca. Quem tiver um conato (telefone, e-mail ou endereço), favor postar aqui.
Abraço a todos.
Hello!!! Tem alguém aí?
É difícil ver o trem do tempo passar sem se sentir um velho, mesmo… E toda esse post e toda essa discussão nos comentários se resume a isso: a velhice! Estamos todos envelhecendo! E como bons velhos, não conseguimos nos acostumar com o novo como nos acostumávamos antes. No futebol, a geração anterior sempre será melhor que a geração que chega. Os desenhos infantis de hoje são piores que os de antes. Os brinquedos também são piores. A música então, nem se fala.
A grande questão aqui é: Será que realmente estamos caminhando para a extinção, com tudo se deteriorando, OU SERÁ que nós é que não conseguimos nos acostumar com o novo?
Essa discussão toda me lembra uma propaganda muito boa de uma loja de móveis e quinquilharias chamada Ikea: A propaganda começa com uma mulher desligando um abajur em sua casa e colocando um outro no lugar. A trilha sonora remete ao abandono do móvel, mesclando com imagens do móvel jogado, dentro de uma caixa e por fim abandonado na frente da casa, esperando ser recolhido pelo lixeiro enquanto uma triste chuva cai em cima dele. Quase chegamos as lágrimas com a história do abajur quando um homem aparece ao lado do dito cujo, olha pra câmera e diz:
“Você está triste por causa do abajur? Se vc está triste é pq vc é louco! Esse abajur é um objeto, não tem sentimentos… e o outro é muito melhor!”
É mais ou menos assim que eu vejo as pessoas que reclamam das novas tecnologias, principalmente da nova relação que se criou com a música, depois que a internet chegou. Muitas das pessoas que criticam esse modelo nem sabe como realmente funciona, tem receio de tentar baixar algo, ou mesmo vergonha de tentar e não conseguir e reclamam como se fossem os experts no assunto.
Nesse caso específico não há nem o que discutir: a música digital é tão boa quanto qualquer formato que existiu, e a liberdade é total para o ouvinte.
Para se ter uma idéia da revolução, basta lembrar daquela vez que você ouviu uma música perfeita no rádio, mas não conseguiu pegar o nome da dita cuja, ou mesmo que tenha conseguido, nunca conseguiu achar um disco daquela banda para comprar e com o tempo simplesmente se esqueceu daquilo. Hoje você coloca o celular perto do rádio que está tocando, em minutos você tem nome da banda, nome da música, nome do album… tudo na sua mão, aí você pode baixar a tal música pelo seu celular ou pode chegar em casa e baixar a música, o album ou toda a discografia da banda e ser feliz.
Agora se o problema é dançar de rosto colado com a capa do disco, não há problema não… ainda temos muitas árvores pra cortar, pra fazer muuuuuitas capas de disco de vinil.
Falei um monte de coisas, mas eu também me incluo nessa horda de velhos, eu também tenho as minhas manias, os meus gostos, as minhas “rabugentices”, mas pelo menos eu sei que a única diferença entre pica pau e bob esponja é a minha idade!
Ai ai ai e meus disquinhos da xuxa?? tenho todos!!!!
A volta dos LP’s vai fazer retornar também o orgulho de ter comprado o album novo daquela banda que cada um tanto admira… sair por aí com um discão debaixo do braço, poder deixar bem claro seu gosto musical que além de tudo demonstra uma parte bem importante de sua personalidade… isso vai ser tão bom…
Os mp3 players tiraram aboslutamente todo esse encanto, você ouve Beatles e a pessoa ao lado tá ouvindo bonde do tigrão e pra que observa estão todos ouvindo música, igualdade e respeito? é! mas isso é bastante sem graça!
A volta dos LPs vai diminuir a grande individualidade desse século, afinal ninguém vai sair por aí com uma radiola dentro do bolso… vai acontecer com mais freqüencia aquelas reuniões de amigos pra ouvir tal album, quem sabe assim surjam novas bandas, não esqueçamos que assim surgiu Aborto Elétrico, Capital Inicial, Legião Urbana…
O chato dessa história toda é que provavelmente a re-adaptação dos equipamentos de som vai ser de maneira mais lenta do que o processo de produção do LPs….
Medina, bem que o 5 disco do Los Hermanos pode vir com uma versão bolachão né?
beijo grande, até a volta!
Bruno, é só Lembrar doas capas dos Discos do Pink Floyd(coleção que herdei do meu pai) aquilo sim era arte, era uma parte a mais quase um bônus por comprar o Vinil…tempo em que se preocupava mais com arte do que com lucros!
caixa em vinil do los hermanos: eu compro!
(mas depois vendo só o 4, ou presenteio alguém que o curta)
Olá Bruno,
Acompanho seu blog há algum tempo, mas nunca tinha entrado aqui para comentar, porém hj resolvi deixar minha opiniao.
Acho que essa onda vintage dos Lps, consumidos principalmente por gente mais nova, se deve a uma busca pelos prazeres mais simples. Embora possa concordar com a maioria que diz que hj vivemos melhor que antigamente, acho que nos dias atuais uma parcela da população tem buscado comer mais pipoca de pipoqueiro, ouvir vinil, andar a pé e outras coisas que parecem que foram esquecidas.
Portanto, acho q nada mais gostoso do que pegar seu vinil preferido e deixar o momento correr mais devagar.
Um beijo!
Só tem uma coisa que eu não vejo ninguém reparar: os discos estão voltando ao mercado. E os toca-discos? Não há mais nenhuma fabricante nacional que eu conheça que os fabrique, enquanto lá fora grandes nomes como Sony os produzem. O que é uma pena, pois eu compraria.
Po, eu tentei desesperadamente comprar o vinil do 4, mas não consegui.
Se alguém quiser vender…
Eu acho que os valores mudam. A juventude de agora nasceu na era dos ipods e downloads gratuitos. Não se pode tentar atribuir valores de 10 anos atrás à juventude de agora. Particulamente eu admiro bastante tudo o que envolve o vinil. Não vivi a época mas, devia ser um momento mágico toda aquela cerimônia de pôr o disco na vitrola e ouvir o The Number of the Beast com os amigos bebendo uma cerveja. Porém, hoje a diversão da galera é ir na internet e baixar o cd do artista completo. E carregar em seu mp3 toda a discografia. Infelizmente eu acho q é informação demais e não se aproveita como deveria. mas…fazer o q né? é a vida…
A mais pura verdade. Já foi a época dos vinis e os que são vendidos em lojas ou até feiras de antiguidades já não podemos ter pelo absurdo dos preços. Lembro do meu primeiro vinil do Ultraje a rigor e até hj continuo comprando vinil mesmo não os encontrando em lojas.
Beijooos