Pratos Limpos
Antes de seguir adiante permitam-me fazer algumas ressalvas sobre o post anterior. Parafraseando o rapper carioca De Leve em uma de suas músicas, neste texto fui “mais mal interpretado do que livro de Machado de Assis”. Ainda agora tenho convicção da clareza de minhas colocações, embora desconfie que o sentimento passional em relação aos nomes citados tenha prejudicado (e muito) a compreensão das palavras.
Lendo os comentários pude notar que muitos consideraram preconceituosa a distinção dos artistas internacionais classificados em time A e time B. Ratifico que em nenhum momento houve juízo de valor quanto ao trabalho de ninguém, até por se tratar de matéria absolutamente subjetiva. A divisão proposta decorre de uma impressão quanto ao papel que cada um dos mencionados desempenha no cenário musical atual. O que talvez aborreça aos fãs seja uma confusão entre valor de mercado e valor artístico.
Quando sugiro que determinado artista pertence ao time B, isto deveria significar apenas que não me parece que ele esteja vivendo o momento de maior visibilidade de sua carreira. Este é, no entanto, um ponto de vista, baseado no que tenho visto, lido e ouvido por aí, e compatível com a vocação deste espaço. Claro que se a banda não sai das paradas radiofônicas de ali ou lotou um show acolá isto não altera minha opinião. O critério adotado é considerar a observação do aspecto geral, e não os informativos detalhados de qualquer fã-clube.
Quanto ao fato de um show de Alanis em Teresina ter me causado surpresa… ora bolas, não é usual mesmo! Desde que sentei para escrever não consegui me recordar de outro artista internacional que tenha passado por 11 cidades brasileiras de uma só tacada. A periodicidade e a duração das turnês não se deve necessariamente a um menor apreço que se possa ter pelo público de nosso país, muito pelo contrário, aqui estão, possivelmente, as platéias mais receptivas do planeta.
Talvez ao fato de o Brasil estar situado na América do Sul, longe do eixo onde ocorrem a maioria dos shows. Trocar de hemisfério exige cautela; os custos são maiores, a logística mais complicada e, como consequência, os ingressos tornam-se mais caros. Por isso eu acho que só vem para cá quem tem certeza do retorno financeiro ou aceita/precisa correr o risco. É justo daí que surge uma brecha para que determinados artistas se beneficiem da grande demanda por shows internacionais que sempre existe por aqui.
Por último, confesso que fico na dúvida sobre registrar que considero o A-ha uma das melhores bandas de pop dos anos 80. Tenho os 2 primeiros discos do trio e são muitas as músicas que conheço de cor, assim como também ocorre com as de Alanis, em cuja primeira apresentação no Rio eu estive presente. A dúvida se relaciona com esta sensação onipresente no mundo de hoje, de que existem regras para determinar quem pode ou não dizer algo sobre determinado assunto.
Independente de fazer ou não parte do Los Hermanos, de gostar ou não de Alanis, Coldplay, Guns n’ Roses, Madonna, A-ha ou qualquer outro artista que possa vir a ser citado neste blog, sinto que vivemos o momento em que emitir uma opinião, ainda mais se for pela Web, significa ter de lidar com a hostilidade e o rancor despertados pela impessoalidade do meio.
Os argumentos ganham força quando a discordância se dá de uma forma coerente e respeitosa, sobretudo construtiva. E, convenhamos, um pouco de tolerância à diferença e de espírito esportivo não fazem mal, né? Posto isso espero ter desfeito possíveis mal entendidos. E vamos em frente.