Reencontros
Agora há pouco recebi um e-mail que imediatamente me proporcionou um punhado de ótimas lembranças, daquelas que a correria do dia a dia e o próprio passar do tempo se encarregam de encobrir. A mensagem – encaminhada por uma antiga colega que conseguiu me contatar por aqui – convidava para um encontro de turma da escola em que cursei o final do primário e o início do ensino médio (ou ginásio, como dizia-se na ocasião).
Amanhã é provável que reveja meus amigos de pré-adolescência, aqueles que fizeram parte desta etapa marcante em minha vida e na de qualquer pessoa, com os quais, por razões que me escapam, não tive contato algum pelos últimos dezessete anos. Nosso colégio infelizmente já não existe; o prédio que o abrigava encontra-se em péssimas condições, abandonado devido a um processo de penhor que se arrasta na justiça e causa aperto no coração de todos que, como eu, lá estudaram.
Apesar deste triste porém, soube que considerável montante do grupo conseguiu concluir o segundo grau antes do extinto Isa Prates fechar suas portas em definitivo. De qualquer maneira estou bastante curioso para ouvir as histórias e, possivelmente, até tomar conhecimento de algumas que me envolvem, das quais eu sequer me recordo.
É intrigante pensar que as impressões guardadas por aquelas pessoas sobre mim estão tão distantes de corresponder à realidade que praticamente me transformam num estranho em potencial. Afinal, após um período tão longo, poucas são as características em comum entre este que vos escreve e o menino que eles conheceram.
Por uma destas inacreditáveis coincidências só hoje, zapeando a TV, me dei conta de que o seriado “Barrados no Baile” voltou a ser exibido por um canal a cabo. Mas o que tem uma coisa a ver com a outra? Eu explico. Umas das memórias mais vívidas que possuo da época em questão é a de como adorava assistir as aventuras dos irmãos Walsh, sempre às voltas com os dilemas decorrentes da futilidade que encontraram ao se mudar para Beverly Hills.
A série se estendeu por quase dez anos e serve de referência para meus contemporâneos, algo semelhante ao que representou a “Armação Ilimitada” para a geração anterior. Enredos que exploravam o universo dos alunos riquinhos do Beverly High conquistaram um séqüito fiel de seguidores no Brasil, a ponto de influenciar hábitos e até lançar modas; o topete combinado com costeletas de Brendon e a franjinha comportada de sua irmã, Brenda, caíram no gosto do público jovem de tal forma que viraram uma espécie de “au concours” dos penteados durante praticamente toda a década de 90.
No momento em que ouvi o inconfundível riff de guitarra da abertura, tive que largar o que estava fazendo e me dedicar integralmente a assistir o episódio. Ao final, confesso que fui tomado por um misto de nostalgia e perplexidade: mesmo havendo a nítida intenção dos roteiristas em prestar um bom exemplo para a garotada, impressionou a carga excessivamente consumista presente no cotidiano de quase todos os personagens. Arrisco-me inclusive a duvidar que uma série nestes moldes chegasse a ser produzida em tempos de patrulha do politicamente correto.
A breve jornada ao passado – que iniciei ao sentar em frente à televisão- não funcionou conforme o esperado. A saga dos irmãos Walsh não me forneceu elementos que ajudassem a explicar quem eu era nestes tempos pré-Lula, pré-onze-de-setembro, pré-Los-Hermanos, pré-faculdade, pré-internet, pré-tetracampeonato, pré-primeira-namorada. Pelo visto, o grande reencontro que se dará amanhã será comigo mesmo…
Fiquei agora curioso pra saber o que se dará nesse encontro consigo mesmo.
Só quero as impressões disso no próximo post
: – )
É muito bom ter essa sensação…
Bruno, ao ler esse teu texto pude imaginar a discrepância (engraçado que eu lembrei de ‘deixa estar’ só por causa da palavra) de idéias, atitudes e afins que permeia o universo das remotas amizades (ainda mais de infância, adolescência). Não raro me decepciono com algumas pessoas que fizeram parte de bons momentos da minha história; não por não pensarem como eu, mas por serem pessoas que eu considero desinteressantes, vazias, levianas…
Falando do “Barrados no baile”: lembro quando passava na TV, mas não me interessava em assistir. Ou se assistia a alguns episódios, não lembro do que se passava. O que marcou muito minha infância foi “Jaspion”. Me inspirava até em lutas de cabo de vassoura com meu irmão… eheheh
Meses atrás um amigo me apareceu com todos os capítulos de “Jaspion” em Dvd, e lá vai eu tentar me conectar ao mundo mágico do tempo de criança… Só decepção!! =/
Comecei a identificar alguns erros de gravação, cenas mal produzidas pela – talvez – falta de tecnologia, atuações toscas, monstros e bichos ‘feitos à facão’… ahahaha
Enfim, tem coisas que não voltam e melhor mesmo é deixar apenas na saudade ou lembrança que completa. Do contrário, decepção é iminente!
Entendi errado ou você não vai para o encontro da tua turma do final de primário?
Nossa, ler o seu post me trouxe muitas lembranças! Como eu era viciada em ‘Barrados no Baile’. E, claro, após cada episódio, o recreio seguinte era monotemático, acompanhado de Mirabel e guaraná Taí. Nossa, nem lembrava disso!
E me dói muito tb ver o prédio do jeito que está, caindo aos pedaços…
Dessa vez não pude ficar sem comentar..
Eu estudei no Pernalonga (não cheguei a ser do Isa prates, fui pro cap na primeira serie). Sinto o mesmo aperto quando passo pelo prédio e pela praça garota de ipanema. Eita escolinha boa! Eu sou um ano mais nova que o seu irmao, então acho que nem fomos da mesma geração no isa prates =(
Adorei ler esse post!!
curiosa pelo post sobre como será esse seu reencontro.
E eu aposto como você não conhece mais o garoto de quem seus antigos colegas irão falar!
Ah, Bruno ( por favor, não publique isso, apenas leia )
Talvez julgue desnecessário esse recado que te mando agora, mas gostaria que soubesse o quanto esse blog me ajudou nos ultimos meses.
Acompanho com certa frequência as atualizações desde o início do ano. Faço pré vestibular para medicina e decidi ‘estudar’, desenvolver minha visão crítica sobre determinados assuntos, a partir do seu ponto de vista, que particularmente acho excepcional.
Na ultima semana fiz as minhas provas específicas, incluindo redação…Como num milagre, o estilo de texto cobrado foi : Artigo de opinião. ( Quase dei um pulo na cadeira ).
Recebi o meu resultado, tirei 24,0 ( valendo 25,0 ) e resumindo… fui aprovada!
Deixo aqui o meu MUITO OBRIGADA!
Mesmo que essa não fosse a sua intenção inicial, gostaria que soubesse que com seus textos, ajudou-me a realizar esse sonho.
Grande beijo. Parabéns!
Muito bacana, ta… Não sei se minha turma de Ensino Médio teria prazer em se encontrar daqui ha alguns anos, não… Talvez, até lá, os valores dados a saudade e nostalgia se depreciem. Mas, não se depender de mim!
Lendo o post me lembrei que tinha um álbum da série! Eu era bem novinha… mas curtia demais!
=))
Poisé Bruno,
è engraçado como a vida nessas Indas e Vindas e por coicidências ou não …
sempre ocorre nos finais de ano um sentimento retrospectividade.
As vezes me pegunto se isso será apenas uma forma que temos de manter nossa memória viva e de procura em nós mesmos idéias, ideiais, vontade esquecidas ou reprimidas pelo tempo e a idade.
Espero que o seu tunél do tempo tenha sido muito bom!!
Bjs
>D
Poxa, você tocou em um assunto tão presente. Vivo revivendo essas coisas passadas através de series, musicas e videoclips. Gosto muito de VH1 porque passam clipes “das antigas” – como dizemos em Salvador – e cada um me remete a um momento que degusto com muito prazer. Parece bobo mais amo minha infância e adolescencia e tudo que contriu para que as memorias desse tempo de eternizem tem valor para mim.
Vá ao seu encontro…vai ser no mínimo uma experiência de reencontro com alguém que pode nem existir mais em você.
uma ótima oportunidade para rever aquela garotinha que você era apaixonado.
É realmente nostálgico ter sensações assim, lembrar de coisas que marcaram tanto um tempo que, sem dúvida, é bem diferente do que se vive hoje. Acho que todos passam por isso e um encontro com uma antiga turma de ginásio não pode ser outra coisa senão um encontro conosco mesmo, como você disse.
Os episódios do passado constantemente vêm à tona mediante a mídia e outras coisas que nos fazem lembrá-los. A sensação de nostalgia é algo incrível. E particularmente fico achando que “aqueles” momentos do passado foram os melhores.
A partir disso, caímos na ilusão de tentar voltar a esse passado na tentativa de resgastar exatamente aquela sensação que sentimos. Mas aí vem também a frustração de não conseguirmos.
Isso só me faz acreditar que cada momento tem também o seu hic et nunc. O aqui e agora naquele momento. Nossas ideologias sofrem um processo de amadurecimento ao longo dos anos. E os ambientes onde nos encontrávamos naquele momento podem soar diferentes também.
Também revi passados em episódios do Jaspion e foi engraçado sentir a “tosquice” que me encantava tanto quando criança.
Ser feliz hoje, sorrir ao relembrar e pensar no que vem.
Certamente que os encontros com agente mesmo, pra mim, são os melhores, ainda mais com essa influência que faz parte de TODO MUNDO dessa época, que é a pré-um monte de acontecimentos importantes que você citou Bruno…
muito legal esse post!! eu sempre odiei barrados no baile justamente pelo que você citou: “muita futilidade”, e só!!
ps: mas aquela Brenda era uma gracinha né cara…rs
tem uma versão tosca da série… 90210.. uma tentativa de remake, nada que valha a pena… eu tb assisti..
Coincidência ou não, mas hoje de manhã uma amiga ligou cedinho querendo saber números de celulares de uns amigos, pois estão combinando um reencontro….fiquei super feliz e ao mesmo tempo triste, pois já tenho outra coisa no dia pra fazer…talvez eu dê mais valor a eles, ainda não decidi!
Só sei que deve ser muito bom encontrar as pessoas que fizeram parte do nosso passado, relembrar brincadeiras e histórias, ter a certeza de que o tempo pode passar, mas laços de amizade ainda estão fortes, porém adormecidos.
Espero que você vá pra este encontro, e depois nos conte como foi sua experiência…
Um Abraço Bruno
Pôxa adorei suas palavras….é realmente uma onda você rever pessoas que estiveram na nossa vida durante um pequeno longo tempo……eu vou viver isso em breve de novo, tô saindo da facul e me perguntando quem será que vai continuar comigo? de quem eu me lembrarei no futuro, é a vida…parabéns pelo blog e conte sobre o encontro, queremos saber!!!!!!
Os meus principais amigos de primário e ensino médio, são hoje, ainda os meus melhores amigos…
A nostalgia é tão confortável de se ter…
Barrados no Baile eu não assistia não pq eu era um guri ainda… Só queria saber de Cavaleiros do zoodiaco, Jaspion..
Ai, a nostalgia….
Se com 18 anos já tenho esse sentimento quando vejo alguns desenhos, imagine você!
bjus*
oi,queria te mandar um slide.
é bem interessante e fala dessa lembrança do passado.
Me manda teu e-mail.
Bjus,se cuida.
Bruno,
Infelizmente não pude ir no encontro que a Duda estava organizando.
Mas parece que foi legal.
Gostei do seu texto. Deu saudades dos anos 80/90
beijos,
Renata
PS: Sempre que eu passo em frente ao ISA me dá uma nostalgia incrível… aquele colégio era muito bom. Estive por aquelas bandas na semana passada e está com um totem da prefeitura.. parece que vai se transformar em uma escola pública.
Muito bom. Não esqueça de, no próximo post, contar como foi o encontro.
Existe uma Teoria cujo o autor é Alexandre Ottoni, que se chama a Regra dos 15 anos, que consiste em que as coisas como séries, filmes e programas de tv que você curtia quanto tinha 15 anos, não veja novamente a esperiencia sempre é desagradável.
Eu também adorava Barrados no baile! Pena que no final o horário coincidia com o curso de inglês… e aí não dava para assistir!
Mas eu acho que gostava mais mesmo do Dylan!! Hahaha…
Beijos.
Rê
Ás vezes a gente não se vê nem mais nas fotos de poucos anos atrás… Eu gosto de revirar as coisas que escrevi no passado e ser uma espécie de psicólogo de mim mesmo e olhar pra dentro de mim do lado de fora, curioso isso…
Gostaríamos de saber como foi este reencontro…….
Muito bom seu post!
Tenha lembranças engradas de você na 6ª/7ª serie…
Muito triste o fim do colégio!
Tenha, não, tenho!
Oi Bruno,
Lendo aqui ela primeira vez seu blog (até por que também to chegando agora rsrs…rsrs).
A sua história sobre o seriado barrados no baile, me pareceu um pouco similar à Malhação, coincidência ou não… Mas ela também “não me forneceu elementos que ajudassem a explicar quem eu era nestes tempos” quando vi depois de muito tempo o seriado de Malhação (afinal, malhação não é mais novela). Mais enfim.. escrevi no meu blog um tema sobre TV e não é que esqueci de comentar da danada na Malhação.
O que está sendo jogado para os adolescentes e crianças? Meu sobrinho de oito anos assiste vidrado A Favorita! É complicado, você desvincular isso uma criança, na verdade digo isso por mim.
Comentando agora um pouco a questão dos amigos, é muito engraçado. Porque querendo ou não você ainda tem resquícios de como você era naquele tempo, porém, hoje, mas maduro (ou não) É! Pois você sabe tem espécime que não evolui! E outra.. a turma se divide, as meninas se casam, os caras caem na farra, ou como no meu caso.. vira o povo mais maluco que eu já vi.. aliás .. era de se esperar.
O humano é um ser dinâmico, esta em constante mudança, então é compreendido que tua vida absorva outras realidades. Seu foco se tornar outro. Quem nunca fez mil planos com os amigos de “ah quando a gente se formar..” ou “vamos montar nosso próprio negocio!!”. Vou dizer um que já virou clichê “VAMO FORMA UMA BANDA!”
Espero que você tenha curtido o reencontro, esse “de volta ao túnel de tempo”!!
Valeu!
Stefania R. Nogueira
O melhor desses encotnros é ver que a menina que era a gatinha da turma deu uma ‘bagaçada’ maior que as outras. E que algumas que você nem dava moral, hoje, tão mais ‘mulherão’.
Tempo bom que não volta mais…
Foi nostálgico o reencontro e maravilhoso relembrar os bons momentos!
Bjos.
Ana Paula.
Grande texto; grande blog.
Abrasss