Globo Mar mergulha para visitar navio naufragado há 30 anos

sex, 19/04/13 por thiago.brandao | categoria Episódio da temporada 2013, Informações, Notícia, Temporada 2013

O Globo Mar visita águas pernambucanas. A cerca de 400 quilômetros da costa, e a apenas 2,5 quilômetros do arquipélago de Fernando de Noronha, 30 anos atrás aconteceu um naufrágio. Afundou um navio da Marinha brasileira, uma corveta chamada Ipiranga. E hoje ela está no fundo, a 60 metros de profundidade. E quis o destino que ela ficasse bem de pé. Isso faz do naufrágio da corveta Ipiranga um dos lugares mais bonitos pra se mergulhar no Brasil e em todo mundo.

A última viagem da corveta aconteceu em outubro de 1983. Sua missão era levar a carga mensal de suprimentos do Recife até o distante arquipélago de Fernando de Noronha. Quando estava quase chegando. O desastre. O navio bateu num rochedo na ponta sudoeste de Noronha.

O primeiro mergulho da nossa equipe vai ser justamente junto à rocha que deu fim à corveta Ipiranga. A água transparente do arquipélago cerca as rochas de azul. Um espetáculo belo e perigoso.

O paredão encravado no meio do mar muda a correnteza e cria uma turbulência esquisita. A gente tem que seguir o truque dos peixinhos: se deixar levar, tomando cuidado  pra não ser jogado contra a pedra. Além da pancada, tem outro problema – o tapete alaranjado, que dá um colorido especial ao rochedo, queima que é uma beleza. Isto é coral de fogo. O nome já diz tudo.

A água clara de Noronha não esconde o cabeço. O problema é que a carta náutica daquela época, ou seja, o mapa no qual o pessoal da Marinha se baseia pra fazer suas navegações estava com erro. Um erro crucial.

Em busca de uma explicação pra esse erro, a equipe do programa foi à terra firme.

No mesmo local de onde, há 30 anos, viu a corveta afundar, o suboficial Augusto explica porque acha que o comandante da corveta foi traído pela carta náutica.

Mas há outra questão: por que a corveta se aproximou tanto da ilha? Em Noronha, se diz que o comandante mudou a rota para investigar uma pista histórica.

O comandante queria ver se achava um navio de Américo Vespúcio. Então saiu da rota. O primeiro registro de Fernando de Noronha é de 1503, quando Américo Vespúcio com sua frota passou por lá. E uma de suas naves afundou em Noronha.

Em vez de naufrágios históricos, o comandante encontrou pela frente o cabeço da sapata. E o navio dele acabou virando um naufrágio.

Descemos rapidamente na imensidão azul. A cerca de 20 metros de profundidade, a corveta  já começa a se revelar. Imponente, de pé, como se nunca tivesse desistido de navegar. O canhão de proa só faz mira no azul infinito. Todo pintado pelos seres marinhos que se instalaram lá ao longo de 30 anos.

A corveta Ipiranga mede 56 metros. A largura, ou a “boca”, como dizem os marinheiros, é de quase dez metros.

Na lateral do casco, a gente vê um dos rasgos feitos pela pedra. Ernesto Paglia mede. São dois palmos, pouco mais de 40 centímetros. Mas, enterrados na areia, há buracos muito maiores. A equipe entrou na sala de comando, o passadiço. Está tudo lá. A bússola, o telégrafo, o rádio.

Hora de subir. É o momento mais perigoso. Vai levar quase o dobro do tempo que ficamos lá embaixo.

Uma barracuda, carnívora, curiosa, se aproxima. As águas-vivas dão um show de luz.

O mergulhador de apoio leva pra equipe garrafas com ar enriquecido com oxigênio. É um recurso para dar mais segurança e acelerar a descompressão. Mesmo assim, a subida é devagar.

A equipe volta ao porto de Santo Antonio, em Fernando de Noronha. O mesmo lugar onde, naquela manhã de outubro de 1983, a corveta Ipiranga era ansiosamente aguardada por dezenas de moradores. Entre eles, o jovem Jorjão. Agora, nosso experiente comandante.

A notícia do acidente chegou ao porto levada por um pescador, o Bita. Que hoje está a bordo conosco. Marenga, outro pescador “da antiga”, também estava no porto à espera da corveta que não chegava.

Primeiro, o comandante da corveta pediu a ajuda do Marenga e de outros mergulhadores da ilha para tentar tapar os buracos e eles ficaram naquela luta pra poder tirar a água de dentro da embarcação, mas já era muita água.

Não deu certo. E, no desespero, uma nova ordem: encalhar a corveta pra evitar o naufrágio.

A praia da Conceição é provavelmente a praia mais tranquila próximo do ponto onde a corveta bateu. A ideia era tentar encalhar ela, ver se dava pra ajeitar ela e levar pra outro ponto.

Com o casco rasgado, o hélice quebrado, os painéis em curto e só um motor funcionando, a corveta Ipiranga ziguezagueava sem controle. Afundou. E neste lugar, mais uma vez, a equipe do Globo Mar amarrou o barco para mergulhar.

A programação de mergulho na corveta inclui entrar no naufrágio e isso é algo que no mergulho técnico é conhecido como penetração. Mas para isso é preciso planejar tudo direitinho, justamente pra ninguém se enroscar, ninguém se perder. É um labirinto, um labirinto enferrujado, dentro d’água,  a 60 metros de profundidade.

No dia seguinte, mudança na rotina. A equipe deixou o porto quando os outros barcos já estavam de volta.

É a hora do por do sol. A equipe está exatamente esperando cair a noite para fazer um mergulho noturno. É um mergulho razoavelmente complicado durante o dia, à noite exige um pouco mais de atenção. Atenção. E muito mais planejamento.

À noite, o olhar se limita ao facho das lanternas. E a imaginação se encarrega de ampliar o foco. A sensação é de entrar num navio fantasma. A vida noturna é agitada no fundo do mar.

O coral ‘desabrocha’, para capturar alimentos com os pólipos, esses cílios, que se abrem só no escuro. E vira prato cheio para os peixes que ficam acordados para devorar essa turma que só sai de noite.

Essa é a história da corveta Ipiranga V-17: um desastre, uma infelicidade que se transformou na alegria dos mergulhadores. E que agora todos torcem para não perder de novo.

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21 Respostas para “Globo Mar mergulha para visitar navio naufragado há 30 anos”

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  1. 2
    Anderson:

    Linda a historia da corveta com certeza um dos melhores naufragios do mundo um dia com certeza vou ter experiencia e a oportunidade de conhece-la em seu descanso parabens a todos pelo episodio q nos emociona a todos amantes ou nao do mergulho e tbm da natureza.

  2. 3
    Mario:

    Parabéns a toda equipe, sugiro uma matéria na costa dos corais em Alagoas, um espetáculo da natureza.

  3. 4
    jose alves:

    melhor só ao vivo, é de apaixonar.

  4. 5
    André Araújo:

    Vou repetir aqui o postei ontem no meu FaceBook, após assistir o Globo Mar: “Globo Mar” de hoje espetacular !!!
    Mostrou a CORVETA IPIRANGA, um dos naufrágios mais legais do mundo e, seguramente, um dos melhores mergulhos do Brasil.
    #Noronha #Dive

    PARABÉNS!!!!

  5. 6
    Roberta:

    Só quem já foi sabe realmente o que é!!!! Corveta Ipiranga: apaixonante!!!

  6. 7
    Johnny Saci:

    Olá Pessoal da Globo
    Sou de Antonina/Pr. e gostaria que vcs mandassem um recado para o Samuel “samuca” que a cidade inteira de Antonina assistiu a reportagem e ficamos felizes em ver o amigo no paraíso.
    Samuca, qualquer dia apareço por aí.
    Um grande abraço, Johnny Saci

  7. 8
    damasio da costa:

    muito bem feito,deveria durar mais tempo.

  8. 9
    adriely da silva vicente:

    Parabéns para toda equipe, vocês merecem.
    É tudo muito lindo, gostei por demais!!!

  9. 10
    Adriely:

    É tudo muito lindo, gostei por demais!!!

  10. 11
    Rodrigo:

    Que imagens, que reportagem !!! Parabéns a toda a equipe por esse lindo trabalho !!! Abç, Rodrigo.

  11. 12
    Eduardo Boechat de Magalhães:

    O programa sobre a corveta Ipiranga foi muito legal, pena que o Comandante Luiz Rezende de Queiroz ,meu avô, o qual foi Comandante da mesma por 02 anos ,antes de seu naufrágio, tendo feito mais de 20 viagens a Fernando de Noronha não tenha sido lembrado.

  12. 13
    Igor Santos:

    Gostaria de ter assistido, sou de Aracaju e foi nessa corveta que meu irmão estava presente no momento do naufrágio LGS( Iniciais do nome do meu irmão) e ele só teve apenas 1 minuto para ligar para minha mãe não ficar preocupada quando fosse parar no fantástico o naufrágio.
    Parabéns pela reportágem!!

  13. 14
    Marcello:

    Muito boa a reportagem. Gostaria de saber quem era o comandante e quantos eram na tripulação.

  14. 15
    Daniel-BH:

    Fernando de Noronha é um paraíso! Conheci em fevereiro passado e já estou voltando em agosto! Parabéns ao Samuca, ao Jorjão e a todo o pessoal da Águas Claras. O Globo Mar na Corveta Ipiranga foi realmente SENSACIONAL. Não sou o Ernesto Paglia, mas ainda vou mergulhar neste naufrágio único e maravilhoso.
    Abraços. Daniel Cateb (BH)

  15. 16
    Júlio:

    Um trabalho espetacular do Ernesto, coisas jamais vistas só em Noronha, espero que seja assim conservada e que piratas não tenham assistido essa matéria. Parabéns.

  16. 17
    Terêncio Queiroz:

    Maravilhosa esta reportagem com este naufrágio e toda a história que o circunda, parabéns mais uma vez a todos desta equipe e minha sugestão seria uma temporada cada vez maior durante o ano na grade de programação global, pois não temos em canal aberto um programa tratando de assuntos marítimos como este atualmente.

  17. 18
    Guto Backes:

    Um trabalho espetacular, melhor; só se estivesse junto.
    Sugiro uma reportagem sobre os q trabalham para guardar e manter embarcações (Marinas)

  18. 19
    Solange:

    Adorei!!! Estava de férias em Noronha quando passou o programa. Maravilhoso, este programa é show, e Noronha é um paraíso.

  19. 20
    paulo cesar santanna da silva:

    eu era marinheiro na época do naufragio,estive no local varias vezes,ao ver o globomar passou um filme em minha cabeça,muito bom.

  20. 21
    DIVANIL PAIVA:

    SIMPLESMENTE DIVINO…..ESSE PROGRAMA FAZ FALTA NA TV!

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