Globo Mar mergulha para visitar navio naufragado há 30 anos
O Globo Mar visita águas pernambucanas. A cerca de 400 quilômetros da costa, e a apenas 2,5 quilômetros do arquipélago de Fernando de Noronha, 30 anos atrás aconteceu um naufrágio. Afundou um navio da Marinha brasileira, uma corveta chamada Ipiranga. E hoje ela está no fundo, a 60 metros de profundidade. E quis o destino que ela ficasse bem de pé. Isso faz do naufrágio da corveta Ipiranga um dos lugares mais bonitos pra se mergulhar no Brasil e em todo mundo.
A última viagem da corveta aconteceu em outubro de 1983. Sua missão era levar a carga mensal de suprimentos do Recife até o distante arquipélago de Fernando de Noronha. Quando estava quase chegando. O desastre. O navio bateu num rochedo na ponta sudoeste de Noronha.
O primeiro mergulho da nossa equipe vai ser justamente junto à rocha que deu fim à corveta Ipiranga. A água transparente do arquipélago cerca as rochas de azul. Um espetáculo belo e perigoso.
O paredão encravado no meio do mar muda a correnteza e cria uma turbulência esquisita. A gente tem que seguir o truque dos peixinhos: se deixar levar, tomando cuidado pra não ser jogado contra a pedra. Além da pancada, tem outro problema – o tapete alaranjado, que dá um colorido especial ao rochedo, queima que é uma beleza. Isto é coral de fogo. O nome já diz tudo.
A água clara de Noronha não esconde o cabeço. O problema é que a carta náutica daquela época, ou seja, o mapa no qual o pessoal da Marinha se baseia pra fazer suas navegações estava com erro. Um erro crucial.
Em busca de uma explicação pra esse erro, a equipe do programa foi à terra firme.
No mesmo local de onde, há 30 anos, viu a corveta afundar, o suboficial Augusto explica porque acha que o comandante da corveta foi traído pela carta náutica.
Mas há outra questão: por que a corveta se aproximou tanto da ilha? Em Noronha, se diz que o comandante mudou a rota para investigar uma pista histórica.
O comandante queria ver se achava um navio de Américo Vespúcio. Então saiu da rota. O primeiro registro de Fernando de Noronha é de 1503, quando Américo Vespúcio com sua frota passou por lá. E uma de suas naves afundou em Noronha.
Em vez de naufrágios históricos, o comandante encontrou pela frente o cabeço da sapata. E o navio dele acabou virando um naufrágio.
Descemos rapidamente na imensidão azul. A cerca de 20 metros de profundidade, a corveta já começa a se revelar. Imponente, de pé, como se nunca tivesse desistido de navegar. O canhão de proa só faz mira no azul infinito. Todo pintado pelos seres marinhos que se instalaram lá ao longo de 30 anos.
A corveta Ipiranga mede 56 metros. A largura, ou a “boca”, como dizem os marinheiros, é de quase dez metros.
Na lateral do casco, a gente vê um dos rasgos feitos pela pedra. Ernesto Paglia mede. São dois palmos, pouco mais de 40 centímetros. Mas, enterrados na areia, há buracos muito maiores. A equipe entrou na sala de comando, o passadiço. Está tudo lá. A bússola, o telégrafo, o rádio.
Hora de subir. É o momento mais perigoso. Vai levar quase o dobro do tempo que ficamos lá embaixo.
Uma barracuda, carnívora, curiosa, se aproxima. As águas-vivas dão um show de luz.
O mergulhador de apoio leva pra equipe garrafas com ar enriquecido com oxigênio. É um recurso para dar mais segurança e acelerar a descompressão. Mesmo assim, a subida é devagar.
A equipe volta ao porto de Santo Antonio, em Fernando de Noronha. O mesmo lugar onde, naquela manhã de outubro de 1983, a corveta Ipiranga era ansiosamente aguardada por dezenas de moradores. Entre eles, o jovem Jorjão. Agora, nosso experiente comandante.
A notícia do acidente chegou ao porto levada por um pescador, o Bita. Que hoje está a bordo conosco. Marenga, outro pescador “da antiga”, também estava no porto à espera da corveta que não chegava.
Primeiro, o comandante da corveta pediu a ajuda do Marenga e de outros mergulhadores da ilha para tentar tapar os buracos e eles ficaram naquela luta pra poder tirar a água de dentro da embarcação, mas já era muita água.
Não deu certo. E, no desespero, uma nova ordem: encalhar a corveta pra evitar o naufrágio.
A praia da Conceição é provavelmente a praia mais tranquila próximo do ponto onde a corveta bateu. A ideia era tentar encalhar ela, ver se dava pra ajeitar ela e levar pra outro ponto.
Com o casco rasgado, o hélice quebrado, os painéis em curto e só um motor funcionando, a corveta Ipiranga ziguezagueava sem controle. Afundou. E neste lugar, mais uma vez, a equipe do Globo Mar amarrou o barco para mergulhar.
A programação de mergulho na corveta inclui entrar no naufrágio e isso é algo que no mergulho técnico é conhecido como penetração. Mas para isso é preciso planejar tudo direitinho, justamente pra ninguém se enroscar, ninguém se perder. É um labirinto, um labirinto enferrujado, dentro d’água, a 60 metros de profundidade.
No dia seguinte, mudança na rotina. A equipe deixou o porto quando os outros barcos já estavam de volta.
É a hora do por do sol. A equipe está exatamente esperando cair a noite para fazer um mergulho noturno. É um mergulho razoavelmente complicado durante o dia, à noite exige um pouco mais de atenção. Atenção. E muito mais planejamento.
À noite, o olhar se limita ao facho das lanternas. E a imaginação se encarrega de ampliar o foco. A sensação é de entrar num navio fantasma. A vida noturna é agitada no fundo do mar.
O coral ‘desabrocha’, para capturar alimentos com os pólipos, esses cílios, que se abrem só no escuro. E vira prato cheio para os peixes que ficam acordados para devorar essa turma que só sai de noite.
Essa é a história da corveta Ipiranga V-17: um desastre, uma infelicidade que se transformou na alegria dos mergulhadores. E que agora todos torcem para não perder de novo.
19 abril, 2013 as 2:05 am
Linda a historia da corveta com certeza um dos melhores naufragios do mundo um dia com certeza vou ter experiencia e a oportunidade de conhece-la em seu descanso parabens a todos pelo episodio q nos emociona a todos amantes ou nao do mergulho e tbm da natureza.
19 abril, 2013 as 7:36 am
Parabéns a toda equipe, sugiro uma matéria na costa dos corais em Alagoas, um espetáculo da natureza.
19 abril, 2013 as 10:30 am
melhor só ao vivo, é de apaixonar.
19 abril, 2013 as 11:01 am
Vou repetir aqui o postei ontem no meu FaceBook, após assistir o Globo Mar: “Globo Mar” de hoje espetacular !!!
Mostrou a CORVETA IPIRANGA, um dos naufrágios mais legais do mundo e, seguramente, um dos melhores mergulhos do Brasil.
#Noronha #Dive
PARABÉNS!!!!
19 abril, 2013 as 12:24 pm
Só quem já foi sabe realmente o que é!!!! Corveta Ipiranga: apaixonante!!!
19 abril, 2013 as 12:30 pm
Olá Pessoal da Globo
Sou de Antonina/Pr. e gostaria que vcs mandassem um recado para o Samuel “samuca” que a cidade inteira de Antonina assistiu a reportagem e ficamos felizes em ver o amigo no paraíso.
Samuca, qualquer dia apareço por aí.
Um grande abraço, Johnny Saci
19 abril, 2013 as 1:20 pm
muito bem feito,deveria durar mais tempo.
19 abril, 2013 as 2:22 pm
Parabéns para toda equipe, vocês merecem.
É tudo muito lindo, gostei por demais!!!
19 abril, 2013 as 2:40 pm
É tudo muito lindo, gostei por demais!!!
19 abril, 2013 as 9:40 pm
Que imagens, que reportagem !!! Parabéns a toda a equipe por esse lindo trabalho !!! Abç, Rodrigo.
19 abril, 2013 as 11:28 pm
O programa sobre a corveta Ipiranga foi muito legal, pena que o Comandante Luiz Rezende de Queiroz ,meu avô, o qual foi Comandante da mesma por 02 anos ,antes de seu naufrágio, tendo feito mais de 20 viagens a Fernando de Noronha não tenha sido lembrado.
20 abril, 2013 as 10:47 am
Gostaria de ter assistido, sou de Aracaju e foi nessa corveta que meu irmão estava presente no momento do naufrágio LGS( Iniciais do nome do meu irmão) e ele só teve apenas 1 minuto para ligar para minha mãe não ficar preocupada quando fosse parar no fantástico o naufrágio.
Parabéns pela reportágem!!
20 abril, 2013 as 3:58 pm
Muito boa a reportagem. Gostaria de saber quem era o comandante e quantos eram na tripulação.
20 abril, 2013 as 5:10 pm
Fernando de Noronha é um paraíso! Conheci em fevereiro passado e já estou voltando em agosto! Parabéns ao Samuca, ao Jorjão e a todo o pessoal da Águas Claras. O Globo Mar na Corveta Ipiranga foi realmente SENSACIONAL. Não sou o Ernesto Paglia, mas ainda vou mergulhar neste naufrágio único e maravilhoso.
Abraços. Daniel Cateb (BH)
20 abril, 2013 as 8:29 pm
Um trabalho espetacular do Ernesto, coisas jamais vistas só em Noronha, espero que seja assim conservada e que piratas não tenham assistido essa matéria. Parabéns.
20 abril, 2013 as 10:31 pm
Maravilhosa esta reportagem com este naufrágio e toda a história que o circunda, parabéns mais uma vez a todos desta equipe e minha sugestão seria uma temporada cada vez maior durante o ano na grade de programação global, pois não temos em canal aberto um programa tratando de assuntos marítimos como este atualmente.
22 abril, 2013 as 10:46 pm
Um trabalho espetacular, melhor; só se estivesse junto.
Sugiro uma reportagem sobre os q trabalham para guardar e manter embarcações (Marinas)
25 abril, 2013 as 1:16 pm
Adorei!!! Estava de férias em Noronha quando passou o programa. Maravilhoso, este programa é show, e Noronha é um paraíso.
28 abril, 2013 as 6:01 pm
eu era marinheiro na época do naufragio,estive no local varias vezes,ao ver o globomar passou um filme em minha cabeça,muito bom.
3 setembro, 2013 as 8:48 pm
SIMPLESMENTE DIVINO…..ESSE PROGRAMA FAZ FALTA NA TV!