Globo Mar

O primeiro Globo Mar a gente nunca esquece. Sou editor do Jornal Nacional. E recebi o convite com muito entusiasmo. Na verdade, era um sonho antigo: sempre gostei do mar e gravar um programa juntando três paixões ( jornalismo , TV e mar ) seria o máximo. O desafio: encontrar os meros , peixe gigantesco que andava sumido das costas brasileiras e que agora, por causa de um projeto que começou na Universidade Federal do Paraná , estava dando o ar da graça perto dos chamados recifes artificiais ( peças de concreto jogadas no mar para recuperar a fauna e a flora marinha). Vamos nessa, encarar o peixão!

Partimos de Caiobá, litoral do Paraná. A equipe formada por Ernesto Paglia, a dublê de editora de imagens e produtora, Gisele Machado, os repórteres cinematográficos Dennys Leutz e Fernando Calixto, os técnicos Fábio Fernandes e Marcílio Menezes, o operador de áudio Leandro Araújo e o professor da Universidade Federal do Rio, nosso consultor, Marcelo Vianna.

Minha primeira preocupação: será que vou enjoar. Sim, caros amigos, pra fazer parte da tripulação do Globo Mar, lição número um, é necessário ter estômago ou melhor, não ter….porque o nosso meio de transporte balança, balança e balança. Um sobe e desce tresloucado. E de saída, encaramos uma lancha da equipe de mergulho que ia nos acompanhar que cortava o mar, com muita velocidade. A lancha pulava e pulava. Chacoalhava e chacoalhava.Balançava e balançava… Sei lá, mesmo que eu encontre todos os sinônimos da língua portuguesa, vocês não vão conseguir entender  o que é essa experiência. Só sentindo ou melhor, quicando….Mas todos resistiram bem.E o Paglia fez o primeiro mergulho. O mico ficou por minha conta… Experimentei um mergulho de snorkel em alto mar. Garoto “esperrrto”, menino de praia, não teria problema… mas descobri que em alto mar, as ondas batendo se tornam um balanço aflitivo. Entra água no respirador, os braços batem, os pés batem mas o corpo não sai do lugar. Com o tempo, os pés de pato se tornam pés de jaca para quem não consegue deslizar na água. Ficou comprovado: Como mergulhador, sou um bom editor e olhe lá….voltei para o barco sob apupos e risos da galera. Minha aventura durou poucos minutos…Mas o mico ainda vai permanecer por muito tempo!

Paglia retornou entusiasmado do encontro com o Mero…Partimos e depois de navegar num barco em que havia um furo,  tampado com saco plástico, voltamos para o nosso lar, o barco Escorpião. No arquipélago dos Currais, uma experiência inesquecível: milhares, milhares e milhares de pássaros. Num dos extras do programa vocês vão acompanhar o Paglia e o professor Marcelo num passeio em volta das ilhas. Demais!

Depois dos meros e dos recifes artificiais, o Escorpião chegou a Ilha do Mel. O programa mostrou curiosidades deste paraíso localizado na baía de Paranaguá. A ilha já esteve ameaçada de ser partida em duas e agora, está , vamos dizer assim, engordando… Claro que a ilha tem um farol e , claro, que tínhamos que subir até lá para curtir a bela paisagem e entender esse regime de “engorda” da ilha……Degraus, carrega o equipamento, degraus, sol quente, degraus, olha o tripé, degraus, segura a câmera, degraus…..ufa, chegamos lá e a vista foi uma recompensa. Lição número dois: quem é do Globo Mar também tem que ter resistência para encarar os sobes e desces das ilhas e dos seus distantes e altos faróis….

Quem visita a Ilha do Mel é apresentado ao mistério da Gruta Das Encantadas…Muitas lendas cercam a tal gruta… Eu confesso ! Sonhei com as Encantadas ! E quem não sonharia, diante de tanta beleza, sol, mar, céu azul etc…

E por último, recebemos um sopro de paixão. Não, não foi de nenhuma sereia e nem de nenhuma Encantada….Foi de uma pessoa entusiasmada com o que faz. Conhecemos a doutora Camila, bióloga e estudiosa dos botos que atravessam os mares dessa baía. A moça não para de tirar fotos. Algumas estão nessa página. É a forma que ela usa para identificar esses simpáticos mamíferos e estudar o comportamento deles na região. Mas o que nos impressionou foi a emoção dela quando aconteceu uma cena na praia onde um golfinho pegou um peixe no ar. É um retrato perfeito do sentimento que valoriza o trabalho de cada dia. Aliás, um sentimento que se renovou dentro de mim nesta viagem pelo Globo Mar. E que coloquei na mochila do meu coração para novas aventuras. Eu espero que vocês tenham curtido o programa. Posso garantir que foi feito com muita paixão.

Ah! E se você quer entender o título deste artigo, não perca o vídeo…… Ele explica tudinho, menos como eu consegui sentar na janelinha. Ah ! Esse é mais um segredo que ficou na Gruta das Encantadas…

Bons ventos !

Marujo Ricardo Pereira

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