DA SÉRIE CONFISSÕES INCONFESSÁVEIS – 1
1: Um OVNI na boca do astronauta
Pode ter sido uma ilusão de ótica, mas tive a clara, nítida e inarredável impressão de que testemunhei uma cena estranha, em Brasília, durante a gravação de uma entrevista com um astronauta que pisou na lua: a arcada dentária superior do herói do espaço se moveu ligeiramente para frente, em meio a uma resposta.
Palpite :não eram dentes naturais. Dente não sai do lugar. Se os dentes se mexeram em bloco, o herói do espaço usava dentadura.
Há quem veja OVNIs no céu. Vi um OVNI – objeto voador não-identificado – logo ali, na boca do astronauta que pisou na lua.
O nome do herói do espaço era Edgard Mitchell, um dos astronautas da Apolo 14.
Ah, Nossa Senhora do Perpétuo Espanto, perdoai a indiscrição.
2: O bafo do Prêmio Nobel
Que as musas da literatura me perdoem, mas vou cometer uma indiscrição inútil, banal, desnecessária e dispensável : o Prêmio Nobel de Literatura José Saramago exalava mau hálito quando me deu uma entrevista no Copacabana Palace.
Pronto. Contei.
Agora, disfarço, olho para o chão, saio da sala de fininho.
3. O chiclete invisível da Dama de Ferro
Tive uma vez a chance (fugaz) de dirigir a palavra à primeira-ministra britânica Margareth Thatcher (em breve, um post sobre o assunto). Vista a dois palmos de distância, a pele do rosto da chamada Dama de Ferro impressionava pela palidez. Os olhos eram de um azul fulminante. Mas um detalhe idiota me chamou a atenção: por alguma disfunção odontológica, compreensível numa senhora de idade, a Dama de Ferro de vez em quando movimentava estranhamente as mandíbulas, como se estivesse mastigando um chiclete invisível. Não era chiclete, óbvio. Era um tique da velhice. O tempo passa.
4.Um mico num quarto de hotel, em nome da fé e dos olhos de Darlene Glória
A atriz Darlene Glória era um símbolo sexual indiscutível nos anos setenta. Brilhou em “Toda Nudez Será Castigada”, a versão cinematográfica que Arnaldo Jabor concebeu para a peça de Nelson Rodrigues. Um belo dia, jogou a carreira para o alto para se converter de corpo e alma à fé religiosa. Virou pregadora fervorosa. Apareceu no Recife para fazer sermões. Fui entrevistá-la, com três parceiros jornalistas.
A musa nos recebeu no quarto num quarto do Hotel São Domingos. Estava linda. Terminada a entrevista, ela me olhou nos olhos e disse: “Eu estou notando, nos seus olhos, que você precisa de Deus!”. Convocou, então, a pequena troupe de entrevistadores a fazer uma oração, em círculo, no centro do quarto. Eu não tinha ido ali para rezar, mas para fazer uma entrevista. Mas não tive como negar o convite. Olhei para o chão e, por ordem da pregadora, comecei a rezar - de mãos dadas logo com quem : com ela, Darlene Glória, minha musa das telas do cinema. Jamais imaginei que um dia estaria de mãos dadas com a musa de Toda Nudez Será Castigada num quarto de hotel. Mas estive, na circunstância mais solene possível.
C´est la vie.
5. Meu ídolo de infância responde : não
Uma das lembranças imbatíveis de minha infância : ver as comédias estreladas por Jerry Lewis nas matinês. Décadas depois, o meu ídolo passa por Londres, para uma curtíssima temporada num teatro. Vi a peça. O Jerry Lewis que subiu ao palco do teatro não fazia concessões ao Jerry Lewis que fazia palhaçadas impagáveis nas telas: nada de contorcionismos impagáveis nos músculos do rosto, nada do ar abobalhado, nada de olhares enviezados. Por um breve momento, fez um trejeito que lembrava o Jerry Lewis do cinema. A platéia veio abaixo. Tento uma entrevista com o homem pelos meios civilizados: um fax para a assessoria. Resposta seca: não, Jerry Lewis não vai dar entrevista ao senhor. Ponto. Sucintamente, o motivo: ele só falaria com jornalistas que escrevessem para o público que pudesse ir ver a peça. Não era o caso de um repórter de um país distante. Brasil ? Não, neca, não interessa. Pode tirar o time de campo.
Tirei.
Acrescentei o verbete “Lewis, Jerry” à minha Enclopédia de Entrevistas Perdidas.
Novas confissões inconfessáveis em breve – ou a qualquer momento, em edição extraordinária.
29 setembro, 2009 as 23:26
___ainda bem que nos alertou que era uma indiscricao inutil e banal, poderia ter tido o bom senso de nao postar tal comentario. Saramago esta alem de coisas menores como o halito, suas letras exalam outros cheiros, aqueles que somente os neuronios reconhecem. (fico devendo a acentuacao).
30 setembro, 2009 as 7:54
Muito bom, tomara que venha logo uma edição extraordinária.
30 setembro, 2009 as 12:07
Moraes, herege. Dessa vez, pelo menos, você tava pensando em Darlene e com a mão ocupada, mas entregue a atividade mais nobre.
30 setembro, 2009 as 16:44
Salve, Geneton.
Olha, confesso que fiquei um tanto decepcionado com seu blog, talvez por estar habituado acessar e encontrar coisas, digamos, mais construtivas, informativas, elucidativas….Enfim, algo mais de acordo com o perfil dos leitores do blog, pessoas que evitam as ditas revistas “populares” (ou seria de fofocas?) e programas televisivos que cujo conteúdo é avacalhar com as pessoas. Me parece que não é essa a proposta do blog.
Sei que não tenho “procuração” para falar em nome dos demais, mas pelos comentários que costumo acompanhar, é possível perceber o perfil dos leitores.
Sinceramente, espero que tenha sido só um “descuido”, pois sua pequena “indiscrição” me pareceu uma grande deselegância com as pessoas citadas.
30 setembro, 2009 as 17:56
Gostei do post. revela como qq pessoa é comum, seja um astronauta, uma ex-mandona de um país, um escritor que apoia o paredón ou qq outra pessoa que seja. Abs
30 setembro, 2009 as 21:48
Reporter é que nem dentista: trabalha olhando pra boca do freguês. rsrsrs
A graça do Jerry Lewis era nas caretas e trejeitos e isso não se entrevista, se mostra, né?! Na verdade GMN você não perdeu nada.
Agora, segurar na mão de Darlene e ir… afff, não tem preço!
30 setembro, 2009 as 23:47
tenho muita vontade de ler o seu blog, deve ser muito interessante. mas me dói na vista esse monte de letra gigantescas e coloridas. não precisa isso. fica a dica.
30 setembro, 2009 as 23:50
Tudo bem, eu não beijaria José Saramago nem mesmo q ele tivesse o melhor dos hálitos. hehehe
Darlene glória num hotel de mãos dadas com você…rezando !!!
Impagável ! Como você segurou o riso???
1 outubro, 2009 as 12:40
Muito engraçado, KKKkkkkkkkkkkk, muito legal, maneiro, coisa de irado mesmo. Aeh, sinistro… Esse jornalismo eh muito gozado, a reportagem do analfabeto na estácio faliu a faculdade, que foi vendida recentemente prum banco, kkk.
1 outubro, 2009 as 14:36
Geneton, primeira vez q entro seu blog… sentiu???
Gostei de vê que continuas fiel a terrinha:” não, necas”, acho que só os Recifenses “antigos” ainda falam assim…
kkkkkkk
2 outubro, 2009 as 16:29
Li tardiamente estes comentarios, mas gostei. As pessoas importantes não fogem as regras das pessoas comuns.
João Leite
3 outubro, 2009 as 8:50
Prazer poder enviar um comentário a “essa coisa investigativa”.
Você é genial. Parabéns pela forma flagrantemente intencional de não parecer erudito (a exemplo do que alguns que com apenas 50% de sua erudição e cultura fariam).
Outra coisa: os mais puritanos que critiquem. Mas acho interessante que seja mostrado o lado pessoal e frágil dos famosos. Ajuda a “terraquaer” os exemplares humanos que a maioria de nós insiste em elevar à altura de semi-deuses.
P A R A B E N S !!!!
Forte abraco!
14 outubro, 2009 as 14:00
Geneton,
Gosto bastante dos seus textos, mas, tendo em mente que mesmo as coisas boas podem melhorar, acho importante comentar que a fonte grande, a caixa alta e o negrito prejudica bastante a leitura. Muitas vezes acabo desistindo de um texto que me parece interessante porque preciso fazer muito esforço (visual) para lê-lo.
Esses dias cheguei a me dar ao trabalho de copiar um de seus textos em um editor de texto e reformatá-lo em um editor de texto para que fique mais legível em um monitor de computador (onde não se aplicam as mesmas regras de um texto impresso).
Enfim, espero ter ajudado.
Leonardo