PAUSA PARA MEDITAÇÃO : POR QUE CADA UM DE NÓS DEVE SE OLHAR NO ESPELHO TODO DIA DE MANHÃ E DIZER “PATÉTICO!”
“O que é que você vai cantar ? ” – grita o apresentador imaginário do meu programa mambembe de TV. “Nada, nada, nada. Mas prometo fazer perguntas”.
É a única promessa que o DOSSIÊ GERAL/O BLOG DAS CONFISSÕES pode fazer de público: perguntar.
E, claro, agradecer: o recém-inaugurado DOSSIÊ GERAL não pode deixar de dizer obrigado a todos os que se deram ao trabalho de ler e comentar o primeiro post. É o que chamo de “multidão incalculável”. Thank you very much indeed! Prometo sangue, suor e lágrimas daqui pra frente : indiscrições, confissões, revelações que vi e ouvi por esse tempo todo.
A cena: Nélson Rodrigues observa, em silêncio, o repórter Joel Silveira dedilhando o teclado da máquina de escrever. De repente, pronuncia a palavra que Joel guardaria para o resto da vida
A quem interessar possa, o autor do blog declara, desde já, que se considera patético.
“….Mas patético ?” – há de perguntar o comentarista sentado na quarta cadeira da primeira fileira. “Para que tanta autoflagelação ? Isso é ridículo! “.
Não é autoflagelação nem falsa modéstia. É apenas uma lição que aprendi de um dos meus mestres: o Dr. Joel Silveira, o maior repórter brasileiro. Ponto. Parágrafo.
A cena: Joel Silveira estava numa redação de jornal, cem por cento compenetrado diante do teclado da máquina de escrever. Os neurônios ferviam em busca da frase perfeita.
Quem visse o ar circunspecto de Joel imaginaria que ele estava cometendo uma obra-prima universal, um esplendor que faria ”A Montanha Mágica” parecer um amontoado lastimável de sujeitos,verbos e predicados.
De repente, Nelson Rodrigues faz uma aparição. Sem pronunciar uma palavra, fica admirando, à distância, o embate de Joel com o teclado. Os dois trabalhavam no mesmo jornal. Depois de contemplar a cena em silêncio, Nélson Rodrigues pronuncia a palavra que ficaria guardada para sempre nos tímpanos de Joel:
- “Patético !”
Em seguida, bate em retirada. Deixou atrás de si o eco produzido por oito letras : “Patético !”. Joel – um grande jornalista que tinha a imensa virtude de não se levar cem por cento a sério – aprendeu a lição: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são… patéticos!
Um ritual diário diante do espelho: o antídoto perfeito contra o pecado da pretensão e da vaidade
A consciência de que, em última instância, somos todos patéticos serve de antídoto contra um veneno mortal : o da pretensão. Que se diga: a pretensão descabida e a vaidade delirante são duas doenças que acometem, com incrível frequência, esta raça esquisita – a dos jornalistas.
Só há um remédio: repetir a palavra “patético!” até que as mandíbulas se cansem. Não é, portanto, um exercício estúpido de autoflagelação : é um belo ritual purificador.
A humanidade daria um salto de qualidade se todos os bípedes humanóides pronunciassem todo dia, logo cedo, diante do espelho, a palavra mágica : “Patético!”, “patético!”, “patético!”.
O DOSSIÊ GERAL faz questão – portanto – de iniciar os trabalhos cumprindo o grande ritual de purificação : olha-se no espelho, diz “patético !” e vai para a luta.
Velas ao mar!
A SEGUIR: O RELATO DE UM ENCONTRO COM UM SOLDADO NAZISTA
1 setembro, 2009 as 0:17
Geneton, vem coisa boa por aí. Eu, se fosse dizer algo, diria a verdade, nunca me olho no espelho. Mas acompanho a tempos suas reportagens (são reportagens?), e vale a pena.
O Brasil faz apartheid cultural e visual com a Guiana (inglesa e hindú) e, um pouco menos com o Suriname. Parece que
as baladas Belém-Paramaribo estão quentes agora. A Guiana francesa é o último pedaço colonial na América de um mundo que desapareceu. Dizem que Jânio Quadros queria ‘anexá-las’. Quando a família real portuguesa fugiu para o Rio, o regente D. joão mandou ocupar Caiena e
‘o Uruguay’, que assim ficaram..bastante tempo – bem, Caiena até o infortúnio final do ‘Imperador dos Franceses’ (1815). Agora que tudo ‘é evangélico’ que tal dar
uma ‘espiadinha por lá’? É nossa américa, e a presença
brasileira não precisava….ser NULA.
1 setembro, 2009 as 0:19
…acompanho ‘há tempos’…perdão garoto.
1 setembro, 2009 as 9:03
Geneton vc tem ótimas visões e somospateticos em diversas ocasiões, abraços…
1 setembro, 2009 as 15:33
Caro jornalista, vou seguir o seu conselho, embora já me ache patética faz tempo, só não tenho tempo de constatar isso diariamente no espelho. Aliás, acho que o mundo tb anda patético.
2 setembro, 2009 as 0:42
Caro Geneton,
Que alegria saber que agora vamos poder beber direto da fonte. Isso é que é jornalismo!
abs e sucesso
Jorge
2 setembro, 2009 as 14:08
Geneton … a mesma sábia recomendação deve ser estendida a outros titulares absolutos da vaidade …. em especial cito aqueles com quem lido diariamente: advogados, juízes, promotores de justiça. Espelho, espelho meu: PATÉTICOS!!!!! Somos todos PATÉTICOS!!!
Em seguida … mãos à obra …
Parabéns e sucesso … sempre!
Abs
Marcos
12 setembro, 2009 as 11:14
Sim, somos todos patéticos, até mesmo, quem pensa não ser. Já não temo o ideal de nada, o que posso afimar que já não somos nada de nada. Tudo é comércio, tudo é frustação.
Mais que patético me sinto idiota, tentei mudar tudo, e me perdi por que não tem futuro para começar depois dos 40a. Mas, aquele que se enquadrou antes disso tem um terreno armado. Com isso, estou certa que você já tem seu caminho traçado e na reta certa, não se perdeu, talvés tenha se decepcionado em alguns momentos.
Gostaria de parabenizá-lo por todo o seu trabalho. O último livro que li seu foi “Dossie Moscou” e gostei muito.
Um grande abraços e beijos.
Inté
*Surita
5 abril, 2012 as 16:34
Parabens! Excelente materia, ha tempos nao lia uma materia tao interessante
e surpreendente, eu sempre faço pesquisas, sobre esses personagens da guerra, ridícula de Hitler,
tentando entender o por que, confesso que ainda nao achei a resposta, e é claro que nunca vou achar
porque nao tem resposta para tanta covardia.