Apetite por exercícios
O exercício físico é um dos melhores remédios contra obesidade e certas condições associadas, como a diabetes do tipo 2. Entretanto, os mecanismos por trás dos efeitos gerados pelo exercício, além do aumento do consumo de energia, não são bem conhecidos pela ciência.
Recentemente, um grupo de cientistas mostrou que o exercício físico afeta diretamente um grupo de células nervosas, conhecidas como neurônios hipotalâmicos, envolvidos na regulação do consumo de comida e metabolismo de energia (Ropelle, E. R. e colegas, “PLoS Biology”, 2010).
Os autores do trabalho deixaram ratos obesos, fornecendo uma dieta rica em gorduras. Esse tipo de alimentação alterou os níveis de expressão de dois neuropeptídeos do hipotálamo, envolvidos com a regulação da quantidade de comida consumida. Com esse sistema desregulado, os ratos não se saciavam e continuavam a comer, aumentando o número de calorias por refeição.
Uma sessão de corrida ou natação foi suficiente para inibir a expressão desses neuropeptídeos, reduzindo o tanto de comida que era ingerido. Interessante notar que o efeito do exercício só foi observado em ratos obesos, mas não em animais normais. Esse bloqueio ocorre devido a um aumento de uma molécula anti-inflamatória chamada IL-6 nessa região do cérebro. Aumento de IL-6 induz um tipo de estresse celular em neurônios hipotalâmicos, causando a disfunção observada.
Ao injetar IL-6 diretamente no hipotálamo dos ratos obesos, os cientistas obtiveram o mesmo resultado, restaurando a capacidade de satisfação nesses animais pela diminuição do estresse neuronal. Por sua vez, o efeito da injeção de IL-6 foi bloqueado ao se injetar anticorpos contra IL-6 no hipotálamo. Esse tipo de experimento (ganho e perda de função) serve justamente para mostrar a especificidade de ação de um determinado fator.
Também foi demonstrado que, semelhante àquela sessão única de exercício físico, a atividade física crônica, por quatro semanas, reduziu a quantidade de alimento ingerido e o peso dos ratos, através do aumento de IL-6. Esse efeito foi mais pronunciado no primeiro dia de exercício.
Esses resultados trazem novas pistas na intrincada relação entre inflamação, estresse celular e satisfação alimentar, todos envolvidos diretamente com obesidade. O trabalho sugere que, além da prática de exercício, a modulação dos níveis de IL-6 no hipotálamo deve ser considerada como um alvo em potencial para o tratamento da obesidade.
27 outubro, 2010 as 1:00 pm
Bacana esse estudo, pois ajuda a entendermos como os exercícios físicos ajudam no controle do peso.
Só espero que “esse povo” preguiçoso de hoje não utilize isso para criar uma pílula, ao invés de encarar uma esteira.
Abraços.
25 novembro, 2010 as 9:37 pm
Este post esta fantastico pois mostra o que temos de fazer para dar proteção a nossa saude e nossa preguiça nao deixa parabens