Receita para virar ‘gênio’: 10 mil horas de dedicação apaixonada
Sempre me irritei com a ideia de que existam superdotados, gênios fora-da-curva na população, muito superiores cognitivamente do que a maioria das pessoas. A razão dessa irritação é que eu nunca encontrei uma pessoa que pudesse realmente chamar de gênio. Pessoas cultas, inteligentes sim, mas gênio eu nunca vi.
Foi no meu primeiro ano de pós-doutoramento nos EUA que tive a oportunidade de conhecer cientistas que haviam feito descobertas importantes na biologia, as quais eu admirava. Entre eles, alguns prêmios Nobel. Era um encontro anual, promovido pela fundação Pew, que financiava minha bolsa na época. Iria me reunir pela primeira vez com gênios em potencial. Eu e outros brasileiros estávamos super ansiosos para o encontro.
A possibilidade de encontrar um gênio pela primeira vez me fez perder a timidez e conversar ativamente com diversas personalidades da academia americana, além dos concorridos prêmios Nobel. O sotaque curioso e o fato de ser brasileiro contribuíram para facilitar o entrosamento, afinal já chegamos rotulados de exóticos. Papo vem, papo vai, chego ao final do congresso decepcionado, pois nenhuma daquelas pessoas era um gênio para mim. Não me interpretem mal: os pesquisadores foram excelentes, com uma visão científica e crítica muito mas apurada que a média. Realmente inteligentes, sem sombra de duvida. Gênios, fora-da-curva? Não.
Minha opinião contrastava radicalmente com a de meus entusiasmados colegas, que não paravam de elogiar o quão geniais eram esses caras. Nem ousei verbalizar o que tinha achado com medo de parecer convencido. Pior, podia muito bem ser minha reduzida capacidade mental que não sabia apreciar a genialidade dos geniais. Tudo bem, estava pronto para aceitar o fato e tentar melhorar. Mas acho que a maior razão para essa minha opinião vem do fato de que as pessoas bem-sucedidas em determinadas áreas dominam muito bem apenas a sua arte. No entanto, não demonstram a mesma fluência em contextos diferentes. Durante o papo com aqueles cientistas moleculares, percebi que sabiam tanto de economia quanto eu.
Mais para frente em minha carreira, decidi organizar uma série de seminários, com pesquisadores bem-sucedidos. A proposta era ter, por uma hora, o palestrante discorrendo sobre sua carreira, criatividade, como as ideias afloram etc. Consegui financiamento do instituto (na época estava no Salk, em La Jolla) e comecei a convidar as personalidades. O convite era sempre aceito com muita empolgação e curiosidade sobre esse novo conceito de seminário. Durante dois anos, trouxe convidados famosos no meio acadêmico, de Oliver Sacks até diversos Nobéis. Todos brilhantes, interessantes, nenhum gênio.
Recentemente encontrei alguém que pensa parecido. Na verdade, vai além. É um desmascarador de gênios. O autor, Malcolm Gladwell, chegou a escrever um livro sobre isso (Outliers ou “Fora de Série” em Português), onde descreve a história de diversas personalidades “geniais” e como foi que se destacaram em suas respectivas artes sem precisar de um QI anormal. Entre os gênios desmascarados, encontram-se Bill Gates, Mozart e até os Beatles.
O autor explora o conceito da pequena vantagem inicial. Segundo essa ideia, aqueles que foram favorecidos em estágios iniciais de suas carreiras teriam mais chances de ser bem-sucedidos no futuro por causa de um acúmulo gradual de oportunidades. Além disso, o autor aponta duas outras características das celebridades (não no conceito deturpado, coloquial, mas no conceito real, daquele que fez algo célebre). Primeiro, o oportunismo. Bill Gates só conseguiu ser programador na sua época de estudante porque teve acesso a um dos únicos computadores que permitiam programação direta nos EUA.
A outra característica são as dez mil horas de dedicação exclusiva. Lennon e Paul só deram o salto criativo com os Beatles depois de dez mil horas tocando num strip club em Hamburgo nos anos 60. Mozart só tocava música dos outros aos 13 anos, aos 17 era considerado bom, mas só depois dos 23 é que virou um virtuose. Durante os treinos, acumulou as dez mil horas necessárias para o salto qualitativo. A hipótese foi testada com jogadores de xadrez e, aparentemente, funcionou. O “talento” para jogar xadrez como um mestre “aparece” depois de anos de prática exclusiva.
Vale notar que, em todos os exemplos, a vantagem inicial, o oportunismo e as dez mil horas de treinamento não garantem que você se torne uma celebridade instantânea. Existe um algo mais que é essencial. Isso eu aprendi conversando com os palestrantes que vinham contar suas histórias. Posso dizer que a maioria, de uma forma ou de outra, se qualificava no processo de criação de Gladwell. Mas o que faz a pessoa realmente especial é a paixão pelo assunto. A paixão é que faz você passar pelas dez mil horas de trampo como se fosse um hobby. Talvez seja por isso que os gênios só estão acima da média quando o assunto é apaixonante para eles.
Por isso mesmo, acho uma babaquice escolas ou programas para superdotados ou pais que se gabam que o filho começou a ler aos 2 anos de idade, muito antes dos outros amiguinhos. É tão importante assim a leitura dos livros aos 2 anos de idade? O que realmente importa é o que a criança vai fazer com essa vantagem daqui a alguns anos e não com 2, 8 ou 11 anos de idade. Eles ainda vão precisar de uns 20 anos até fazer alguma contribuição especial para a humanidade.
Uma pesquisa nos EUA, que acompanhou a trajetória de vida de crianças com os mais altos QIs de uma geração, mostrou que eles não se deram melhor que o resto. A maioria das pessoas de sucesso tem QI na média da população da sua geração.
Mas talvez realmente existam casos reais de genialidade inerente. A grande variabilidade cognitiva humana permite essa possibilidade. Mas para a grande maioria dos casos, a minha conclusão é simples: aqueles classificados de “gênios” não têm um talento natural, mas uma paixão obsessiva pelo que fazem. A paixão sozinha não vai garantir o sucesso, mas é o primeiro passo. Sem esse amor incondicional por uma atividade, você jamais será classificado como genial.
27 fevereiro, 2014 as 1:20 am
Quer ser um gênio? Seja curioso na área em que quer ser gênio. Saiba cada mínimo detalhe que possa influenciar nos resultados. Esse é o segredo.
8 setembro, 2013 as 7:11 pm
Concordo! Não acho que a palavra “gênio” seja inadequada. Mas concordo que pra ser realmente bom em algo o cara precise se dedicar muito, suar a camisa. O que achei bem curioso foi o estudo da quantidade de horas que se leva pra “masterizar” uma habilidade. Interessante! Se concentrando nisso, todos nós podemos ser especialistas no que desejarmos, se nos dedicarmos com afinco e interesse. Show!
29 agosto, 2013 as 11:45 pm
“Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim…
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.”
Fernando Pessoa
19 agosto, 2013 as 11:29 am
Você está enganado. Da mesma maneira que existem pessoas com défict intelectual, existem pessoas com a inteligência acima da média dos seus pares. Isso é chamado de superdotação. Mas o superdotado é brilhante na área de interesse dele e não nas demais. Isso não significa que ele é um gênio, rótulo que só pode ser dado a uma pessoa que descobriu algo que mudou a humanidade.
23 novembro, 2012 as 2:15 pm
Genio é uma pessoa que sabe quase tudo sobre quase nada
28 janeiro, 2011 as 4:00 pm
OI MEUS AMIGOS , PROCUREM AO ESTUDO DA FACULDADE UFRJ O PROF. FORMIGA , A FISICA QUANTICA, LEON DENIS , GENESE, O LIVRO DOS ESPIRITOS , O INSTITUTOS DE CULTURA ESPIRITA QUE LA VOCES TERAM O ESTUDO PROFUNDO E SAIRAO DOS PORQUES, A UNIAO DA MAIIIIIIIIIIIIIIIIIIS FORÇA. MUITA PAZ. ABRAÇO DE CORAÇAO PARA CORAÇAO. LEIAM OS LIVROS DO PROFESSOR JOSE JORGE.
17 novembro, 2010 as 1:12 pm
Tenho tantas áreas de interesse… Tantas paixões. A ideia de me dedicar a uma coisa somente entedia! A minha paixão é ter paixões paralelas. Tb nunca seria uma gênia… sei de tudo um pouco, mas não sei muito de uma coisa só! O meu Mestrado, que está quase no fim, talvez me faça especialista em alguma coisa! Pensarei mais a respeito! Abraço e sucesso! Descobri seu blog hoje… o título me chamou a atenção!!!!!!!!
12 novembro, 2010 as 11:09 pm
Olá, primeiramente gostaria de parabenizar-te pela pesquisa sobre autismo, com certeza é muito pertinente essa descoberta e trará contribuição imediata na área da Pedagogia.
No momento estou iniciando um estudo sobre o autismo, altas habilidades e inteligências múltipla, para a minha monografia de pós-graduação em Psicopedagogia, e este post me fez lembrar justamente a questão das inteligências múltiplas de Gardner e concordo com o treinamento apaixonante por uma determinada área é o que fará de uma pessoa comum, uma pessoa com um alto nível de refinamento cognitivo, normalmente essas pessoas se destacam numa áera apenas. Eu conheço muita gente assim. Eu me formei no ensino médio aos 15 anos e aos 20 me formei em pedagogia, sou apaixonada por matemática e minha dedicação apaixonante me deu condições para lecionar a disciplina em pré-vestibular para ciências exatas com bastante êxito durante algum tempo. Nunca me formei em licenciatura em matemática, pretendo depois da pós, cursar, mas estudo matemática diariamente umas 7 horas.
Se puderes me enviar algum material sobre essa pesquisa de autistas ou outro material, meu e-mail: [email protected]
Desde já agradeeço,
em Cristo Senhor,
Professora Fabiana Dantas.
8 novembro, 2010 as 10:51 pm
Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiii o comentário!!!!!!!
ah encontrei um “genio”…porém ..sem lâmpada..rsrsrs
8 novembro, 2010 as 5:19 pm
O que é um gênio? Acredito que a maioria das pessoas usa o termo como uma forma de tratamento honorífico, indicando que o merecedor do título mostrou sinais que superam as melhores expectativas do observador.
A impressão geral de seu artigo é que a palavra lhe incomoda particularmente, talvez tivesse expectativas irreais quanto ao que esperar dos outros. A verdadeira pergunta é: o que é ser um gênio para você?
Adoro ficção científica e, é claro, leio muito material categorizado sob o tema, talvez por isto nunca me impressionei com quaisquer avanços tecnológicos que apareceram e duvido muito que consigam me impressionar no futuro, pois consigo imaginar mundos fantásticos que fogem a realidade em diversos aspectos. Pode-se dizer que tenho expectativa irreais quanto ao que esperar dos avanços tecnológicos.
Isto significa que não existem maravilhas tecnológicas só porque não me impressiono? Oras, acreditar nisto é confundir o particular com o universal.Embora seja impossível a nós seres humanos fazer de outra forma, pois só temos acesso ao mundo através das lentes de nossos sentidos, e apesar de estarmos desde sempre limitados em nosso entedimento a nosso cérebro com todas suas particularidades, temos todos a capacidade de discernir que só porque algo assim nos parece, isto não significa que assim o seja.
De que outra forma poderíamos distinguir as pessoas que contribuiram, ou que mostram potencial tal, de maneira singular, utilizando-se de seus dotes intelectuais, para o avanço das áreas do conhecimento humano? Chamar alguém de gênio não precisa ser o mesmo que degradar-se. Atribuir a outrém o vocativo de genialidade apenas indica nossa apreciação pela contribuição ímpar que este proporcionou ou pode proporcionar através de sua percepção excepcional dentro de uma determinada área.
Quanto as crianças superdotadas, concordo em parte se o que você quis dizer que devemos nunca nos esquecer que elas são antes de tudo crianças e que aquele potencial extraordinário percebido precocemente pode ou não se realizar em sua vida adulta, dependendo de diversos outros fatores, como os citados em seu artigo.
12 outubro, 2010 as 1:04 am
Concordo com você, Alysson. Aprendi a ler com dois anos de idade e não sou, nem de longe, o melhor na minha área.
11 outubro, 2010 as 3:46 am
Bom texto.
Só um problema.
Escolas especiais para crianças superdoatadas sao importantes sim.
A criança superdotada em convivio com as demais normais além de normalmente ser excluida socialmente tem no dia dia da escola um experiencia altamente entediante, devido ao fato de acomapanhar e aprender mais rapido que as demais.
Nessa situação a criança acaba apenas regredindo, ou ela se ”finge” de mais burra para melhor se integrar com os colegas ou ela se isola totalmente.
Por isso a necessidade de escola especiais para crianças superdotadas.
10 outubro, 2010 as 10:40 pm
There is no doubt that many people advertised as geniuses are regular like you and me. However, I do believe actual geniality exists. You will be humbled by their presence when you see one, and they will do little wonderful things beyond your 10k hours of dedication. Things that even with an entire lifetime your would not be able to see/judge possible (and yet correct it will be). Even Bill Gates and Steve Jobs are special, but their way is ‘visionary’ and not any less special as you proclaim.
For the time being, save your comments to yourself (Because what you perspire is jealousy).
“Sempre me irritei com a ideia de que existam superdotados, gênios fora-da-curva na população, muito superiores cognitivamente do que a maioria das pessoas. ” (How come a serious science writer type that ? You are envy just because you are not one.. genius, Mr.Postdoc).
8 outubro, 2010 as 6:58 pm
Muito bom esse artigo. Seria um sonho da educação brasileira poder oferecer aos seus educandos oportunidades para que eles nasçam neles a “geniliadade” que todos nó naturalmente temos.
Estudei em ensino público e não tive oportunidade de conhecer mais sobres os planetas porque minha professora dissera que isso não era interessante e que eu voava demais. Quem sabe, eu, não teria sido um Neil Armstrong se essa resposta tivesse sido outra.
6 outubro, 2010 as 2:10 pm
Olá Alysson,
sou aluno de doutorado do instituto de bioquímica médica da ufrj, trabalho com RMN de proteínas. Ano passado participei de um curso da EMBO em RMN, e tive aulas com muitos inventores de técnicas que uso, pessoas as quais eu considerava gênio. E, cheguei a mesma conclusão que vc na sua coluna. Eu me achava estranho por isso, pois não os acho gênios, os acho normais.
um abraço,
carlos
4 outubro, 2010 as 5:40 pm
Muito bom o seu artigo.Casa comigo?
30 setembro, 2010 as 7:00 pm
Este artigo é genial. Concordo em genêro, numero e grau.
27 setembro, 2010 as 9:26 pm
Gostei muito do artigo. A minha pergunta pra você, é: Quem é um “gênio”, na sua opinião?
Gostaria de saber qual a sua refência em genialidade. Acredito que o fato de você nunca ter conhecido nenhum “gênio” em seu caminho é simplesmente porque o conceito de “gênio” que você tem (ou tinha) é de alguém que domina várias áreas, o famoso “inteligente pra tudo”, como a imagem de muitos dos célebres gênios de nosso passado são passadas para nós. E em especial, quanto mais leigos somos em determinados assuntos, mais somos inclinados a pensar que o célebre gênio era muito mais inteligente do que ele realmente era. Principalmente quando nem sequer tivemos algum contato com ele, ou com a sua vida, além de descrições e (com sorte) biografias.
Sob essa ótica, acredito que você nunca vá conhecer nenhum gênio, pois eles não existem.
Gostei muito do comentário sobre as 10000 horas de paixão e dedicação que leva alguém ao sucesso. Isso já foi tema de outros artigos (como Peter Norvig, do google, em 2001, “Teach Yourself Programming in Ten Years”).
Em especial a frase: “Mas para a grande maioria dos casos, a minha conclusão é simples: aqueles classificados de “gênios” não têm um talento natural, mas uma paixão obsessiva pelo que fazem”.
Ainda não tive a oportunidade de ler o livro citado de Gladwell. Acho interessante, só espero que ele não esteja tentando desmerecendo aquelas celebridades como o Bill Gates, como muitos fazem. O fato de que ele foi um dos poucos a ter acesso aos computadores não quer dizer que outros teriam feito o que ele fez. Afinal de contas, já existiam diversos computadores naquela época, bem como cursos de graduação na área. Tenho certeza que ele não foi o único que teve acesso ao dinheiro que seu pai, william henry gates deu pra ele formar a microsoft. A IBM era um império na época e tenho certeza que atraiu muitos funcionários com paixão suficiente para terem as mesmas chances do que ele. Ele no entanto, foi o que enxergou as possibilidades de um sistema operacional único, num momento que a IBM estava pra lançar o PC. E tinha o conhecimento, a inteligência suficiente pra usar os recursos que tinha pra ganhar esse mercado.
Mas o bill gates também era considerado um programador muito bom, inclusive organizava competições com programadores, como o “Storm the Gates”, onde o objetivo era derrotá-lo em programação.
Se ele tinha um QI alto, eu não sei. Se ele teve sorte de ter tudo isso à sua mão, também não sei. Mas que ele teve muita paixão, inteligência e dedicação pra entender e dar conta de tudo o que precisava pra ter sucesso e erguer seu império, ele teve. QI na média? Talvez. Mas quem disse que a medida de QI significa alguma coisa?
23 setembro, 2010 as 9:03 am
Alysson, eu ainda colocaria mais uma característica importante para se tornar “genial”: a capacidade de concentração. Por mais que um assunto possa ser apaixonante, sempre há pelo menos mais uns dois ou três pelo menos quase tão interessantes e que fariam pessoas geniais diluírem esforços. As pessoas que eu admirava (e admiro) do meu tempo de faculdade tinham outros interesses além daquilo que as distinguiam. O humor do Louis Bernard (professor de Genética e Evolução), ou o talento musical do Baku (hoje professor André Vítor) são exemplos.
Abraço!
22 setembro, 2010 as 10:54 pm
KKKKKKKKKKKKKK
Que onda, essa coluna!