Dilma paga pra ver
A presidente Dilma Rousseff decidiu “pagar pra ver”, segundo disse um assessor do Palácio do Planalto na negociação com o PMDB. Nessa estratégia, Dilma vai fortalecer o vice Michel Temer como interlocutor e entregar a ele a tarefa de conquistar a maioria no partido para assegurar a reedição da aliança PT-PMDB com a chapa Dilma-Temer. Isso implica na tentativa de isolamento do líder da bancada na Câmara, Eduardo Cunha, a quem a presidente atribui a articulação da rebelião da bancada peemedebista.
“Vocês sabem qual é o meu problema…”, disse Dilma, no que os interlocutores peemedebistas entenderam ser o líder na Câmara.
Para saber se Dilma venceu ou se foi a bancada na Câmara, na pessoa de Eduardo Cunha, vai ser preciso esperar. Os peemedebistas querem rejeitar o projeto que trata do marco civil na internet, projeto do maior interesse para o Palácio do Planalto, e seguir a oposição, apoiando a criação de uma comissão externa para acompanhar as ações da Petrobras, assunto que o governo não gostaria de ver neste momento em que a empresa é alvo de denúncias de desvio de dinheiro.
Nas conversas com a presidente, os peemedebistas obtiveram o compromisso de que o presidente do PT vai procurar o PMDB para tentar acertar apoios a candidatos do PMDB – no caso. em Goiás e na Paraíba. Mas o maior interesse dos peemedebistas é com o Ceará, onde o líder no Senado, Eunício Oliveira, é pré-candidato e aparece com chances nas atuais pesquisas.
Além do confronto do momento – por indicações para o Ministério e até na composição dos palanques estaduais – o enfrentamento entre PT e PMDB vai mais longe. O PMDB é o maior partido no Senado e o segundo na Câmara, o que lhe garante quase seis minutos de televisão nos programas eleitoras, vale dizer, sua principal força, porque o partido é estruturado para as disputas regionais. Agora o que se vê é o PT tentando deixá-lo para trás (Rio de Janeiro e Ceará são dois exemplos) o que pode colocar em risco o maior patrimônio do partido que é o tamanho de sua bancada.
No momento em que Dilma decide ir para o confronto com o PMDB, afirmando que não vai ceder ao fisiologismo, segundo petistas, Dilma poderá ganhar capital político junto à opinião pública. Seria uma espécie de “reedição” da faxina feita em 2011, quando ela atingiu índices recordes de aprovação popular.