Uma inflexão

sex, 21/02/14
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

O resultado da pesquisa Ibope-Estadão divulgada nesta sexta-feira representa apenas uma oscilação, ou foi uma queda de avaliação ou significa uma inflexão no processo de recuperação da aprovação perdida no auge dos protestos de rua do mês de junho? Qualquer uma das três possibilidades, o resultado é negativo para a presidente Dilma Rousseff. Segundo a pesquisa, de dezembro para cá, a aprovação dela passou de 43% para 39%.

Esse movimento acontece depois de um processo de recuperação de popularidade que começou em agosto e persistiu até o mês de dezembro. Neste período, Dilma, sob a orientação da equipe de comunicação do governo e do marketing da futura campanha, passou a se comunicar mais - aumentou o número de viagens pelo pais e em todas elas a presidente reserva um tempo para falar a emissoras de rádio locais – e também passou a fazer mais pronunciamentos em cerimônias no Planalto ou em viagens.

Nestes pronunciamentos, Dilma tem colocado mensagens preparadas pela equipe de assessores. Entre elas, a de carimbar como “pessimistas de sempre” os que fazem críticas a seu governo.  Nos últimos tempos, ela passou a prometer também que daqui em diante o governo vai “fazer mais”.

Segundo a pesquisa Ibope, Dilma obtem maior aprovação entre os moradores de cidades pequenas de até 20 mil habitantes, entre eleitores mais velhos (com mais de 55 anos de idade); e de menor escolaridade e renda mais baixa e que vivem no Norte ou Nordeste do país.  A situação dela é pior principalmente nas Capitais e entre os eleitores mais jovens, até os 25 anos de idade. Ou seja, naqueles locais onde houve protestos da juventude.

Como todo presidente candidato à reeleição, Dilma tem um conjunto de ferramentas para conquistar o eleitor muito superior a seus adversários neste momento – Eduardo Campos e Aécio Neves. Ela pode fazer pronunciamentos à Nação, viajar pelo país e anunciar benfeitorias e bondades. Ainda assim, no conjunto do país, a aprovação dela anda para trás.

A pesquisa Ibope vai exigir correções na política de comunicação neste período de  pré-campanha. Ou melhor, vai exigir recuperação da economia, uma das fórmulas mais eficientes para a reeleição de um governante.

Se não é igual, é muito parecido

qui, 20/02/14
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

Neste dia em que Eduardo Azeredo renunciou ao mandato, lideranças do PSDB se apressaram a explicar que o caso que ficou conhecido como “mensalão mineiro” nada tem a ver com a Ação Penal 470, o mensalão do PT que levou para a cadeia quatro importantes quadros do partido que hoje está no governo. Primeiro, dizem os tucanos, porque não houve compra de votos (o que, aliás, os petistas também negam ter havido no caso deles), e, segundo porque, ao final, Azeredo perdeu a eleição de 98 para Itamar Franco, portanto, não seria o dono do cofre do governo de Minas. O próprio Azeredo só admite uma semelhança nos dois processos. Tanto quanto Lula, ele também não sabia dos detalhes do financiamento de sua campanha.

De fato há diferenças nos dois casos, mas é inegável que a gênese é a mesma. Inclusive foi a mesma empresa e do mesmo Marcos Valério que criou o modelo para financiamento das campanhas. Na primeira vez, em menor escala, em Minas, em 98; da segunda, já com mais experiência, a campanha nacional de 2002.

Com a renúncia de Eduardo Azeredo o processo poderá voltar à primeira instância e ser conduzido pela Justiça de Minas – isso vai depender do ministro-relator do STF, Luis Roberto Barroso. Ele pode decidir sozinho ou remeter para uma decisão do plenário. E, assim, sair dos holofotes e da imprensa. Mas já está claro que o assunto será tratado na campanha, igualmente. Tanto quanto o PSDB pode atacar o PT ou o PT, agora, atacar o PSDB.

O primeiro sinal disso veio imediatamente. Tão logo o plenário da Câmara foi comunicado da renúncia e o tucano Marcos Pestana discursou em defesa da biografia de Azeredo, o líder do PT, deputado Vicentinho, disse  que o PT espera que o STF analise o processo sobre o tucano ”com lisura e sem o ódio” com que tratou a Ação Penal 470. Ou seja, o PT está cobrando que o STF trate do assunto e não remeta à primeira instância. Seria a garantia de que os holofotes que ficaram acesos na julgamento da AP 470 estariam também ligados agora.

Aos olhos da opinião pública tudo é muito parecido. O pau que deu em Chico, agora dá em Francisco.

Tudo mais ou menos

ter, 18/02/14
por Cristiana Lôbo |
categoria Governo Dilma

A pesquisa feita pelo instituto MDA, divulgada hoje pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra a piora de  indicadores relativos à presidente Dilma Rousseff – a queda na avaliação do governo que ficou em 36,4% , perto do pior momento para o governo, que foi após os protestos de junho, quando a avaliação chegou a 31,3 % de aprovação. Ainda assim, segundo o instituto, se a eleição fosse hoje, Dilma venceria, em qualquer cenário, no primeiro turno. A aprovação pessoal de Dilma (55%) é maior do que a avaliação positiva do governo que ficou em 36,4%.

Segundo a pesquisa, se a eleição fosse hoje, Dilma receberia 43,7% dos votos; Aécio Neves 17% e Eduardo Campos 9,9% dos votos. Chama a atenção, também, o índice de rejeição de Dilma que, a esta altura da pré-campanha, é o maior entre todos os postulantes:  37,3%. Em segundo lugar, vem Aécio Neves com 36%; Marina Silva com 35,5% e Eduardo Campos com 33,9%.

O cenário de piora nos indicadores vem acompanhado de um dado importante: para 77,2% dos brasileiros o custo de vida no Brasil aumentou. Além disso, 75,8% consideram desnecessários os gastos com obras para a Copa do Mundo. A pesquisa mostra, ainda, que 46% dos consultados conhecem alguém que é beneficiário do programa Bolsa Família.

 

Mauro Borges assumirá Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

qui, 13/02/14
por Cristiana Lôbo |
categoria Governo Dilma

Mauro Borges será o novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no lugar de Fernando Pimentel, que deixa o cargo para disputar a eleição para governador de Minas Gerais. Ele é o atual presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Mais uma peça no xadrez da reforma ministerial

seg, 10/02/14
por Cristiana Lôbo |
categoria Governo Dilma

Miguel Rossetto vai voltar ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Esta é mais uma decisão da presidente Dilma Rousseff em andamento da reforma ministerial em curso, para substituir os ministros que serão candidatos às eleições de outubro. Rossetto já foi ministro no governo Lula e volta ao posto para substituir Pepe Vargas. Ele cumpre o requisito mais importante para o cargo nas administrações petistas: é da corrente Democracia Socialista, corrente que comanda a pasta desde o primeiro mandato de Lula.

Ficam ainda a espera de solução outros ministérios, como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, para onde Dilma quis nomear um empresário, mas não conseguiu até agora. Ela chegou a convidar Josué Gomes da Silva, da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar; mas, sem apoio do setor, ele não aceitou. O titular Fernando Pimentel quer a promoção do presidente da Apex, Mauro Borges, mas ainda não conseguiu emplacar. Um nome cogitado é o do ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa.

Para trocar as peças na reforma ministerial, Dilma vai precisar primeiro resolver o impasse com o PMDB que quer uma vaga a mais na equipe. O partido pediu a Secretaria de Portos, mas isso a presidente decidiu que não vai atender. Ela procura um outro ministério porque não quer deixar a pasta nas mãos do PMDB, por causa da influência excessiva do líder da bancada na Câmara, Eduardo Cunha, sobre aquele que vier a ser indicado.

O PMDB terá o Ministério da Agricultura e não gostaria de perder o Ministério do Turismo. Já quis o Ministério da Integração Nacional e gostaria de ter lá o senador Vital do Rego. “A bancada do PMDB do Senado tem muitos nomes, mas na Câmara todos são candidatos em outubro”, diz um auxiliar de Dilma para explicar a demora em encontrar um nome.

Depois de resolver as pendências com o PMDB, Dilma terá de encontrar ainda espaço para o PSD de Gilberto Kassab e para o PTB, que já indicou Benito Gama como o nome escolhido pelo partido para estrear a representação do PTB na equipe ministerial.

Dilma e o PT

seg, 10/02/14
por Cristiana Lôbo |
categoria Eleição 2014

Dilma Rousseff vai hoje às comemorações dos 34 anos do PT e lá deve ouvir o pré-lançamento de sua candidatura à reeleição. Foi num encontro como este que, ano passado, o ex-presidente Lula disse ao partido que Dilma seria a candidata. O objetivo era sepultar o movimento “volta, Lula” que aparece a cada dificuldade do governo. Desta vez, Lula não estará lá. Ele está em viagem aos Estados Unidos, mas, a esta altura, os petistas que antes tinham esperança de ter Lula como candidato já sabem que o partido vai de Dilma. “Em 2018, é Lula”, disse hoje um importante ministro do governo.

A festa do PT acontece após uma semana difícil para Dilma: houve apagão que deixou mais de seis milhões de brasileiros sem energia; uma médica cubana do programa “Mais Médicos” pediu refúgio para permanecer no Brasil; mais dois petistas que condenados no mensalão foram presos (João Paulo Cunha que já até renunciou ao mandato e Henrique Pizzolatto que era dado como foragido da Justiça brasileira) e a cada dia aumenta o número de ônibus incendiados em protestos país afora.

Nada disso, no entanto, esmorece o ânimo dos petistas para a campanha. Na disputa pela reeleição, Dilma vai tentar mostrar realizações do governo. “Tem muita coisa que o governo fez e ninguém sabe”, dizem assessores, citando números de programas como o Pronatec; Minha Casa, Minha Vida; Minha Casa Melhor e de programas na área de educação como o Enem e Fies que beneficiam jovens de famílias com renda mais baixa.

As pesquisas internas do governo mostram que Dilma está muito bem junto ao eleitorado das chamadas classes D e E, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Em Estados como o Ceará, mostram as pesquisas, a aprovação de Dilma é de 75% – lá é um Estado onde o desempenho de Dilma agora é bem melhor do que foi em 2010. Portanto, a candidatura de alguém da região, como Eduardo Campos, governador de Pernambuco, até aqui, não amedronta e não interfere na estratégia do PT. Para os petistas, a união de Eduardo Campos e Marina ajudou Dilma – com um candidato a menos, ela teria, nos cálculos do PT, mais chances de vencer no primeiro turno.

O ponto mais celebrado pelos petistas é que Dilma terá palanques fortes nos estados e, principalmente, muitos partidos aliados, o que vai garantir a ela mais tempo de televisão. E o mais importante: menor tempo para os adversários. “O importante é não errar”, completa um auxiliar.

Pronto para a briga

ter, 04/02/14
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

Se havia alguma dúvida sobre o papel de Eduardo Campos na disputa presidencial deste ano, depois do discurso desta terça-feira no lançamento das diretrizes para a base do programa de governo PSB-Rede ficou claro que ele vai se apresentar como um candidato de firme oposição ao governo Dilma Rousseff. Ao lado de Marina Silva ele disse que o Brasil precisa “voltar aos trilhos” e afirmou que sob Dilma o país pode estar “jogando fora” conquistas obtidas nos últimos anos.

Eduardo Campos diz ter a convicção de que a disputa presidencial será decidida no segundo turno. “É estatística”, diz ele citando número de votos obtidos pelo PT em Estados e por região em eleições passadas para projetar o que pode acontecer este ano. Com Marina na chapa e trabalhando, principalmente, nos Estados do Rio e São Paulo ele vê chances de chegar ao segundo turno.

A esta altura, não há mais dúvida de que ele vai ser o cabeça da chapa da aliança, apesar de Marina Silva demonstrar melhor desempenho nas pesquisas. Isso foi dito hoje por Marina que, perguntada se seria a vice, tentou se esquivar: “Quem escolhe o vice é o candidato”.

Se é assim, Eduardo Campos já escolheu Marina.

Energia entrou na pauta

ter, 04/02/14
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

O consumo de energia no Brasil nesta segunda-feira, 3 de fevereiro,  foi  recorde e superou os 80 mil megawatts. O preço da energia no chamado “mercado livre” também subiu muito, dobrou de preço em três semanas e chegou a R$ 822 reais o megawatt-hora – o que vai elevar, e muito, a despesa do governo para ressarcir as empresas, uma vez que, até aqui, a tentativa é a de não repassar o reajuste ao consumidor. Em 2013, o governo gastou R$ 13 bilhões para garantir o preço da energia e este ano o gasto deve se repetir no mesmo patamar.

Sem chuva e com o verão escaldante em muitas partes do país, o assunto energia vai entrar na pauta da disputa presidencial de outubro. De um lado, a presidente Dilma Rousseff pilota pessoalmente as decisões do governo, sobretudo, nestes momentos mais delicados como hoje depois do apagão que deixou mais de seis milhões de brasileiros sem energia. De outro, os candidatos adversários olhando para o céu para ver se vem chuva e para o preço da energia no mercado livre.  O assunto já está no discurso dos candidatos à presidência.

Aécio Neves, que se opôs à proposta do governo de reformulação do setor, antes da renovação das concessões para empresas energéticas, acusou o governo de incompetência e má-gestão no setor – neste dia de apagão em vários Estados. Eduardo Campos, no fim de uma entrevista em Brasília, recomendou aos jornalistas que lessem mais sobre energia. “Este assunto vai para a campanha”, observou.

Segundo avaliação levada aos candidatos de oposição, será preciso que neste mês de fevereiro chova mais do que em dezembro e janeiro juntos para haver a segurança de que não irá faltar energia. Esta análise indica, ainda, que o governo determinou o uso agora de todas as termelétricas, mesmo que o preço da energia seja mais alto, para economizar o que há de água nos reservatórios. E, assim, ter a segurança de que não vai faltar energia durante a Copa do Mundo.

- No começo de janeiro, o risco de faltar energia era de 3%, mas com a falta de chuva, o risco agora é de 20% – diz o relatório levado à oposição.



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