Uma inflexão
O resultado da pesquisa Ibope-Estadão divulgada nesta sexta-feira representa apenas uma oscilação, ou foi uma queda de avaliação ou significa uma inflexão no processo de recuperação da aprovação perdida no auge dos protestos de rua do mês de junho? Qualquer uma das três possibilidades, o resultado é negativo para a presidente Dilma Rousseff. Segundo a pesquisa, de dezembro para cá, a aprovação dela passou de 43% para 39%.
Esse movimento acontece depois de um processo de recuperação de popularidade que começou em agosto e persistiu até o mês de dezembro. Neste período, Dilma, sob a orientação da equipe de comunicação do governo e do marketing da futura campanha, passou a se comunicar mais - aumentou o número de viagens pelo pais e em todas elas a presidente reserva um tempo para falar a emissoras de rádio locais – e também passou a fazer mais pronunciamentos em cerimônias no Planalto ou em viagens.
Nestes pronunciamentos, Dilma tem colocado mensagens preparadas pela equipe de assessores. Entre elas, a de carimbar como “pessimistas de sempre” os que fazem críticas a seu governo. Nos últimos tempos, ela passou a prometer também que daqui em diante o governo vai “fazer mais”.
Segundo a pesquisa Ibope, Dilma obtem maior aprovação entre os moradores de cidades pequenas de até 20 mil habitantes, entre eleitores mais velhos (com mais de 55 anos de idade); e de menor escolaridade e renda mais baixa e que vivem no Norte ou Nordeste do país. A situação dela é pior principalmente nas Capitais e entre os eleitores mais jovens, até os 25 anos de idade. Ou seja, naqueles locais onde houve protestos da juventude.
Como todo presidente candidato à reeleição, Dilma tem um conjunto de ferramentas para conquistar o eleitor muito superior a seus adversários neste momento – Eduardo Campos e Aécio Neves. Ela pode fazer pronunciamentos à Nação, viajar pelo país e anunciar benfeitorias e bondades. Ainda assim, no conjunto do país, a aprovação dela anda para trás.
A pesquisa Ibope vai exigir correções na política de comunicação neste período de pré-campanha. Ou melhor, vai exigir recuperação da economia, uma das fórmulas mais eficientes para a reeleição de um governante.