O primeiro round
Na primeira pressão, o PMDB venceu: a presidente Dilma Rousseff que há uma semana comunicara a Michel Temer que não entregaria o Ministério da Integração ao partido, porque teria outras legendas a contemplar, nesta quarta-feira recuou e disse que nada está resolvido e que a reforma ministerial está em aberto. E chamou para a conversa o presidente do Senado, Renan Calheiros, o padrinho da indicação de Vital do Rego, o nome do PMDB para a pasta. E, assim, baixou a tensão no PMDB que já ameaçava antecipar a convenção do partido e colocar em dúvida o apoio à reeleição a Dilma Rousseff.
Ninguém no mundo político imagina que o PMDB possa deixar Dilma a esta altura do campeonato. Dilma é a presidente e, segundo as pesquisas, está na frente – é a favorita na disputa. Nem mesmo outros candidatos como Aécio Neves ou Eduardo Campos cogitam levar o PMDB para seus palanques. Mas, na dúvida, Dilma recuou. E o PMDB venceu o primeiro round.
Mas falta vencer a batalha. Embora tenha 39 ministérios, a presidente não dispõe de tantas alternativas assim para acomodar tantos aliados. O PROS, o PTB e o PSD querem vagas em pastas robustas na equipe ministerial. E se mexer numa peça em favor de um partido, Dilma vai sendo cobrada por outro. Sem o PMDB na Integração, a pasta poderia ir para o PROS, partido da família Gomes, partido que já conhece a força da pasta. Ciro Gomes foi o ministro no mandato de Lula. O PTB quer o ministério do Turismo (hoje com o PMDB) e o PSD quer a Secretaria dos Portos, hoje com um interino, mas que também é conhecido da família Gomes. Este é o xadrez que Dilma terá de resolver. Para o Ministério da Indústria e do Comércio, o nome mais forte é de Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente, José Alencar. Ele é filiado ao PMDB, mas o partido considera sua eventual escolha como uma indicação pessoal da presidente e não um representante do partido.
Em suma, o PMDB ganhou o primeiro round. Mas ainda não levou. A presidente ainda precisa encontrar uma solução para acomodar tantos aliados. Uma solução pode ser a transferência de Ideli Salvatti para a Secretaria de Direitos Humanos (pasta que o PT não abre mão de ter o comando) e abre a vaga na Secretaria de Relações Institucionais para onde pode ser indicado algum aliado – do PMDB, por exemplo, que sempre quis ter um ministro com gabinete no Palácio do Planalto. O PMDB não ganharia um ministério com orçamento robusto como deseja, mas teria o ministro que cobra dos colegas a liberação de emendas parlamentares, o que é muita coisa no mundo da política.
**** Só uma curiosidade: o PTB está indicando o ex-deputado Benito Gama para o Ministério do Turismo. Se a indicação emplacar, estarão no Ministério de Dilma dois expoentes do antigo ˜carlismo” da Bahia. Benito Gama e César Borges, ministro dos Transportes. Nos áureos tempos de sua força política no governo Fernando Henrique, ACM conseguiu nomear um ministro – sempre o das Minas e Energia.
16 janeiro, 2014 as 8:35 am
A solução será criar mais algum ministério inútil para acomodar os interesses dos “aliados”. Não importa a competência pra gerir no nosso país, apenas o velho e bom Q.I.
17 janeiro, 2014 as 9:41 pm
É Cristiana, até você escreve uma matéria extensa, sobre todas essas indicações para os ministérios, apenas ligadas a interesses partidários e apoios ligados a campanha política, como se isso fosse uma coisa normal. Você em nenhum momento nem cita o absurdo que se apresenta essa distribuição de cargos, para pessoas sem uma formação específica principalmente na área de cada um desses órgãos governamentais. O que seria em um país desenvolvido, uma coisa óbvia quando se procura a eficiência de gestão e resultados. Quando vejo sua foto com seu rosto sorridente, ilustrando o seu texto redigido de forma tão natural, penso o quão errado está o nosso caminho e infelizmente a que ponto até as “cabeças pensantes” se acostumaram ao descaminho.
17 janeiro, 2014 as 10:51 pm
Cristiana, fico impressionado como você apoia o que deveria criticar. Você tem postura favorável a Dilma, o que é lamentável pois nossa presidente é despreparada para o cargo e somente se preocupa com a política. Fica olhando os problemas de longe e não toma ação para soluciona-los. É como falou no final do ano “O Brasil esta melhor na Saúde, na Economia, na Educação, etc. Ela falou a palavra melhor 21 vezes, mas como ela somente se preocupa com política, não vê que o Brasil esta cada vez pior para o povo. É lamentável ver uma jornalista tomar posição, enquanto nossa nação esta a deriva.
20 janeiro, 2014 as 6:44 pm
Esse é o estilo da Cristiana Lôbo, imparcial. Os fatos já são absurdos por si mesmos, basta relatá-los.
A tal “democracia” que se lê nos livros já não existe no Brasil há muitos anos.