O fator Marina

qui, 03/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Eleição 2014

A presença de Marina Silva na disputa presidencial do ano que vem faz toda a diferença. Por isso mesmo, as atenções do mundo político estão voltadas hoje para a decisão do Tribunal Superior Eleitoral – se vai ou não autorizar a criação da Rede Sustentabilidade.

A importância de Marina na disputa não é novidade. Ela também fez diferença em 2010. Foram os quase 20 milhões de eleitores dela que levaram a disputa para o segundo turno – mas ela não estava lá. E sim José Serra (PSDB), contra a favorita na época, Dilma Rousseff.

As pesquisas feitas até aqui mostram que Marina vai fazer a diferença, mas, ao contrário de 2010, é ela quem está em segundo lugar. Ela já apareceu com 22% das intenções de votos, perdeu um pouco, e agora varia em torno de 16%. Mas nenhum outro concorrente tirou-lhe o segundo lugar. É aí que está o interesse geral pela possibilidade ou não de ela entrar na disputa.

Em conversas reservadas, é claro, petistas torcem para que Marina não consiga viabilizar o Rede Sustentabilidade para disputar a eleição do ano que vem. É que eles sonham em decidir a disputa no primeiro turno – coisa que não aconteceu nas últimas três eleições que o PT venceu.

Contra Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), os petistas acreditam que Dilma possa vencer na primeira rodada. Afinal, nenhum deles é conhecido nacionalmente e, assim, não conquistariam tantos eleitores.

Já os partidos dos candidatos de oposição também preferem não ter Marina no páreo. Aí porque cada um deles imagina que poderá ficar no lugar dela – conquistar a segunda vaga para chegar ao segundo turno. Esses partidos calculam que se Marina tem entre 15% e 20% de intenção de votos é porque este contingente de brasileiros não está querendo continuidade, não pretende votar na candidata à reeleição, Dilma Rousseff. Partidos de oposição dizem que circula entre eles pesquisa mostrando que 63% dos eleitores não estão interessados em continuidade. Daí a brecha para entrarem competitivos na disputa do ano que vem.

As indicações do Tribunal Superior Eleitoral são de cenário adverso para Marina. Vai ser preciso esperar até o julgamento da noite para se saber se ela terá ou não a Rede para disputar a eleição. Mas que há uma torcida contra no meio político, isso há.

Bem, ainda que a decisão do TSE seja desfavorável à Marina, ela ainda terá uma segunda possibilidade: filiar-se a outro partido para disputar a eleição. Mas, neste caso, ela perderia parte de seu discurso – o de que pretende ter um partido diferente para inaugurar uma nova forma de fazer política.

Dia do Fico

ter, 01/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Eleição 2014

José Serra fez o que a maioria dos tucanos imaginava: anunciou que vai permanecer no PSDB. Mais, ele não avançou. Não disse se pretende disputar as eleições do ano que vem, tampouco, a qual o cargo poderia concorrer. Serra havia sido convidado a se filiar ao PPS para ter uma legenda a fim de disputar a presidência da República. Tinha, ainda, como alternativa a possibilidade de ser filiar ao PSD para disputar o cargo.

Ao continuar no PSDB, partido do qual é fundador, Serra mantém seu cacife político em São Paulo. Em tese, ele poderá, em março, buscar apoios de diretórios estaduais dos tucanos para que eles lancem sua candidatura à Presidência. Daí, o partido poderá ser levado a realizar prévias para a escolha do candidato à Presidência. Essa vaga, porém, é dada como certa para Aécio Neves – que já recebeu apoio dos 27 diretórios. E, ainda, da maioria da Executiva nacional. Aécio é o presidente do partido.

Se não buscar mais uma vez disputar a Presidência da República, Serra poderá escolher entre dois caminhos: lutar para se consagrar como candidato ao Senado (aí, terá de disputar a legenda com José Aníbal, o mesmo contra quem disputou e venceu as prévias do partido para ser candidato a prefeito de São Paulo) ou ser candidato a deputado federal. Esta é a preferência de grande parte do PSDB pois, assim, Serra seria uma espécie de “puxador de votos” da legenda no ano que vem.

O PSDB divulgou nota há pouco anunciando a permanência de Serra no partido. Depois de exaltar o papel de Serra no partido, a nota, assinada pelo presidente Aécio Neves, afirma que “ainda não é o momento de definir a candidatura presidencial do PSDB” – embora Aécio tenha sido o protagonista do programa eleitoral do partido, justamente com o objetivo de se tornar mais conhecido no Brasil para melhorar seu desempenho nas pesquisas eleitorais.

“A presença de José Serra em nossas fileiras fornece a nós, tucanos, e aos partidos aliados uma opção de grande dimensão política a ser avaliada no momento e segundo critérios adequados para o sucesso da luta comum”, diz a nota, acrescentando: “O que é certo é que estamos e estaremos juntos.”



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