O discurso de Aécio

qua, 16/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Eleição 2014

De público, Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, diz que a aliança de Eduardo Campos com Marina Silva reforça o campo da oposição e por isso é um fator positivo para sua candidatura. Mas, em conversas com aliados, reconhece que o seu desafio é se manter em segundo lugar na preferência do eleitor. A esta altura, ele avalia, Campos não será mais uma candidatura de “linha auxiliar do governo e do PT”, mas sim de oposição. “Eles vão ter de se afirmar na oposição ao governo”, disse.

Por isso mesmo, o tucano já trata do discurso que fará daqui em diante. Ele pretende se apresentar ao eleitor como um candidato que defende a mudança, é crítico do governo Dilma, mas que vem de um partido que já foi testado e obteve resultados no comando da economia.

“Nós somos a segurança da retomada do crescimento da economia, da estabilidade e do controle da inflação. Nós somos o porto seguro, um partido ousado e de gente moderna”, disse ele a deputados e senadores, na primeira reunião da bancada depois do lançamento da chapa Eduardo Campos e Marina Silva.

Como Campos também já tem feito críticas ao governo, Aécio diz que a campanha de 2014 será diferente das anteriores: não será, segundo ele, uma disputa de legados, mas para discutir o futuro. “Nós somos menos sonháticos e mais pé no chão”, disse.

A esta altura, Aécio revê também a estratégia da campanha. Até aqui, a ideia era a de ter palanques duplos nos Estados – ele e Eduardo Campos com o mesmo candidato ao governo no Estado. Agora, a situação muda. Segundo ele, o PSDB irá ao palanque do tucano e Eduardo ao do socialista – e não mais se apresentarão juntos para o eleitor. Cada partido receberá o seu candidato no Estado.

Isso vai exigir dos dois novas conversas nos Estados. Em Minas, por exemplo, PSDB e PSB pretendiam apoiar o mesmo candidato à sucessão de Antonio Anastasia. Mas, agora, o PSDB deve lançar candidato próprio e o PSB também.

Duelo de mulheres

qua, 16/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

Está claro que o principal embate da campanha presidencial do ano que vem será entre a presidente Dilma Rousseff e a ex-senadora Marina Silva. Duas mulheres de personalidade forte e que decidiram se confrontar nesta corrida presidencial. Marina não perde oportunidade de dar uma alfinetada na presidente; e Dilma não disfarça e retruca. Tem sido assim e deve continuar assim até outubro do ano que vem.

As críticas de Marina começam provocar reações no governo. Nesta terça-feira, a presidente Dilma saiu a público para defender o chamado “tripé da economia”: meta de inflação, meta de superávit e câmbio flutuante. Marina Silva já vem falando sobre o assunto há algum tempo, como uma espécie de “vacina” para afastar eventuais temores de agentes econômicos caso esteja no condomínio vitorioso do ano que vem. Dilma, cujo governo é acusado de maquiar contas públicas, saiu em defesa das medidas.

Outra mudança pode acontecer no campo político. O discurso de Marina é o da renovação, o que ela chama de “aposentar a velha República e fazer a política nova”. O governo e o PT não estão gostando nada de serem carimbados de comandantes da “velha política”. E ensaiam uma mudança de rumo. A primeira decisão foi baixar a ansiedade dos aliados e anunciar que vai ficar para o fim do ano a definição dos palanques de Dilma nos Estados. Muitos destes palanques com aliados apontados como representantes da “velha política”. Um deles, a família Sarney.

Nesta terça-feira, diante de notícias de que Dilma iria apoiar um arquiinimigo de Sarney no Maranhão, o atual presidente da Embratur, Flávio Dino, o Palácio do Planalto se viu obrigado a desmentir. Em nota, o  porta-voz ThomasTraumann, informa que na conversa com o ex-presidente Lula, semana passada, a presidente Dilma “não tratou de preferências sobre a sucessão eleitoral no Maranhão”.  Sarney não gostou. Ele esperava uma nova mais enfática, antecipando o apoio do PT ao candidato do PMDB de Roseana Sarney.

Dilma quer – e está comprometida – com o PMDB para a eleição do ano que vem. Mas o que falta é definir as alianças entre os dois partidos em vários Estados, como Rio de Janeiro, Ceará, Rio Grande do Sul e Bahia, onde os dois partidos já se estranham desde a eleição passada.

Difícil vai ser costurar a aliança sem incluir aqueles que estão sofrendo desgaste perante a opinião pública. E que alimentem o discurso de Marina “contra a velha política”.

Para o PT, tudo bem até aqui…

sáb, 12/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Eleição 2014

O retrato de hoje mostrado pela pesquisa Datafolha é bem animador para a presidente Dilma Rousseff. Ela ganharia no primeiro turno com 42% do votos, se o cenário for o mais provável: tendo como adversários Aécio Neves, com 21%, e Eduardo Campos com 15%. Mas a eleição só vai acontecer daqui a um ano. Hoje, 53% não sabem em quem vão votar e 7% não votariam em ninguém. Portanto, o quadro pode mudar.

É daí que vem a animação do outro lado – de Eduardo Campos e de Aécio. Os dois vão disputar uma eleição presidencial pela primeira vez e hoje são muito desconhecidos do eleitorado. Enquanto 56% dizem conhecer muito bem Dilma Rousseff, 17% dizem conhecer bem Aécio e apenas 8% dizem conhecer bem Eduardo Campos. Desconhecem Aécio 22% dos eleitores e 43% desconhecem Eduardo Campos. Ou seja, os dois têm margem para crescer. Dilma é conhecida por 99% dos eleitores, diz a pesquisa.

Outro dado bastante positivo para Dilma Rousseff: ela venceria a eleição em todas as simulações de segundo turno. Seja contra Marina e Serra, que até aqui não são os candidatos de seus partidos, mas têm melhor desempenho nas pesquisas; ou contra Aécio e Eduardo Campos, os mais prováveis candidatos. Mas um dado da pesquisa deve preocupar os petistas. Em março, Dilma recebia 35% dos votos numa pesquisa espontânea – aquele em que não é apresentada cartela de candidatos aos eleitores. Este número caiu para 16% em junho, época dos protestos de rua. Agora ela recuperou um ponto e apareceu com 17% das intenções de voto. Ou seja, não voltou ao patamar em que já esteve.

Por dentro da pesquisa, há números também reveladores: quando é apresentada a chapa completa – o nome do candidato a presidente e o do vice -, é possível notar que Marina transfere votos para Eduardo Campos e ele transfere para ela. Se o embate for entre Dilma e Michel Temer contra Marina Silva e Eduardo Campos, a presidente chegaria na frente com apenas dois pontos (44% a 42%) no segundo turno; e se a chapa adversária se inverter e ficar Dilma e Temer contra Eduardo Campos e Marina Silva, a diferença seria de 9 pontos porcentuais – 46% dos votos a 37%, uma diferença muito pequena a esta altura da disputa. E, mais importante, mostra que Marina transfere votos para Eduardo Campos. O que pode preocupar ainda mais os petistas: a chapa Eduardo Campos e Marina Silva fica em empate por 41% a 40% na região Sudeste. Ou seja, o forte de Campos não é a região de onde vem, o Nordeste, mas o Sudeste.

O resumo é que o resultado da eleição é imprevisível, com vantagem hoje para Dilma Rousseff. Mas o mais curioso: se o PT mirar em Eduardo Campos e ele acabar deixando a cabeça da chapa do PSB, a troca será ainda pior. Marina hoje teria mais votos do que ele no embate com Dilma Rousseff. Uma diferença de dois pontos, dentro da margem de erro da pesquisa.

Aécio Neves comemorou o resultado da pesquisa, considerando que, no cenário com Dilma e Eduardo Campos, é ele quem mais recebe intenções de voto de Marina (oito pontos percentuais). O presidente do PSDB em exercício, Duarte Nogueira, diz que Aécio se consolida como o candidato de oposição. Os adeptos de Aécio dizem que ele também se consolida internamente, já que José Serra não abre tanta vantagem e ainda tem o maior índice de rejeição.

O PSB, por sua vez, comemora o resultado em dois aspectos – um porque Marina transfere votos para Eduardo Campos e, principalmente, por ele ter ultrapassado a marca dos dois dígitos. “Os anões estão se agigantando e vão acabar com o circo”, disse o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, em referência à declaração do marqueteiro de Dilma, João Santana, que chamou de “anões” os adversários da presidente.

Juntos na TV

seg, 07/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

Eduardo Campos e Marina Silva trocaram vários telefonemas ao longo desta segunda-feira para acertar detalhes do programa do PSB que vai ao ar na próxima quinta-feira. O programa foi finalizado com participações dos dois – e com inspiração no programa do PT de 2010 quando aparecia Lula e Dilma, como num jogral. A idéia agora é mostrar para o grande público a aliança dos dois com o discurso de ”combater a velha política”.

O programa de dez minutos vai mostrar cenas e falas dos dois durante o ato do último sábado em que Marina Silva assinou a ficha de filiação ao PSB. Depois mostrar Campos anunciando “uma aliança programática” com a Rede Sustentabilidade, Marina Silva vai explicar que a Rede “é o primeiro partido clandestino em plena democracia” – ou seja, para explicar que sem o Rede, ela optou por se filiar ao PSB. Os dois vão falar que o objetivo da aliança “é derrotar a velha política”.

A partir deste discurso no programa de TV, Eduardo Campos vai mudar também a estratégia política. Até aqui, ele trabalhou para buscar novos aliados ao PSB. A partir de agora, a estratégia será a da Rede – a de se comunicar diretamente com o eleitor e utilizar cada vez mais as redes sociais e não buscar alianças com outros partidos tradicionais. Eles avaliam que, se a chapa ganhar apoio da sociedade, novos apoios virão naturalmente. A expectativa, porém, é a de que se juntem ao PSB partidos como o PV e o PPS, além da Rede Sustentabilidade, que ainda não tem o registro na Justiça Eleitoral.

Marina Silva já deixou claro nas conversas internas que não pretende carimbar a chapa do PSB como “uma frente anti-PT”, mas sim “contra a velha política de partilha de cargos”. Ela repete o que já afirmara em outras ocasiões: “A idéia é governar com os melhores quadros, sejam eles do PT, do PSDB, do PSB e da Rede”. Por isso mesmo, Marina fez questão de citar tanto Fernando Henrique Cardoso, pela estabilidade econômica, e Lula pelos ganhos sociais.

Por telefone

dom, 06/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

Eduardo Campos telefonou a Aécio Neves, que está em Nova Iorque para participar de um seminário com investidores estrangeiros, para comunicá-lo da aliança com Marina Silva.

Ele explicou que não deu para avisar antes porque tudo aconteceu repentinamente, em reuniões que se estenderam até tarde da noite.

Os dois marcaram um encontro para breve.

Um dia depois…

dom, 06/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

Primeiro foi a supresa, agora é hora da avaliação dos desdobramentos políticos da aliança do PSB de Eduardo Campos com Marina Silva e sua Rede Sustentabilidade. Em conversas reservadas, assessores do Palácio do Planalto afirmam que ao se filiar ao PSB, Marina agiu por “vingança”, por atribuir ao governo ação para impedir o registro do partido Rede. Para Lula, Eduardo Campos demonstrou que está no jogo não para se cacifar para 2018, para para competir já.

De público, petistas desdenham do efeito eleitoral da aliança para a campanha da reeleição de Dilma e afirmam que ficou pior  para o PSDB porque Eduardo Campos pode deslocar o polo oposicionista e atrair o voto que seria dos tucanos. Mas, em conversas reservadas,  avaliam que será preciso adotar um outro discurso para a campanha da reeleição, pois não dá mais para repetir o “nós contra eles”, que norteou a campanha do PT nas últimas três eleições em que venceu porque Eduardo e Marina saíram do campo do PT e os dois foram ministros de Lula. E já se ouve entre petistas, mais uma vez, o discurso do “volta, Lula”, o que não é bom para Dilma Rousseff.

- Menino, onde é que você aprendeu isso? – perguntou, em tom de brincadeira, um tucano a Eduardo Campos depois de concretizada a aliança do PSB com Marina Silva, para reconhecer que o movimento político  mudou o tabuleiro da eleição do ano que vem.

O que todos reconhecem é que foi um fato político da maior importância e que só com  pesquisas será possível saber como o eleitor compreendeu o movimento. “Será que Marina vai transferir para Eduardo Campos seu potencial eleitoral?” questionam tanto petistas quanto tucanos, ainda sem compreender o efeito da nova aliança.

- Estava claro que um adversário iria sair do campo do governo – emendou um aliado do PT.

Para os protagonistas da fato político, o que está sendo feito agora é a “construção política” e não, ainda, uma “construção eleitoral”. Ou seja, é um novo discurso, apregoando a nova política,  e não a soma de votos de dois pré-candidatos. Um petista reconhece a importância da aliança. “É o discurso do novo”, atesta. O PT fez o discurso da nova política quando se elegeu mas, ao longo dos anos de governo, isso foi-se perdendo em função de escândalos que eclodem dentro do governo.

Aliados de Eduardo Campos valorizam a aliança com Marina Silva e dizem que isso “empurra o PT para a direita”, movimento que petistas tentavam fazer com o governador de Pernambuco em função das alianças estaduais do PSB em muitos Estados com o PSDB. Um dia depois de formalizada a parceria com a Rede, eles comemoram a repercussão política do movimento. “É a melhor possível”, comentou o próprio Eduardo com correligionários.

Mas o que todo mundo quer saber é se houve alguma mudança nas intenções de voto dos brasileiros. Para um lado ou para outro.

Depois da surpresa, quem ganha?

sáb, 05/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

A aliança de Marina Silva com Eduardo Campos foi, sem dúvida, o fato político mais relevante dos últimos tempos e o mais surpreendente. Ninguém poderia imaginar que ela, em segundo lugar nas pesquisas, fosse abrir mão da condição de candidata para apoiar alguém que está em quarto lugar na preferência do eleitor. Mas foi o que ela fez. E, segundo os novos aliados, sem fazer qualquer exigência. O Rede Sustentabilidade apresentou uma pauta genérica e o PSB se comprometeu com ela. Nada mais.

Depois da surpresa, os atores políticos passaram a analisar as consequências dessa aliança inesperada. Para o governo, um ponto positivo é o fato de reduzir o número de adversários de Dilma Rousseff. Sai do páreo exatamente quem estava incomodando mais – Marina Silva que em junho chegou a ficar a apenas oito pontos porcentuais da presidente nas pesquisas de intenção de votos. Mas, o ponto negativo é que a dupla Marina-Eduardo Campos reforça o discurso pelo resgate de valores éticos, um discurso que foi exclusivo do PT no passado, mas que foi perdido ao longo do governo.

Para a oposição, o lado positivo é o reforço do campo oposicionista. Mas o lado negativo para o PSDB é o de que a adesão de Marina dá mais robustez à candidatura de Eduardo Campos e isso pode transferir para ele o polo da oposição. O PSDB foi quem representou a oposição nestes dez anos de governo petista e essa condição pode ser perdida para Eduardo Campos e Marina. Se isso acontecer, pior para o PT. Até aqui deu muito certo o discurso “nós contra eles” que Lula fez ao longo das últimas campanhas, apontando para o PSDB como o defensor dos mais ricos, enquanto o PT seria o defensor dos pobres. Campos e Marina saem do campo comandado pelo PT até aqui. Além disso,  Marina Silva tem trajetória de vida  semelhante à de Lula e isso não é desprezível em termos de discurso de campanha.

Depois da surpresa com a “coligação democrática” do PSB com a Rede Sustentabilidade, petistas chegaram a outra conclusão: a de que Eduardo Campos não está na disputa apenas para marcar posição e se cacifar para 2018. Ele entra em campo para competir de verdade. E ganhar. Assim, Dilma terá de agir logo.

Um funcionário do governo faz comentário que está na cabeça de muita gente: “Dilma tem Lula”. O ex-presidente continua sendo o grande trunfo da campanha da reeleição.

Eduardo Campos e Marina Silva

sáb, 05/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Eleição 2014

A chapa Eduardo Campos e Marina Silva provavelmente não será anunciada na entrevista que será dada pelos dois logo mais, em Brasília. Mas ela está na cabeça de muita gente e faz parte do projeto de abrir o PSB para a filiação partidária do grupo que tenta fundar a Rede Sustentabilidade junto com Marina Silva. Hoje, pela manhã, Marina foi ao encontro de Roberto Freire para convidar o PPS a participar desta aliança e, assim, fortalecer a oposição à candidatura de Dilma Rousseff à reeleição. Freire recusou e disse que o PPS havia oferecido a legenda a Marina, mas não iria aderir a uma frente partidária.

Na conversa, Marina deu a primeira indicação de que poderá compor como vice a chapa de Eduardo Campos. Freire deixa isso escapar quando diz que a estratégia está equivocada. “É um candidato a menos para enfrentar o PT”, disse ele, lembrando que a aliança entre Campos e Marina “é uma vitória de Lula”, pois reduz o número de opositores.

- Já não vai ter a candidatura do Serra; agora, não vai ter a candidatura de Marina. Daqui a pouco, se tirarem a do Eduardo … fica como o PT quer – disse Roberto Freire, que já havia encaminhado conversas com Eduardo Campos, antes de oferecer a legenda a Marina Silva.

Roberto Freire confirma que foi procurado nesta manhã pela ex-senadora Marina Silva. Ela foi comunicá-lo de que estava disposta a se filiar ao PSB, dado que a Rede Sustentabilidade não obteve registro na Justiça Eleitoral.

- O PPS foi comunicado e eu dei a minha avaliação de que acho um equívoco – disse Freire.

Aliados de Marina Silva dizem que o movimento dela representa “um gesto político de alta expressão, pois é o primeiro fato político além da disputa eleitoral”. Sem confirmar a transferência de Marina para o PSB – “mas, se ela não for para lá, não irá para nenhum lugar”, disse – Miro Teixeira disse que o gesto de Marina é um ato de rebeldia . “É um ato rebelde, de desobediência civil”, disse ele afirmando que Marina terá uma opção partidária “para ter participação eleitoral e disputar qualquer cargo, a presidência, a vice-presidência, o Senado ou governo estadual”.

- O que faltou a ela foi um pedaço de papel, que lhe foi negado pelo TSE – disse ele, referindo-se à autorização do registro da Rede Sustentabilidade. Em seu gesto, ela mostra que a Rede existe como partido político, se coligando com o PSB”, afirmou.

A opção pelo PSB se dá em função das ações do partido nos últimos meses, entre elas, a de impetrar mandado de segurança ao Supremo Tribunal Federal para sustar a liminar que impedia a tramitação do projeto que impedia que parlamentares que mudassem de partido levassem direito a fundo partidário e tempo de televisão, o que, na prática, inviabilizava a criação de novos partidos.

Marina com o PSB

sáb, 05/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

A senadora Marina Silva deve anunciar hoje às 15 horas seu destino partidário: o PSB que tem como presidente o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, até aqui apontado pelo partido como pré-candidato à presidência da República. A aliança dos dois , que está sendo chamada de “coligação democrática”  deve provocar grande impacto na disputa presidencial do ano que vem. “É o fato político mais importante dos últimos dez anos, depois da eleição de Lula presidente”, disse um dos artífices das conversas.

A idéia discutida ao longo desta madrugada foi a de abrir espaço no PSB para a filiação de Marina e de todos os dirigentes da Rede Sustentabilidade, o partido que Marina organiza, mas que não foi oficializado pelo TSE. Mais adiante, o partido indicaria quem será o candidato à presidência. Eduardo Campos saiu de Recife nesta madrugada para se encontrar com Marina Silva em Brasília. Segundo participantes das conversas, seria  feita uma “coligação programática” para  ser a referência dessa aliança – tal como acontecia no passado quando militantes de partidos não registrados por conta do regime faziam outra opção partidária. Nesta aliança, estariam princípios programáticos do Rede Sustentabilidade e do PSB, para abrigar os novos filiados.

Nas pesquisas eleitorais, Marina está em segundo lugar nas intenções de voto, tendo chegado a aparecer com 22%; e Eduardo Campos em quarto lugar, variando em torno de 5%. A união dos dois seria emblemática até em função do périplo que Eduardo fez ao longo deste ano no meio empresarial – onde Marina tem trâniso em apenas alguns segmentos. Ao mesmo tempo, Marina se comunica bem com a juventude e tem o discurso de fazer a “nova política”, quebrando a polarização entre PT e PSDB que dominou as disputas brasileiras nas últimas cinco disputas – o que combina com a aliança com Eduardo Campos.

- É um ataque nuclear em cima do que está aí – disse um entusiasta da idéia.

Se vingar a parceria, Marina e Eduardo Campos não vão falar em nomes para a disputa do ano que vem. Até aqui, Eduardo Campos tem dito que seu partido só vai escolher o candidato em 2014 – portanto, seria compatível com a situação de hoje com dois nomes para a disputa. E Marina pode repetir que sua candidatura ainda está em discussão.

 

A busca por um partido

sex, 04/10/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Eleição 2014

Marina Silva só vai decidir neste sábado, último dia do prazo, se vai ou não se filiar a um outro partido já existente para disputar a eleição presidencial do ano que vem. Só o fato de ter empurrado a decisão – quando havia prometido o anúncio nesta sexta-feira – pode ser considerado uma indicação de que a pressão está grande e ela deve mesmo entrar no páreo.

Esta foi a leitura feita pelos prováveis concorrentes dela. Depois de algumas horas de comemoração (muito discreta) eles acompanharam os passos da ex-senadora. Primeiro, os seguidos atrasos da entrevista prometido; e, por fim, o anúncio de que não haveria anúncio nesta sexta.

Marina sofre pressão dos dois lados. De um lado, os chamados “puristas” que a ajudaram recolher assinaturas para formar a Rede Sustentabilidade; e de outro, parlamentares, mais pragmáticos que querem estar com ela no palanque do ano que vem.

O argumento é o de que, se não há Rede, por decisão da Justiça Eleitoral, Marina deve buscar outra legenda como veículo para sua candidatura. Para estes, Marina já representa um movimento do Brasil por uma nova forma de fazer política, independentemente da legenda.

Este é o mesmo argumento que usou a oposição à ditadura militar para ir ao Colégio Eleitoral e antecipar a transição democrática. E, assim foi feito: dado que a emenda das Diretas havia sido rejeitada, a oposição aceitou usar um instrumento que ela rejeitava, que era a eleição indireta, para chegar ao Poder e levar o país à democracia. Assim, Marina iria usar um partido tradicional (estaria analisando as condições de cada um que está disponível) para disputar a Presidência da República e colocar em prática sua proposta de “fazer uma nova política”.

A esta altura, aliados de Marina também consideram que a tendência dela é mesmo pela candidatura. E que estaria conversando com estes partidos para ter a garantia de que a legenda estaria disponível para ela. Estão sendo citados pelos aliados o PEN, o PHS e até mesmo outros mais antigos como PTB , PDT e PPS. Mas, segundo estes mesmos parlamentares, a ideia é escolher um que não seja tão conhecido, e não tenha marcas junto ao eleitorado. Ou seja, quanto mais novo e menos conhecido, melhor.

Bem, mas a decisão só vai sair neste sábado. Se confirmar mesmo a candidatura, Marina terá de se filiar a um partido político – nomenclatura que ela rejeitou. Ela preferiu, como se sabe, usar o nome Rede por entender que só a palavra partido já é muito desgastada perante o eleitorado.



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