Momento de inflexão

sex, 26/04/13
por Cristiana Lôbo |
categoria Todas

Depois de ações e declarações de representantes do Congresso e do Judiciário que mostraram tensão no relacionamento entre os dois poderes chegou a hora da inflexão. Os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves, vão pedir um encontro com o ministro Gilmar Mendes na próxima segunda-feira na busca de pacificar a relação entre os dois poderes.

- Precisamos encontrar, rapidamente, o clima de confiança e de relação harmoniosa entre os poderes – disse hoje o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves.

O clima entre os dois poderes ficou tenso a partir de quarta-feira.  O primeiro embate  começou com a aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara da PEC-33 de autoria do deputado Nazareno Fonteles que permite ao Congresso revisar decisões do Supremo Tribunal Federal – o que provocou reação imediata dos ministros do STF. No mesmo dia, instado por um pedido do PSB, o ministro Gilmar Mendes concedeu liminar determinando que fosse suspensa a tramitação do projeto que pedia regime de urgência para a votação do projeto que inibe a criação de novos partidos. Desta vez, a reação foi do Congresso, verbalizada pelos presidentes da Câmara e do Senado.

Henrique Alves e Renan consideram que se chegou a um nível alto de tensão entre os dois poderes e que é preciso buscar a normalidade da convivência democrática. Para esfriar os ânimos, Henrique Alves já declarou que não vai permitir a instalação da comissão especial para analisar a PEC – 33 – aquela que, se aprovada, permitira que o Congresso revisse decisões do STF -, o que provocou forte reação de ministros do Supremo, entre elas, a mais contundente, do ministro Gilmar Mendes. O presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, considerou que a proposta fere a democracia. Gilmar foi mais longe e disse que, se for para aprová-la, “a consequência seria o fechamento do Supremo”. De sua parte, Renan Calheiros encaminhou ao STF agravo regimental que vai permitir ao próprio ministro Gilmar Mendes rever a decisão que ele tomara na quarta-feira passada e que no Congresso foi recebida como “invasão no processo legislativo”, segundo Renan Calheiros.

A quinta-feira foi um dia em que as declarações – tanto de parlamentares quanto de ministros do STF, como Gilmar Mendes – chegaram ao ponto mais alto e tenso. Desde o começo da manhã, as conversas começaram entre os presidentes do Senado e da Câmara com o vice-presidente Michel Temer – que opinou sobre a inconstitucionalidade da PEC 33 que permite ao Congresso rever decisões do STF.  Eles avaliam, no entanto, que a reação do Judiciário poderia ficar no campo das declarações, uma vez que não se trata de uma decisão do Legislativo, mas sim de uma comissão técnica e que ainda há longo caminho a ser percorrido. Neste momento, é analisado pela assessoria jurídica da Câmara a possbilibidade de ser estancada a tramitação da emenda sob o argumento de inconstitucionalidade.

Tanto no Legislativo como no Judiciário, foi identificado como pano de fundo deste embate o julgamento da ação penal 470, o Mensalão. A PEC 33 teria sido apresentada pelo deputado petista como uma reação ao julgamento que prevê pena de prisão para quatro petistas, como José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares. No Legislativo, há a contestação, também, à liminar concedida por Gilmar Mendes que, embora com sustentação técnica, foi vista por alguns como reação à proposta da PEC 33.

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10 Comentários para “Momento de inflexão”

  1. 1
    Julianna:

    Você pode não se lembrar do nome de nenhum político, mas com certeza, alguns deles você se lembra de quem são filhos. ( Georges Najjar Jr )

  2. 2
    Alex Maciel:

    Tudo isso é o PT, com inveja da Argentina, tentando “venezualizar” o Brasil.

  3. 3
    Rodrigo Alves:

    Cristina, o que mais chama atenção não é a suposta retaliação do deputado do PT ao julgamento do mensalão. O que mais assusta é a proposta ter sido aprovada pela CCJ…

  4. 4
    Alexandre Campos:

    É bastante sensato a busca por um acordo entre Renan Calheiros, Henrique Eduardo Alves e o ministro Gilmar Mendes na próxima segunda-feira.

    Todos os três acima poderiam também abordar um tema muito sensível ao equilíbrio dos Três Poderes que é o de respeitar decisões emanadas do Poder Judiciário. É simplesmente inaceitável que José Dirceu, João Paulo Cunha, José Genoíno e Rui Falcão – todos do PT – estejam há bastante tempo arrostando o STF. O três primeiros petistas devem cumprir suas penas, sendo que José Dirceu deve fazê-lo em regime fechado. E João Paulo Cunha e José Genoíno devem obedecer a lei do fichas-sujas e entregarem seus cargos no Congresso Nacional.

    Assim sendo, teremos um Brasil melhor!

  5. 5
    Gildeth Alcantara Villlaça:

    ESTARÁ O BRASIL PASSANDO POR UMA CRISE INSTITUCIONAL???

  6. 6
    Fabio Azevedo:

    DE BRIGA EM BRIGA O PAÍS VAI SOFRENDO UM ATRASO MONUMENTAL E PERMANECENDO NA ESTEIRA DA INGOVERNABILIDADE . E PENSAR QUE NO PASSADO BATALHEI PELO MALDITO PT …. COMO EU FUI IMBECIL !!!

  7. 7
    Alexandre:

    Muitos afirmam que não há nada acima dos Três Poderes. No entanto, acima desses poderes está a vontade soberana do povo brasileiro que EXIGE o cumprimento da pena de prisão determinada pelo STF para os petistas José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares. Em particular, a pena de José Dirceu deve ser cumprida em regime fechado que requer o uso de fardamento de presidiário como qualquer outro criminoso.

  8. 8
    R. Soares:

    Olá!

    Que tal perguntar ao povo se prefere o fechamento do Supremo ou o fechamento do Congresso ou da câmara ou os dois juntos?

    Agora é o José Genuíno e Paulo Cunha julgando o Supremo a partir do Comissão de Justiça.

  9. 9
    Mozart:

    Isso tudo é um grande golpe do PT e sua quadrilha, está na hora de darmos o troco!

  10. 10
    fernando Infantosi:

    De fato, existe enorme diferença entre inflexão e genuflexão …. resta saber quem adota uma ou a outra ….



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