Tempo para distensão
A semana vai começar com uma visita dos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves, ao ministro do STF Gilmar Mendes. O encontro tem por objetivo desanuviar as relações entre Legislativo e Judiciário que ficaram tensas depois que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou proposta de emenda que reduz os poderes do Judiciário. E, como que em reação, Gilmar Mendes, em resposta a um pedido do PSB, concedeu liminar que paralisa a tramitação de projeto que inibe a criação de novos partidos.
As relações deverão voltar ao normal, mas o problema só será extinto depois que a tal PEC 33 for para o arquivo. Isso deve acontecer em breve. Já está decidido – será feito por ação do próprio Legislativo ou do Judiciário. O projeto que inibe a criação de novos partidos também não deve ter vida longa. O próprio governo, que tentou acelerar sua votação no Congresso, está convencido de que ele será derrubado no Supremo. Ou seja, os dois assuntos que causaram tensão e bate-boca nos últimos dias deverão ir para a gaveta.
O Congresso terá, ainda, que dar continuidade a outro tema que está causando preocupação ao governo: a chamada MP dos Portos. O parecer do relator Eduardo Braga, líder do governo, já foi apresentado e aprovado em comissão. Mas há dúvidas dentro do próprio governo sobre as mudanças feitas no Legislativo. É assunto que vai para o escaninho de pendências.
Na semana do Dia do Trabalho, a presidente Dilma Rousseff deve fazer um pronunciamento à nação – que aliás, foi gravado na última sexta-feira. E um dos tópicos é a chamada “PEC das Domésticas”. Depois de quase um mês de sua aprovação pelo Congresso, o governo percebeu que o assunto estava sendo coordenado pelo ex-líder do governo, Romero Jucá – que era quem estaria capitalizando as novidades para estes trabalhadores. Por isso, Dilma resolveu também falar do assunto.
No Dia do Trabalho, a oposição também vai buscar seu espaço. Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) foram convidados e aceitaram participar da festa do trabalhador promovida em São Paulo pela Força Sindical, que tem como principal líder o deputado Paulinho da Força (PDT) que organiza um novo partido, o Solidariedade.
O mais curioso na política, no entanto, está sendo o embate travado entre PT e PSB desde que Eduardo Campos saiu em campo e se posiciona como provável candidato à presidência da República no ano que vem. No dia 25, ele comandou o programa nacional do PSB cujo slogan é “o Brasil pode mais”, e falou de saúde, educação e segurança. Nesta semana, começaram os programas do PT. Num deles, Lula e Dilma aparecem quase que num jogral anunciando os feitos dos governos do PT. A tônica do programa é a comemoração de dez anos de governos do PT e num deles, Dilma diz que “é possível fazer cada vez mais”. Isso demonstra que o PT percebeu que o slogan de Campos tem potencial para atingir positivamente o eleitor.