sex, 22/03/13
por Cristiana Lôbo |
As pesquisas eleitorais deste fim de semana, ainda que muito antecipadas (as eleições serão daqui a 18 meses), mostram uma espetacular zona de conforto da presidente Dilma Rousseff na corrida presidencial do ano que vem. Ela tem 58% das intenções de votos, segundo o Datafolha, e um potencial de votos de 76% conforme o Ibope (eleitores que declaram voto nela e os que admitem poder votar nela). A grande diferença, no entanto, é que, ao contrário de 2010, Dilma poderá ser candidata sem padrinho. O desempenho de seu governo poderá ser, até aqui, seu principal cabo eleitoral.
A pesquisa CNI-Ibope, divulgada no começo da semana, já mostrava Dilma com altíssima aprovação pessoal (79% aprovam o seu jeito de governar) e ainda boa aprovação do conjunto do governo, de 63% – índice superior ao da intenção de voto apontada pelo Datafolha.
O resultado da pesquisa Datafolha mostra, ainda, que Marina Silva é hoje detentora pessoal de um formidável contingente de apoiadores: a pesquisa mostra que ela tem hoje 16% de intenção de votos, o que a coloca como o principal nome em oposição a Dilma Rousseff. Ela obteve quase 20 milhões de votos nas eleições de 2010, quando disputou a eleição pelo PV. Agora, mesmo sem a legenda, e ainda tentando formar um novo partido, Marina aparece com importante capital eleitoral.
Dois nomes da oposição – Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) – estão em trajetórias diferentes, segundo o Datafolha. Aécio perdeu dois pontos percentuais em relação a dezembro, caiu de 12% para 10% das intenções de votos; enquanto Eduardo Campos subiu de 4% para 6% das intenções de votos, o que faz crer ser um contingente de eleitores de oposição ao atual governo que migrou do PSDB para o PSB. Os dois, no entanto, vão precisar avançar por meio do sistema tradicional, conquistando partidos que lhes garanta tempo de televisão para apresentar suas candidaturas. Nesse quesito, no entanto, é Dilma quem leva vantagem pois tem argumentos importantes para atrair partidos a seu palanque: é governo e tem o que entregar aos aliados – e a dianteira nas pesquisas é importante catalisador de apoios.
Marina Silva tem conseguido manter sua candidatura, aliás bem à frente dos dois (ela aparece exatamente como a soma das intenções de votos dos dois), recorrendo a ferramenta diferente – utilizando as redes sociais, e não a estrutura tradicional dos partidos políticos.
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sex, 22/03/13
por Cristiana Lôbo |
Ao lado da pesquisa CNI/Ibope que mostra Dilma Rousseff muito bem posicionada para a disputa presidencial do ano que vem, o encontro entre o governador Eduardo Campos (PSB) e José Serra (PSDB) foi um dos mais importantes fatos políticos da semana. Basta ver a reação no mundo político. O PSDB, partido de Serra, ficou preocupado, inquieto e se sentiu fustigado pelo tucano; o PT viu no gesto de Eduardo um passo adiante no projeto de disputar a Presidência da República ano que vem. Ou seja, o aliado que está pronto para fazer vôo próprio.
É improvável pensar, hoje, numa chapa reunindo Eduardo Campos e Serra. Quem seria o cabeça da chapa? Eduardo Campos? Há argumentos: ele demonstra renovação na política e fortaleceria o discurso contra o PT. Mas até aqui não é conhecido no país e largaria de margem bem mais baixa, pois só é conhecido em Pernambuco e tenta se espraiar pelo Nordeste. É menos conhecido do que Serra – que é de São Paulo, tem forte base por lá, e já disputou a Presidência da República duas vezes. Mas Serra tem o discurso vencido. Nas duas últimas campanhas (uma presidencial e outra municipal) acabou enveredando (ou sendo enveredado) para um discurso esquisito contra o aborto que, aliás, não condiz com sua trajetória na política.
Para o PSDB, o encontro de Serra com Campos foi ainda mais surpreendente, pois aconteceu antes mesmo da primeira conversa dele com o pré-candidato tucano, Aécio Neves. Aliás, Serra conversou com Aécio e pediu um outro encontro para daqui a 15 dias, quando poderá, então, se manifestar sobre o desejo dele de ser o presidente nacional do partido, primeira etapa para ser o candidato à Presidência. Para o PT, a conversa de Campos com Serra teve mais um significado político: ao conversar com quem personifica a oposição a Dilma e Lula e também ao projeto do PT, ele tomou um caminho que pode ser considerado sem volta. Embora, na política, dificilmente haja um caminho sem volta.
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qua, 20/03/13
por Cristiana Lôbo |
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fez um apelo nesta quarta ao líder do PSC, deputado André Moura (SE), para que o partido indique outro nome para substituir o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), atual presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa (veja no vídeo acima).
Feliciano tem dito que não renuncia, mas Moura respondeu ao presidente da Câmara que iria discutir o assunto com o pastor, alvo de protestos e manifestações pelo país devido a posições consideradas homofóbicas e racistas.
Mais cedo, Alves prometeu aos líderes partidários uma solução ainda hoje, “de acordo com os desejos da sociedade”.
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ter, 19/03/13
por Cristiana Lôbo |
Onze anos depois, o PSDB vive o mesmo dilema: unificar o partido e eliminar as diferenças entre paulistas e mineiros. Em busca desta união, o senador Aécio Neves saiu em campo para buscar o apoio dos paulistas. Ontem em São Paulo, conversou por mais de três horas com José Serra; hoje, em Brasília, recebeu o governador Geraldo Alckmin em seu gabinete. Ao final das duas conversas, Aécio avaliou que não terá problemas para se eleger presidente nacional do PSDB – o primeiro passo para confirmar sua candidatura à presidência da República.
Aécio disse ter mostrado a Serra pontos que têm em comum:
- Temos espírito público e o desejo de derrotar o projeto que está aí…
- Nós dois queremos derrotar o PT – respondeu Serra, segundo Aécio.
Aécio disse que a conversa foi em tom ameno e que em nenhum momento Serra falou que desejaria presidir o partido, como relatam amigos dele.
- Vamos ter outras conversas. Saí de lá convicto de que ele vai se incorporar ao projeto – afirmou o senador.
Depois de conversar também com Geraldo Alckmin para superar os obstáculos à sua eleição à presidência nacional do PSDB, Aécio vai participar de seminário que está sendo organizado pelo partido em São Paulo. Será sua estréia em território de Serra e Alckmin. Mas Serra não estará presente. Ele estará participando de seminário na Universidade de Princeton – encontro que estaria em sua agenda há muito tempo.
A eleição de Aécio para a presidência do PSDB é considerada o passo inicial para consolidar sua candidatura à presidência. Como presidente do partido, avaliam os tucanos, ele terá mais visibilidade em suas ações e declarações e, ainda, terá argumento para percorrer o país neste período de um ano de pré-campanha. “A presidência do partido dá institucionalidade para percorrer o país”, disse um defensor da candidatura de Aécio à presidência do PSDB.
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ter, 19/03/13
por Cristiana Lôbo |
De nada adiantaram os movimentos tão intensos de Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves em busca de espaço na corrida presidencial. Nada abalou o favoritismo da presidente Dilma Rousseff. E mais, ela até melhorou o seu desempenho junto à população, segundo pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta manhã. Dilma atingiu recorde histórico de aprovação de governo, com 63%, segundo a pesquisa; e 79% de aprovação em sua maneira de governar. Também 75% dos brasileiros confiam na presidente Dilma Rousseff. O recorde histórico é do ex-presidente Lula que, no segundo mandato, atingiu 84% de aprovação pessoal e seu governo 73%, num momento em que a economia crescia a 7,5% .
A ajuda à presidente Dilma veio das ações de governo. Entre as notícias mais lembradas pela população, só assuntos positivos para o governo – depois do caso da tragédia de Santa Maria, o incêndio na boite Kiss, em Santa Maria em que morreram mais de 250 pessoas. Neste caso, entretanto, a ação do governo pode ter sido aprovada, uma vez que a presidente esteve no local e deixou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comandando as ações para ajudar os pacientes. A segunda notícia mais lembrada foi a redução das tarifas de energia, que começou a vigorar no fim de janeiro e já fora o assunto mais lembrado na pesquisa de dezembro. Depois, a redução de impostos da cesta básica, lei de partilha dos royalties, o aumento do salário mínimo para R$ 678 reais e redução da pobreza e obras para a Copa do Mundo.
A melhora na aprovação da presidente Dilma Rousseff também se reflete nas ações do próprio governo. Mesmo nas áreas em que há maior desaprovação do que aprovação, o desempenho do governo melhorou: é o caso das áreas de educação e saúde. Há maior porcentual de desaprovação do que de aprovação, mas, ainda assim, houve melhora no desempenho das duas áreas. Na educação, aprovam 47% dos consultados (eram 43%) e na saúde a desaprovação caiu de 74% para 67%, embora continue muito alta.
A pesquisa CNI-Ibope demonstra a dificuldade dos opositores para encontrar um discurso para suas campanhas, em função da alta aprovação pessoal da presidente Dilma Rousseff e também do governo. A alta aprovação popular é também importante ativo político para atrair partidos para o palanque da petista pois a expectativa de poder é o mais forte argumento para conquistar parceiros, além das ações que a própria presidente tem comandado para abrir espaço na administração aos partidos.
Publicada às 12h03
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sex, 15/03/13
por Cristiana Lôbo |
Semana sim e na outra também, Eduardo Campos desembarca em São Paulo para encontros com empresários, industriais ou banqueiros - sempre atendendo a seguidos convites que tem recebido. Em almoços, jantares ou cafés da manhã, ele tem falado de projetos para o Brasil e encantado empresários que estão preocupados com o que chamam de “excesso de intervencionismo” do governo petista de Dilma Rousseff.
Aos poucos, o governador de Pernambuco vai avançando sobre o território tucano, o chamado “PIB paulista”. Ele vai se firmando como uma alternativa para disputar a presidência da República e enfrentar o governo do PT com um discurso social semelhante. E vai ganhando espaço e admiradores que seria do tucano Aécio Neves.
A principal diferença entre eles é a garra. Campos não hesita em aceitar convites e não se recusa a conversar. Parece estar sempre focado na política e nos assuntos de gestão. E sempre deixa a mensagem que o interlocutor quer ouvir: o Brasil precisa superar o período de incertezas, assegurar investimentos e garantir a competitividade. Música para os ouvidos da platéia.
- Ele é objetivo, persistente, tem um projeto consistente para o país – comenta um empresário que esteve num dos jantares com o governador de Pernambuco que já é dado como pré-candidato à presidência da República.
Embora seja de um partido pequeno, ele tem demonstrado aos empresários capacidade de agregar mais apoios. Nas conversas, fala em “nova política”, que una setores distintos da política e acabe que com o embate permanente que há hoje entre PT e PSDB. Ele demonstra ter capacidade de ser o caminho do equilíbrio - nem é um liberal e nem será intervencionista.
E, assim, Eduardo Campos vai ganhando terreno. Até porque, dizem empresários, Aécio ainda não vestiu a roupa de candidato. Mesmo tendo afinado o discurso na crítica ao governo, passa a idéia de que ainda está mais disposto para ir a uma festa do que para um debate político.
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sex, 15/03/13
por Cristiana Lôbo |
Os presidentes do Senado, Renan Calheiros, da Câmara, Henrique Alves, e o vice-presidente Michel Temer vão sacramentar na tarde desta sexta, em conversa com a presidente Dilma Rousseff, os nomes e as pastas dos ministros do PMDB na reforma ministerial: Moreira Franco (atual ministro de Assuntos Estratégicos) na Secretaria da Aviação Civil, na vaga de Wagner Bittencourt, e o deputado Antonio Andrade (MG) na Agricultura, no lugar de Mendes Ribeiro.
A única indefinição no PMDB até aqui ainda é a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Ao informar Mendes Ribeiro de que seria substituído, a presidente ofereceu a pasta a ele, que inicialmente recusou, mas depois admitiu aceitar.
Com o PDT, Dilma acertou a substituição de Brizola Neto por Manoel Dias no Ministério do Trabalho. Dias é o secretário-geral do partido, comandado pelo ex-ministro Carlos Lupi.
Ainda há dúvidas sobre a participação de PR e PSD na reforma ministerial.
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sex, 15/03/13
por Cristiana Lôbo |
A presidente Dilma Rousseff está convocando hoje (15) ao Palácio do Planalto todos os ministros que serão substituídos e os que serão nomeados. À tarde, ela vai anunciar as mudanças na equipe, segundo fontes do governo.
O PMDB espera conquistar mais espaço, com a nomeação de Moreira Franco para a Secretaria de Aviação Civil. Dilma já anunciou ao ministro Mendes Ribeiro que ele deixa a Agricultura, e convidou Antônio Andrade, do PMDB de Minas para o cargo. O PSD de Gilberto Kassab deve ter um representante no governo : Afif Domingos no novo ministério da Micro e Pequena Empresa. A dúvida é o espaço do PR no governo.
Publicada às 11h29
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qui, 14/03/13
por Cristiana Lôbo |
Gilberto Kassab jantou com a presidente Dilma Rousseff na noite de quarta-feira com uma missão: a de comunicar que seu partido, o PSD, não pretende ingressar agora no governo e nem definir desde já o apoio à reeleição da presidente ano que vem.
Ou seja, o sinal era de distanciamento do governo Dilma Rousseff. E para testemunhar este movimento, Kassab levou o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo para a comversa. Um dos argumentos do PSD ao declinar vagas na equipe foi o de que muitos outros partidos estavam reivindicando postos no governo e o PSD, caçula, não queria desde já “entrar na vala comum”, pois teria sido, na opinião de Kassab, criado para ser um partido diferente.
No fim da conversa, no entanto, Kassab demonstrou que, se a presidente quiser, ela pode pinçar o nome que quiser no PSD para sua equipe, inclusive Afif Domingos, que é o mais cotado.
- Se a presidente quiser o Meirelles no governo, como vou impedir: – disse Kassab por telefone.
Em suma: ele disse que o partido não irá para o governo agora e que é cedo para definir apoios para o ano que vem. Mas pode acontecer de um dos integrantes do partido ir para o governo nos próximos dias,
Vá entender isso…
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seg, 11/03/13
por Cristiana Lôbo |
A presidente Dilma Rousseff pode chamar o vice Michel Temer, nesta terça-feira, para uma conversa sobre os pleitos do PMDB na reforma ministerial. O partido sugeriu o deslocamento de Mendes Ribeiro do Ministério da Agricultura para a Secretaria de Assuntos Estratégicos, hoje sob o comando de Moreira Franco. Moreira Franco iria para a Secretaria de Aviação Civil; e para a vaga na Agricultura, um representante do PMDB de Minas, em que o mais cotado é o presidente do PMDB local, Antonio Andrade.
Está claro que Dilma só vai nomear Andrade para a Agricultura numa espécie de “operação casada” em Minas – em que o PMDB se comprometesse, desde já, a fazer aliança com o PT para lançar a candidatura do hoje ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Caberia ao PMDB indicar o vice na chapa e o mais cotado é o deputado Leonardo Quintão. Tudo isso, faz parte de estratégia do PT de se fortalecer em Minas, terra do provável adversário na disputa presidencial, Aécio Neves.
Até agora, o que está certo é a nomeação de Afif Domingos para o novíssimo ministério da Micro e Pequena Empresa, cuja criação foi aprovada na semana passada pelo Congresso. O ministério terá pelo menos 66 vagas de assessores. Além de PMDB e PSD, a presidente Dilma quer fortalecer a presença do PDT no governo e atrair de novo o PR que já comandou o Ministério dos Transportes.
A presidente viajará hoje para Alagoas e, na volta, prevista para por volta das 15 horas, ela poderá ter uma conversa com Temer. Outras conversas deverão ser feitas ao longo da semana para que ele conclua as mudanças na equipe até a próxima sexta-feira. A avaliação de auxiliares é a de que as mudanças serão feitas aos poucos, com indicações uma a uma, tal como ocorrou nas vezes anteriores, inclusive, na montagem da primeira equipe de governo.
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