Renan e Henrique
Mesmo com adversários no Senado e na Câmara, Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves caminham para uma eleição tranquila para a presidência do Senado e presidência da Câmara, respectivamente. No Senado, Randolfe Rodrigues (PSOL) já registrou sua candidatura e Pedro Taques (PDT) se prepara para entrar na disputa. Na Câmara, é Júlio Delgado (PSB) que está em campanha e Rose de Freitas, do mesmo PMDB. Se se confirmar a tendência de hoje, o PMDB volta a comandar as duas Casas ao mesmo tempo, como aconteceu no tempo da Constituinte, em 1986.
O poder está na presidência das duas Casas, mas as disputas se concentram pelos cargos de líder – tanto na Câmara quanto no Senado. Na Câmara, Henrique Eduardo Alves vai declarar abstenção, para não parecer que esteja pendendo para o lado de Eduardo Cunha (RJ) ou de Sandro Mabel (GO), uma vez que ambos gostaria de ter o apoio daquele que é dado como certo na presidência da Casa.
No Senado, a disputa tem outros ingredientes. O escolhido pela dupla Sarney-Renan para ser o líder da bancada é Eunício Oliveira. Ao mesmo tempo, Renan oferece um cargo que pertence ao PMDB, a segunda vice-presidência do Senado, ao colega, amigo e aliado, Gim Argelo, do PTB. Isso incomodou outro antigo parceiro de Renan, o senador Romero Jucá que, agora, anuncia a decisão de disputar a liderança do PMDB no Senado.
Essa luta ganha importância porque o PMDB só fará a indicação do seu representante para a presidência do Senado depois que escolher o líder da bancada.
A esta altura, tudo isso são rusgas no PMDB. Sarney e Renan já estiveram bem distantes há dez anos, quando Lula chegou ao Poder e preferiu Sarney na presidência do Senado em lugar de Renan. Depois os dois se reaproximaram e houve uma inversão, com Renan na presidência; depois, mais uma vez Sarney e agora é a volta de Renan. Se consolidou a aproximação com Sarney, ao longo dos últimos anos, Renan e Romero Jucá muitas vezes se estranharam – como agora, que Jucá quer ser líder do PMDB e Renan torce e vota com Eunício Oliveira.
Nesta mudança de cargos, José Sarney deve ocupar a Comissão de Constituição e Justiça, uma das mais poderosas no Senado. A outra, a de Assuntos Economicos, deve ficar com o petista, Lindberg Farias.