Depois de uma conversa com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Eunicio Oliveira (PMDB-CE), disse que ficará para depois do primeiro turno das eleições municipais a continuidade da sabatina de Teori Zavascki, indicado pela presidente Dilma Rousseff para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal
Iniciada nesta terça (25), a sabatina foi interrompida devido à votação pelo plenário da medida provisória do Código Florestal.
Durante a sabatina, Zavaski não foi claro em sua resposta ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR) que queria saber se ele irá ou não participar do julgamento da Ação Penal 470, o mensalão, caso sua indicação seja aprovada logo pelo Senado Federal.
Mas o próprio Álvaro entendeu que mesmo sem ser incisivo ele deixou a impressão de que não deve participar desta fase do processo.
Para outros senadores, como Roberto Requião, por exemplo, Teori se resguardou para votar a partir da dosimetria, a fase em que é decidida a pena a cada um dos condenados e, principalmente, no julgamento dos chamados embargos infringentes que vão ser apresentados pela defesa dos réus.
A indicação de que Zawaski não deve participar nesta etapa do julgamento, caso seja aprovado logo pelo Senado, veio a partir da primeira resposta, quando Álvaro falou que a pressa na indicação pela presidente Dilma e na sabatina pelo Senado autorizam a avaliação de que ele poderá votar o mensalão “em troca pela indicação”. Com veemência, Teori respondeu:
– Eu agradeço a pergunta do senador Álvaro Dias para dizer que isso não faz juz a minha trajetória de juiz – e, em seguida, afirmou que a Lei da Magistratura impede os juízes de atuarem em processos sobre os quais tenham emitido opinião.
Perguntado se ficou abalado com a pergunta, ele disse primeiramente que não. “Vocês viram”, acrescentou, quando lembrado que parecia que tinha os olhos estavam cheios de água. E, após a suspensão da sessão por conta do início da sessão em plenário (o regimente do Senado impede o funcionamento de Comissões ao mesmo tempo em que sessão deliberativa ) ele disse: “isso faz parte do processo democrático.”
Teori Zavaski afirmou que os juizes não têm poder discricionário sobre os processos em que vão atuar, mas que há regras e que elas são decididas pelo Judiciário.
“Não é o juiz que decide, as regras são determinadas pelos órgãos colegiados”, disse, observando que a regra diz que, em princípio, o juiz que não ouviu o relatório e não participou do processo não deve atuar naquele processo, salvo se ele se considerar habilitado e tiver condições de votar”. Este é o caso dele – que não estava no STF quando o ministro relator Joaquim Barbosa leu seu relatório referente aos itens votados até agora.
Mas ele deixou claro que o juiz que se considera habilitado a votar não deve pedir vistas do processo, pois seria uma contradição. A possibilidade de Teori pedir vistas é uma preocupação da oposição, que tem comentado que o julgamento não deve ser suspenso ou adiado.