Um cliente e seus problemas
O discurso oficial é o de que tudo aconteceu de forma natural e que estava acertado com alguma antecedência que o escritório de Márcio Thomaz Bastos iria deixar o comando da defesa do contraventor Carlos Cachoeira depois dos depoimentos dele à Justiça em Goiânia, o que ocorreu na semana passada – e quando ele usou o direito constitucional de ficar calado. Mas, o fato é que havia queixas de parte a parte.
A família de Cachoeira estava se queixando do desempenho de Márcio Thomaz Bastos. A interlocutores, a mulher Andressa e irmãos já haviam deixado escapar que o custo da defesa era bastante alto, mas Carlos Cachoeira continuava preso. A expectativa era a de que, com uma banca tão renomada, o bicheiro saísse logo da prisão. No primeiro instante, foi conseguida a transferência dele de Mossoró para Brasília, considerada uma vitória. Mas, depois de cinco meses, nada de habeas corpus.
- É natural que, depois de cinco meses, haja desgaste – disse a advogada Dora Cavalcanti, sem atrelar, contudo, o desfecho com o fato de a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, ter sido acusada de tentar chantagear o juiz Alderico dos Santos. Ela admite, contudo, que não sabia da visita de Andressa ao juiz e que, se fosse ouvida, não recomendaria. “A mulher de um detento não deve visitar um juiz”, disse.
Ao deixar a defesa de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos deixa também uma companhia que lhe tem custado prestígio. Desde que assumiu a defesa deste caso, Márcio Thomaz Bastos, deixou de freqüentar alguns ambientes importantes de Brasília, como o Palácio do Planalto e o da Alvorada, onde ia com alguma assiduidade. Uma decisão da presidente Dilma Rousseff.
Logo Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça que foi conselheiro de Lula durante os dois mandatos, sobretudo, nos períodos de indicação de um novo ministro do STF – o que se repetiu por pelo menos cinco vezes. Agora, sem estar com Cachoeira, ele poderá voltar a esses gabinetes. Afinal, ainda neste ano, dois novos ministros vão cair na compulsória e se aposentar. Dois novos terão de ser escolhidos.
Será que Márcio Thomaz Bastos voltará à condição de conselheiro?