Orlando ganha tempo
O ministro Orlando Silva conseguiu superar as dificuldades do dia na apresentação que fez à Câmara, nesta tarde, mas isso não significa que o assunto esteja encerrado. A permanência ou não dele no governo vai depender se vai aparecer ou não um “fato novo” . No governo, a avaliação feita é a de que ele saiu-se bem – repondeu com firmeza e indicação ao mesmo tempo. Era o que se esperava dele.
No entanto, a preocupação com o gestor Orlando Silva continua. Para assessores do Palácio do Planalto, foi surpreendente o número de denúncias envolvendo convênios do Ministério dos Esportes. E isso precisa ser superado, em particular, demonstrar que as ações de comando no ministério são “republicanas” – e não direcionadas para o partido do ministro, o PC do B.
No governo, há preocupação em conter a crise envolvendo Orlando Silva, pelo menos por enquanto. Para assessores, não seria positivo mais um episódio de demissão de ministro em meio à denúncias de irregularidades e desvio de verbas públicas e, tampouco, a lembrança de que seria mais um ministro remanescente do governo Lula. E fica alimentada, ainda, a tese de que é preciso acabar com o modelo de manter o ministério sob o comando do mesmo partido por muito tempo.
Desta forma, já se fala que na reforma ministerial de janeiro, quando serão substituídos os ministros que vão disputar as eleições do ano que vem, a presidente Dilma irá trocar os comandos dos ministérios que entraram na partilha política. Assim, o PP deixaria o Ministério das Cidades, que comanda desde o governo Lula; o PC do B iria para outra pasta, que não os Esportes; o PR sairia do Ministério dos Transportes e assim por diante.
Esta é uma briga que Dilma não quis enfrentar no começo do mandato. Para evitar confrontos com a base, ela, mesmo a contragosto, preferiu manter a mesma forma de partilha dos ministérios entre os partidos aliados. É o que se fala que ela estaria pretendendo mudar no ano que vem.