Os políticos antigos já diziam: “a política é como as nuvens; a cada vez que se olha, está de um jeito”. Assim está a situação do ministro do Esporte, Orlando Silva. Na última sexta-feira, ele foi confirmado no cargo pela presidente Dilma Rousseff que chegou a divulgar uma declaração afirmando que seu governo segue o preceito da presunção da inocência. Agora, quatro dias depois, a situação mudou.
Orlando Silva fecha o dia como ministro do Esporte, mas ninguém assegura como será amanhã .É bem verdade que, no meio da tarde, a situação dele esteve pior – considerado praticamente fora do governo depois que veio a notícia de que a ministra Carmem Lúcia, do STF, havia determinado a abertura de inquérito para investigá-lo. Muito nervosismo e, aos poucos, as coisas foram sendo postas no lugar (para alívio do ministro e do PC do B).
Coube ao Advogado-Geral da União, Luis Inácio Adams fazer a observação de que o ato de Carmem Lúcia pode ser entendido como um procedimento, ou uma formalidade, como afirmou um ministro, e não como o fim de uma processo. Segundo a interpretação feita por ele ao governo, a ministra Carmem Lúcia pede informações ao STJ, onde já há processo contra o governador Agnelo Queiroz, para decidir os processos devem ser reunidos num único inquérito ou não.
– Lembre-se que outras autoridades do governo estão na mesma situação que Orlando no STF e, nem por isso, estão sendo consideradas sem condições políticas de continuar no cargo – lembrou uma autoridade.
Mas, o fato é que a iniciativa da ministra Carmem Lúcia contribuiu para fragilizar ainda mais o ministro.
– É mais uma gota de água num copo que já está cheio – disse um assessor do governo.
Tudo isso enfraquece Orlando Silva, mas seu destino no governo não foi selado nesta terça-feira. Parecia selado no começo da tarde, mas não foi. Agora, a presidente Dilma determinou que o ministro Gilberto Carvalho converse com Orlando – e mostre a ele as dificuldades que ele está tendo para se manter no cargo.
Em suma, segundo fontes do governo, Dilma gostaria de substituir o ministro do Esporte, mas gostaria de tomar a iniciativa. Ou seja, a novela sobre Orlando Silva no governo pode ter um desfecho nesta quarta-feira, por uma iniciativa unilateral dele. Afinal, Dilma quer trocar o ministro, mas não quer romper com o aliado histórico do PT, o PC do B.
Até agora, Orlando Silva vem resistindo e afirmado que não vai pedir demissão. Pelas redes sociais é possível identificar o exército de militantes que o defende e usa o argumento de que não há denúncia comprovada contra ele.
Para o governo, com ou sem denúncia, Orlando teria perdido condições políticas para continuar à frente do Ministério do Esporte. Enquanto espera uma iniciativa de Orlando, Dilma procura um nome para substituí-lo. Alguém que seja do PC do B, mas que tenha vocação para gerência – o que, na avaliação dela, falta a Orlando Silva.