Os amigos do ex-presidente Lula são unânimes em afirmar, publicamente, que ele não pensa em voltar à presidência da República em 2014. A explicação é que Dilma Rousseff, como presidente, tem o direito de pretender disputar a reeleição. Mas a volta de Lula já em 2014 começa a entrar no rol de possibilidade dos governistas cada vez com mais força.
Num período de grande movimentação na base – como este provocado pela “faxina” do governo no Ministério dos Transportes, o que afeta um partido aliado com o PR e deixa os demais em situação de alerta – a possibilidade de volta de Lula se transforma num fator de agregação da base. Os aliados do Palácio do Planalto concordam que Lula é um parceiro mais generoso, digamos, assim, do que Dilma. A lógica de Lula é a de defender sempre o aliado – já no primeiro instante. A lógica de Dilma foi muito diferente disso: foi a de demitir imediatamente, pelo menos, no caso do Ministério dos Transportes.
– A eleição de 2014 não está no horizonte de Lula, pelo menos, até agora – disse um interlocutor do ex-presidente.
A desenvoltura de Lula nestes primeiros meses de governo e a agenda dele para o segundo semestre são, segundo estes petistas, resultado da ação dele como presidente da República e não como pré-candidato a voltar ao Planalto. E, como político, Lula vai manter a intensa agenda de compromissos no Brasil e no exterior.
– O prestígio internacional dele é imenso – disse um aliado.
Segundo assessores do Instituto da Cidadania, Lula recebe uma média de 20 convites por dia para compromissos no exterior. A assessoria vai filtrando os pedidos e, para este ano, já estão marcadas 20 viagens ao exterior. No primeiro semestre, ele fez 18 viagens ao exterior. Essas viagens serão intercaladas com percursos internos. Ele está em Curitiva nesta quarta-feira, amanhã vai falar à Escola Superior de Guerra, ESG, no Rio e na sexta-feira vem a Brasília para a inauguração da nova sede da Embaixada da Argentina.
Para cumprir tantos compromissos, Lula tem viajado em jatinhos fretados, segundo a assessoria, pelos contratantes de suas palestras ou em aviões comericiais.
– Ele é o homem mais fiscalizado do país – disse um petista, considerando, isso, “preconceito” pelo fato de ele ser um ex-operário – uma técnica que foi usada por Lula durante os dois mandatos, quando recebia qualquer crítica.
A agenda de Lula neste ano, como se vê, acentua as viagens ao exterior. No ano que vem, ele pretende permanecer mais tempo no Brasil em viagens aos Estados. Ele quer ter tempo para fazer campanha para seus candidatos às prefeituras municipais.