Pagando para ver
Os sites de notícias, hoje, divulgam foto da presidente Dilma Rousseff com o vice-presidente Michel Temer num encontro na Base Aérea de Brasília para transmissão do cargo, momentos antes do embarque dela para o Uruguai em viagem oficial. Como esta é uma transmissão automática do cargo, há muito não se via tal foto de presidente e vice. Agora foi necessário exibi-la para mostrar que está tudo em paz entre os dois porque briga e rompimento entre presidente e vice é crise na certa. Não se pode dizer que está tudo em paz entre PT e PMDB. A convivência entre os dois partidos é tumultuada e tem a marca da desconfiança.
Esta foto é feita exatamente sete dias depois do principal entrevero entre os dois partidos e que atingiu os dois personagens – Dilma e Temer. Na última terça-feira, portanto, na manhã seguinte ao telefonema entre Palocci e Temer, no qual Temer admite que “elevou o tom de voz” com o ministro, estava sendo organizado um encontro do PMDB, inclusive Michel Temer, com a presidente Dilma. Irritada com a insistência do PMDB em apresentar a emenda 164 ao Código Florestal (sem deixar que a mesma proposta fosse feita em emenda de Ronaldo Caiado, do DEM) Dilma desmarcou a conversa.
Quando os peemedebistas chegaram ao Planalto e começaram a conversa com os ministros envolvidos – Luiz Sérgio e Antonio Palocci – foram informados de que Dilma estava “muito irritada” e que seria melhor deixar a conversa para outro momento, já que os peemedebistas não se dispunham a não apresentar a tal emenda – aquela em que ela disse que sua proposta “envergonharia o Brasil”, conforme relatou o líder Vacarezza no encaminhamento da votação do Código Florestal.
Os peemedebistas concordaram. “Então, é melhor mesmo não haver encontro algum pois, se o tom vier alto, subirá daqui também”, disse um dos presentes. E bateram em retirada do Palácio do Planalto para articular, do Congresso, aquela que seria a primeira importante derrota do governo no Congresso. Assim, o Código Florestal foi aprovado sem que tenha havido uma única conversa da presidente com o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves.
A partir daí, o ambiente foi ficando cada vez mais tenso, mesmo sem ter havido outro encontro entre Dilma ou Palocci com a cúpula do PMDBm, mas com a divulgação do telefonema entre Palocci e Temer, num diálogo áspero – quando Palocci transmitiu o recado de Dilma de que a presidente poderia demitir ministros peemedebistas se o partido insistisse na emenda 164 – que afinal foi apresentada e aprovada por 273 votos contra 182.
Quando o assunto chegou aos jornais com aspecto de “crise institucional” – um quase rompimento entre Dilma e Temer, uma vez que os dois não mais se encontraram, Temer tomou a iniciativa de telefonar para a presidente da República. Ironia do destino, a linha caiu e Dilma, aí sim, tomou a iniciativa de retonar a ligação. Foi quando marcaram os encontros da semana: o de hoje na Base Aérea, mais um amanhã e na quarta-feira, o almoço com a bancada do PMDB com a presença de Temer.
Vale ressaltar: Dilma foi quem primeiro cancelou o encontro com o PMDB na manhã de terça-feira passada – e o PMDB concordou; e foi Temer quem telefonou primeiro para reatar as relações e ela retornou porque a ligação caiu.
Fica, então, evidente o estilo Dilma de se relacionar com os políticos: ela toma a decisão e paga para ver.
Neste caso, Temer foi quem levantou primeiro a bandeira branca.
30 maio, 2011 as 3:17 pm
Nossa, então quer dizer que ao final disso tudo a vitória foi de Dilma e do PT, uma vez que o primeiro a levantar a bandeira branca foi o Temer?
Será que você, Cristiana Lobo, é petista ou não?
Será que quer vender a imagem de que o PT se sobrepôs ao PMDB?
Seja mais isenta querida!!
31 maio, 2011 as 2:50 pm
Todas as vezes que me coloco a ler essas notícias fico imaginando se não seria melhor todas essas cabeças inteligentíssimas que conseguem criar planos merabolantes para se fortalecer, de repente serem usadas a favor de novas idéias para melhoria do ensino, da saúde e da segurança do país.