Ao final da rodada de entrevistas dos três principais candidatos à presidência da República ao Jornal Nacional e ao Jornal das Dez da Globonews, vê-se que todos eles foram muito bem treinados paa se dirigirem ao seu público alvo. Dilma, Marina e Serra tentaram aproveitar ao máximo os 12 minutos de entrevistas na Globo e os 15 na Globonews. Quem conseguiu melhor se comunicar vamos saber nas próximas pesquisas – sexta-feira, por exemplo, pelo DataFolha.
Dilma Roussef conseguiu passar com clareza aquilo que precisava: mostrar que tem experiência administrativa e que é a candidata do presidente Lula. As pesquisas mostram que há um eleitorado de renda mais baixa, feminino e na região Nordeste que ainda se apresenta como indeciso. Pode ser um nicho importante de votos para Dilma, pois é um eleitorado que é beneficiado pelo programa bolsa família.
A principal acusação que é feita contra a petista, a de que nunca governou, aliada à crítica de que era durona, Dilma respondeu com sorriso e citou um a um os cargos que já ocupou. Ficou, portanto, afastada a expectativa da oposição de que ela perdesse a calma e respondesse com impaciência as perguntas dos entrevistadores.
Marina Silva, por sua vez, mostrou suavidade – o que combina com sua imagem – e tentou mostrar que não é uma candidata de um tema só, a preservação do meio ambiente. Ela falou de economia e tentou afastar temores sobre um eventual governo do Partido Verde. Ela defendeu autonomia informal do Banco Central com manutenção do câmbio flutuante, meta de inflação e disse, ainda, que poderá ter boa convivência com o agronegócio.
Ou seja, Marina falou bem, com desenvoltura, mas falou para um eleitorado classe “A”, quando, para vencer a eleição, é preciso falar para a massa do eleitorado. Para contrabalançar, ela lembrou que é de origem humilde e que foi alfabetizada aos 16 anos – por isso, defenderá maior investimento para a educação.
O último dos entrevistas foi José Serra, nesta quarta-feira. Falou de forma articulada e tentou mostrar sem citar nomes, que Dilma Roussef iria “na garupa” – não seria a comandante do governo. Para evitar a comparação dos governos FHC e Lula, recorreu a uma metáfora futebolística: disse que não poderia discutir a Copa de 2014 avaliando se Scolari ou Parreira foi melhor técnico em Copas anteriores.
Ele falou de pedágio e disse que as estradas de São Paulo são aprovadas por 75% dos usuários. Treinado, tal como Dilma, Serra lembrou-se de olhar para a câmera e tentou passar naturalidade. Fez questão de lembrar a origem “modesta”, como falou, para dizer que chegou onde chegou graças ao estudo em escola pública. E, mais uma vez, tentou emocionar o telespectador quando agradeceu ao pai e a mãe. Não pôde concluir o raciocínio porque o tempo acabou.
O fato é que nenhum dos três cometeu erro grosseiro ou escorregão desastroso. Vantagem, aí, para Dilma sobre quem havia mais expectativa de que isso ocorresse.
Agora, é esperar as pesquisas e saber quem conquistou votos com a aparição na TV.