Dilma põe em prática ensinamentos de Lula e de João Santana

ter, 13/07/10
por fausto.siqueira |
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O comício preparado pelo PT para a festa de inauguração do comitê de campanha de Dilma Roussef, no começo da noite em Brasília, não foi um sucesso de público, mas deu a dimensão da força da aliança que sustenta sua candidatura: além do PT, ela citou dez partidos ali representados com candidatos a governos estaduais e ao Senado – PMDB, PC do B, PSB, PP, PR, PDT, PRB, PTC, PSC, PTN -. Se a platéia era pequena, o número de bandeiras vermelhas do PT e algumas verdes do PMDB foi suficiente para enfeitar as imagens que irão para o programa eleitoral da candidata, sob o comando do publicitário João Santana.

Em seu discurso, Dilma demonstrou que aprendeu algumas lições com seu principal professor, o presidente Lula. Ela discursou com um microfone sem fio e andou pelo palanque como ele faz habitualmente. É uma forma de aliviar a tensão durante o discurso. E, para torná-lo mais atraente ao ouvinte, Lula ensinou que ela deve contar algumas histórias. Dilma fez isso. Mas a história de hoje foi a mesma do discurso da convenção que homologou sua candidatura: a de uma menina de 7 a 9 anos, segundo ela, que perguntou: “Mulher pode?”

- “Pode o quê?”

- Ser presidente da República.

- Pode, sim. E sabem o nome da menina?, indagou Dilma nas duas ocasiões: é “Vitória”.

No comício de inauguração do comitê, que foi cuidadosamente acompanhado pela equipe de campanha, Dilma insistiu em falar em experiência – uma espécie de vacina à principal crítica que a oposição lhe faz, que é a de falta de experiência. Citando Joãosinho Trinta que estava na platéia, Dilma disse que ali estavam partidos que têm experiência. E frisou algumas vezes a palavra experiência.

- Nós temos experiência. Com nossa experiência, nós provamos que o Brasil pode trilhar um outro caminho. O caminho da educação- disse Dilma, repetindo a promessa de construir 6 mil creches e construir escolas técnicas em cidades com mais de 40 mil habitantes.

Outro alvo claro foi o voto feminino. Dilma frisou que o Brasil, depois de Lula, terá uma presidenta porque, segundo disse, as mulheres sabem melhor cuidar das pessoas, acolhem, protegem e têm enorme sensibilidade”. E na hora de vincular seu nome a Lula, disse que o presidente lhe deu a maior herança que poderia dar.

- Ele me deu a missão de cuidar do povo que ele tanto ama – disse, tentando se aproximar ainda mais do eleitor que se identifica com Lula.

O que ele quis dizer?

seg, 12/07/10
por Cristiana Lôbo |
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    No movimentado Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, fui comprar um bombom de cereja na Kopenhagen, vi dois homens sentados à mesinha do lado de fora, tomando café. De longe, um me pareceu conhecido. Quando cheguei perto constatei que sim. Já o havia visto. Não pessoalmente, mas pela televisão e jornais.

     Com cabelos implantados tentando disfarçar a careca, era Marcos Valério, o publicitário que foi apontado como operador do PT no caso que ficou conhecido como o “mensalão” – título dado pelo então deputado Roberto Jefferson, que denunciou o escândalo de 2005.

     Comprei o bombom e não resisti. Fui até ele e disse: “queria ouvir a sua história”. O amigo dele comentou. “Eu sabia que você viria aqui…”

      De camisa listrada, sem paletó e demonstrando o cansaço do fim de um dia, Marcos Valério se levantou e disse. “Eu sou a única vítima daquele episódio. Vítima física, até”, disse ele. Eu não entendi o que ele quis dizer com “vítima física”. Ele não explicou.

     Só me disse que um advogado do PT teria dito a ele que nunca viu uma pessoa sofrer tanta acusação como ele, indicando que houve injustiça. Eu, então, perguntei por que ele não dividiu a responsabilidade do episódio com ninguém e está, sozinho, respondendo aos diversos processos.

     – “Vim a São Paulo para mais uma audiência de um processo”, disse ele.

      Eu, então, perguntei quem era o advogado ao qual ele se referia. Pensei em um nome, mas em seguida, ele mesmo contou. “Luiz Eduardo Greenhalg”. Segundo contou Valério, Greenhalg teria dito que já defendeu muito preso político, mas ninguém que tenha sofrido tanta acusação quanto ele.

     Marcos Valério disse que iria considerar o meu pedido de ouvir a sua história. Se e quando ele resolvesse contá-la.

     Fico esperando.

A bandeira do social

qua, 07/07/10
por Cristiana Lôbo |
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    José Serra, candidato do PSDB à presidência da República, quer marcar seu discurso de campanha com a defesa do social. Nesta semana, ele vai anunciar oficialmente, em Minas, sua proposta de criar o Ministério para o portador de deficiência, e insistir na idéia de ampliar o programa bolsa-família para mais 3 milhões de famílias (o que beneficiaria mais 15 milhões de brasileiros) e também aumentar o valor para mais de R$ 250,00 por mes. O bolsa-família é o carro-chefe dos programas sociais do governo Lula.

     Num país em que mais de 50 milhões de pessoas se beneficiam de programas sociais, Serra diz que vai aprofundar esses programas. Isso tem dois objetivos: conquistar a simpatia deste eleitor, que hoje está muito próximo a Lula e, em gratidão tem demonstrado interesse em votar na candidata petista Dilma Roussef e, ao mesmo tempo, tentar recuperar a paternidade do programa para o governo de Fernando Henrique Cardosos e, assim, barrar o discurso do PT de que ele poderia acabar com o bolsa-família.

      Em sua conta no twitter Serra negou que vá divulgar uma carta aos brasileiros se comprometendo com os programas sociais. Segundo tucanos, ele vai falar no assunto diariamente até para puxar a adversária Dilma Roussef para o debate. Serra não pretende recorrer ao mesmo instrumento usado por Lula em 2002, quando divulgou a “Carta aos Brasileiros” para dizer que não iria mudar o rumo da economia do país.  Os tucanos avaliam que se comprometer por meio de carta, Serra, automaticamente, o PSDB perderia a paternidade do programa que começou no governo FH – mas foimaciçamente ampliado por Lula.

Começa a corrida

ter, 06/07/10
por Cristiana Lôbo |
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    A campanha presidencial de 2010 começa, oficialmente, nesta terça-feira. São nove os candidatos registrados no TSE mas, desde já, é uma campanha polarizada entre Dilma Roussef (PT) e José Serra (PSDB) – ainda que Marina Silva (PV) tente furar esse bloqueio – e parelha, uma vez que os institutos de pesquisa mostram empate entre eles.

     Os dois principais candidatos têm motivos para comemorar. Dilma Roussef ainda mais do que Serra. Ela partiu para a campanha praticamente desconhecida no país, sem experiência eleitoral e, em menos de um ano tornou-se mais do que uma candidata competitiva; tornou-se favorita. É evidente que a maior força dela é o apoio irrestrito do presidente Lula – o mais popular presidente na história recente do país – e dos resultados incontestáveis da economia.

     José Serra também tem o que ressaltar. Mesmo sendo adversário do presidente mais popular da história recente do país e de enfrentar o candidato de um governo com aprovação altíssima, ele se mantém no patamar acima de 35% das intenções de voto. Mesmo, também, com as crises pelas quais passou sua candidatura – para a escolha do candidato a vice, por exemplo.

      Durante todo o período da pré-campanha, Marina Silva tentou furar o bloqueio da polarização entre Dilma e Serra. Ela conseguiu chegar aos dois dígitos – atingir marca superior a 10% das intenções de voto, mas não disparou. Agora, essa tarefa ficará mais difícil por conta do exíguo tempo de televisão na propaganda eleitoral que vai começar no dia 17 de agosto. Para especialistas em pesquisas eleitorais, com tão pequeno espaço na propaganda eleitoral, Marina tende a perder pontos na campanha. A conferir.

    Neste período de pré-campanha ficou mais uma vez comprovada a força da televisão no desempenho dos candidatos. Dilma subiu fortemente depois de aparecer no programa de televisão e reforçou a subida com o engajamento do presidente Lula à sua candidatura. Serra conseguiu se manter neste mes de junho – mesmo sem ter subido de forma significativa – com os programas eleitorais dos partidos.

     O cenário se mantem  francamente favorável à Dilma. Mas faltam 90 dias para as eleições. E vai chegar o momento dos debates (ela está se preparando para essa etapa) onde um escorregão pode ser fatal. Isso vale para Dilma, mas vale também para Serra. Ele tem larga experiência eleitoral, mas já demonstrou, também, impaciência e irritação – o que não é do agrado do eleitor.

      Mesmo com o favoritismo de Dilma, não há, portanto, como prever o resultado. Diz o ditado popular que eleição é como mineração. O resultado só é conhecido depois da apuração.

     Portanto, a campanha começa nesta terça com Dilma na condição de favorita. Mas não custa nada esperar mais 90 dias para conferir o resultado.



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