O presidente Lula está com a mão na massa da composição dos palanques dos Estados para a disputa eleitoral do ano que vem. Sempre de olhos voltados para a candidatura de Dilma Roussef, Lula já começou a conversar com petistas sobre a importância de manter a aliança nos Estados para vencer a disputa presidencial. Mas esta não é uma tarefa fácil. Em alguns lugares, o PT já avançou o sinal e lançou sua candidatura, como é o caso do Rio Grande do Sul, onde o ministro Tarso Genro venceu a disputa interna e se lançou como candidato ao governo.
O primeiro passo do presidente foi estabelecer uma espécie de critério básico: onde o PT tem o governo estadual, o partido, preferencialmente, vai disputar a reeleição. As alianças, então, seriam em torno de negociações pelas vagas do Senado. É o caso da Bahia. Na noite desta segunda-feira, o presidente Lula conversou com o governador Jacques Wagner e deve fazer o mesmo com o ministro Gedel Vieira Lima. Os dois estiveram juntos em 2006, mas agora estão se estranhando na política local.
Mas o que preocupa o presidente é, como sempre, o chamado “Triângulo das Bermudas” – São Paulo, Rio e Minas Gerais. Nestes, não há entendimento dentro do próprio PT e isso dificulta, ainda mais, a possibilidade de aliança com outros partidos.
Nesta quarta-feira, o presidente Lula teria um encontro com um grupo de petistas de São Paulo. Nesta tarde, no entanto, a reunião foi cancelada e poderá ser remarcada. São Paulo é o berço do PT, mas o partido não tem um candidato natural ao governo. O presidente Lula cogitou da candidatura de Antonio Palocci, mas ele ainda não foi julgado pelo STF. E, ainda, tem imagem marcada pelo episódio do caseira Francenildo Costa. Lula, então, defende aliança com o PSB para lançar a candidatura de Ciro Gomes. Setores do partido reagem e preferem um nome do próprio partido. Há, ainda, divergência na chapa para o Senado. Aloízio Mercadante é um nome e um grupo gostaria de lançar Marta Suplicy. Para o comando do partido, duas candidaturas petistas, já tendo um senador com mandato, que é Eduardo Suplicy, seria correr o risco de perder as duas.
Outro problema é o Rio. Lá, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindeberg Farias, quer disputar o governo. O presidente Lula quer o partido apoiando a reeleição do governador Sérgio Cabral. A Lindeberg caberia uma vaga para disputar o Senado.
Também em Minas Gerais o presidente Lula deve interferir. Lá tem divergências internas e, também, disputa com aliados. O ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito Fernando Pimentel gostariam de disputar o governo, mas a pesquisa indica que na frente está o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). Lula tenta resolver a equação. Já cogitou ter Hélio Costa como candidato a vice na chapa de Dilma Roussef, abrindo, assim, o caminho para o PT ter candidato ao governo de Minas, ou, então, ficar com vagas de candidato ao Senado.
Assim como interferiu diretamente para impor Dilma Roussef como candidata do PT à presidência da República no ano que vem, Lula usará sua força política para enquadrar o PT em muitos Estados.