Tensão máxima no Senado
A temperatura subiu no Senado nesta terça-feira com sucessivos pedidos de afastamento de José Sarney da presidência da Casa. Ao final do dia, a tensão diminuiu porque a divergência foi transferida para o outro lado – para a oposição. É que o primeiro vice-presidente, Marconi Perillo, não gostou da proposta de seu partido de se criar uma comissão de senadores para propor mudanças na administração do Senado. E reagiu:
– Tenho legitimidade, responsabilidade e competência para isso – disse Perillo, da tribuna, causando grande constrangimento ao presidente de seu partido, Sérgio Guerra, que revelava ter proposto a Sarney a idéia de se afastar para abrir espaço para uma ampla reforma no Senado.
O dia começou com o DEM defendendo o afastamento temporário de Sarney da presidência do Senado. O PSDB seguiu em caminho semelhantes, assim como o PDT e o PSOL, que pediu abertura de investigação das denúncias.
No começo da tarde, três senadores do PSDB – Sérgio Guerra, Álvaro Dias e Marisa Serrano – foram até a casa de Sarney para sugerir que ele tomasse a iniciativa de deixar o cargo temporáriamente, determinando a criação de uma comissão para propor mudanças na administração do Senado. Eles encontraram um Sarney abatido, cercado dos filhos, mas sem aceitar a proposta. A governadora Roseana chegou a demonstrar certa simpatia pela idéia de de afastamento temporário, mas a idéia naufragou no plenário do Senado, diante da forte reação de Marcone Perillo e do primeiro-secretário, Heráclito Fortes, que a considerou um “golpe contra a Mesa Diretora”. A idéia foi imediatamente arquivada.
Ainda durante a tarde, o líder do PMDB, Renan Calheiros, tentou uma negociação com a oposição, acenando com a possibilidade de instalação da CPI da Petrobras, uma reivindicação do PSDB. A idéia, porém, esbarrou nos representantes do governo, no líder Romero Jucá (PMDB) e no líder do PT, senador Aloízio Mercadante. Eles afirmaram que antes de qualquer negociação sobre a CPI da Petrobras será preciso a oposição recuar em duas outras- a das ONGs e a do Denit, recentemente, apresentada ao Senado.