Tensão máxima no Senado

ter, 30/06/09
por Cristiana Lôbo |
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    A temperatura subiu no Senado nesta terça-feira com sucessivos pedidos de afastamento de José Sarney da presidência da Casa. Ao final do dia, a tensão diminuiu porque a divergência foi transferida para o outro lado – para a oposição. É que o primeiro vice-presidente, Marconi Perillo, não gostou da proposta de seu partido de se criar uma comissão de senadores para propor mudanças na administração do Senado. E reagiu:

     – Tenho legitimidade, responsabilidade e competência para isso – disse Perillo, da tribuna, causando grande constrangimento ao presidente de seu partido, Sérgio Guerra, que revelava ter proposto a Sarney a idéia de se afastar para abrir espaço para uma ampla reforma no Senado.

    O dia começou com o DEM defendendo o afastamento temporário de Sarney da presidência do Senado. O PSDB seguiu em caminho semelhantes, assim como o PDT e o PSOL, que pediu abertura de investigação das denúncias.

     No começo da tarde, três senadores do PSDB – Sérgio Guerra, Álvaro Dias e Marisa Serrano – foram até a casa de Sarney para sugerir que ele tomasse a iniciativa de deixar o cargo temporáriamente, determinando a criação de uma comissão para propor mudanças na administração do Senado. Eles encontraram um Sarney abatido, cercado dos filhos, mas sem aceitar a proposta. A governadora Roseana chegou a demonstrar certa simpatia pela idéia de de afastamento temporário, mas a idéia naufragou no plenário do Senado, diante da forte reação de Marcone Perillo e do primeiro-secretário, Heráclito Fortes, que a considerou um “golpe contra a Mesa Diretora”. A idéia foi imediatamente arquivada.

    Ainda durante a tarde, o líder do PMDB, Renan Calheiros, tentou uma negociação com a oposição, acenando com a possibilidade de instalação da CPI da Petrobras, uma reivindicação do PSDB. A idéia, porém, esbarrou nos representantes do governo, no líder Romero Jucá (PMDB) e no líder do PT, senador Aloízio Mercadante. Eles afirmaram que antes de qualquer negociação sobre a CPI da Petrobras será preciso a oposição recuar em duas outras- a das ONGs e a do Denit, recentemente, apresentada ao Senado.

Muda, mas fica igual

seg, 29/06/09
por Cristiana Lôbo |
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    O DEM poderá decidir nesta terça-feira pedir o afastamento de José Sarney da presidência do Senado enquanto serão feitas as investigações sobre os contratos de crédito consignado na Casa e denúncias sobre nomeações de parentes no Senado. Isso é uma novidade bastante negativa para Sarney, pois o DEM sempre foi um aliado dele e foi fundamental na disputa pela presidência do Senado, em fevereiro.

     Para Sarney, no entanto, a mudança no posicionamento do DEM poderá ser compensada com  a cobrança da fidelidade do PT – que tem permanecido em silêncio neste período de crise na presidência do Senado. O P MDB já está cobrando a fidelidade do PT em apoio a Sarney. E encontrou uma forma de fazer isso em toma de ameaça: com a instalação da CPI do Denit, que amedronta o governo do PT, já que a CPI da Petrobras é assunto que não interessa a nenhum dos dois partidos. PT e PMDB têm cargos de comando por lá e não querem saber de investigação na empresa.

    Assim, o PMDB espera garantir a força que Sarney precisa para se manter no cargo, sem se afastar da presidência do Senado – tal como aconteceu com Renan Calheiros em 2007.

Só na volta

seg, 29/06/09
por Cristiana Lôbo |
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      O presidente Lula não tem pressa em escolher o sucessor de Mangabeira Unger na Secretaria de Ações de Longo Prazo. A demissão, a pedido porque o ministro precisará reassumir a cadeira que ocupa na Universidade de Harvard, só deverá ser publicada quando Lula voltar da viagem que fará à Líbia, de hoje até o dia 2 de junho. Está acertado que ficará interinamente no cargo Daniel Vargas, secretário de Sustentabilidade do Ministério de Longo Prazo – já que há alguns meses, Mangabeira não tem chefe de gabinete nem secretário-executivo.

     A Secretaria de Longo Prazo foi montada a partir do perfil de Mangabeira Unger com o desejo do presidente Lula de ter em sua equipe um órgão de planejamento. Ao longo dos últimos dois anos, Mangabeira apresentou estudos sobre a sustentabilidade da Amazônia – que foi o estopim para a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente – e outro sobre Defesa Nacional, ao lado de Nelson Jobim. No governo, no entanto, há um esforço em mostrar que o cargo não foi criado para seu ocupante, e sim para a necessidade de se ter planejamento no país, a partir do Núcleo de Assuntos Estratégicos, o NAE.

    O adiamento por alguns dias da demissão de Mangabeira é uma tentativa de evitar que os partidos disputem o cargo, particularmente, o PRB do vice-presidente José Alencar, que apadrinhou políticamente a indicação de Mangabeira. Na nomeação de Mangabeira, representantes do partido buscaram saber quantos cargos teriam para fazer suas indicações políticas.

     Agora, Lula tenta evitar essa disputa. Mas a indicação de afilhados para cargos no governo já virou uma regra na política brasileira.

Péssimo para Sarney

qui, 25/06/09
por Cristiana Lôbo |
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Durou menos de 24 horas o fôlego que José Sarney ganhou ao substituir dois diretores do Senado e anunciar medidas moralizadores para superar a crise política instalada no Senado há mais de quatro meses. A notícia de que seu neto, filho do deputado Sarney Filho, é dono de empresa que atua no ramo do crédito consignado no Senado, provocou a reviravolta. Nesta tarde, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) promete ir a tribuna para pedir a renúncia de Sarney da presidência do Senado; e o DEM, que sempre foi um aliado, está questionando o fato e cobrando explicações.

- As notícias que me chegam são muito ruins. É preciso uma explicação clara, definitiva – disse o líder do DEM, José Agripino Maia que está no Rio de Janeiro, de onde recebe relatos de assessores.

José Sarney começou a semana fragilizado com as notícias de que havia feito nomeação de parentes e amigos no Senado, sem que eles trabalhassem na casa. Houve ainda a notícia de que um funcionário do Senado, lotado no gabinete de Edison Lobão, trabalha com a senadora Roseana Sarney. Ele conseguiu, no entanto, reverter a situação ao anunciar a demissão do diretor-geral e do diretor de Recursos Humanos, e transferiu a condução do trabalho de moralização da Casa ao primeiro-secretário Heráclito Fortes, além de anunciar que aceitaria abrir processo contra funcionários como Agaciel Maia.

Este quadro mudou novamente com a notícia de que o  neto José Adriano Sarney é dono da empresa Sarcris que atua no Senado com crédito consignado a servidores da Casa. Vale lembrar que a mesma denúncia, envolvendo os filhos de José Carlos Zogbhi levou aa seu afastamento da diretoria de Recursos Humanos do Senado e, ainda, abertura de sindicância na Casa.

O quadro político pode mudar mais fortemente para Sarney se o DEM retirar o apoio que lhe tem dado desde o início do ano.

Ciro em São Paulo

qua, 24/06/09
por Cristiana Lôbo |
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O presidente Lula não é o autor, mas ele gostou da idéia de lançar a candidatura de Ciro Gomes ao governo de São Paulo. Em primeiro lugar, porque encontrou uma saída para Ciro que não seja disputar a presidência da República; em segundo, porque já percebeu que isso incomoda José Serra – aliás, o governador de São Paulo até já passou recibo na idéia e fez comentários sobre ela com o próprio presidente.

Para tratar desse assunto, o presidente vai ter encontro amanhã com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos – que é também presidente nacional do PSB, o partido de Ciro. Todo e qualquer entendimento teria de passar por Campos. É prevista, também, a presença de Ciro no encontro.

De uns dias para cá, Ciro demonstrou maior interesse neste projeto político. Ele tem dito que não pretende disputar outro mandato de deputado federal pelo Ceará e não poderia ser candidato ao Senado porque é inelegível para este cargo enquanto seu irmão Cid Gomes for governador do Ceará. Ele, no entanto, já trata do assunto como brincadeira:
- Agora, estão me chamando para disputar a eleição pelo Acre – disse ele a jornalistas na Câmara. Em seguida ele voltou para emendar: “é brincadeira”…

Ciro está gostando da idéia de ser comentado como candidato ao governo de São Paulo. Assim, ele ganha mais visibilidade e ainda cutuca seus antigos aliados, os tucanos. E, particularmente, aqueles com os quais nunca se entendeu: os serristas.

Sempre igual

ter, 23/06/09
por Cristiana Lôbo |
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     O dono do e-mail [email protected] tem enviado seguidas mensagens em apoio a José Sarney. Em cada uma, assina um nome diferente: Joelma, Tânia, Luciano ou Marcelo – foram quatro facilmente identificadas. As mensagens estão publicadas, mas, convenhamos, é da mesma pessoa que apenas assina nomes diferentes.

Razão

ter, 23/06/09
por Cristiana Lôbo |
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Pedro Simon foi incluído na lista dos 37 senadores que foram beneficiados por atos secretos do Senado e correu a saber qual era. Descobriu que fora nomeado, junto com Lúcia Vânia (PSDB-GO), para uma comissão que cuidava das comemorações dos 180 anos do Senado.

Ou seja, ele não entendeu porque tal ato fora secreto – inclusive para ele que nunca soube, segundo disse, que integrava tal comissão. “Agora quero saber se essa comissão era integrada por funcionários da Casa que ganhavam R$ 2.400 por mês”, disse Simon.

Pelo que se vê, houve atos secretos para demitir neto de senador, como no caso de José Sarney, e para nomear senador para comissão comemorativa. Com isso, vai ser preciso analisar um a um os atos secretos para se saber se o fato de ficarem sigilosos era em beneficio do senador ou de quem comandava a Casa. E olha que são mais de 600…

Quem, sem Sarney?

ter, 23/06/09
por Cristiana Lôbo |
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No Senado, a conversa sobre eventual substituição de José Sarney na presidência do Senado já é feita às claras. Tanto que surgiu um movimento em contrário, em defesa dele. Começa pelo “quem vai suceder?”
O governo, o PT e o PMDB não aceitariam a presença do PSDB no comando do Senado, nem interinamente. É que se Sarney deixar a presidência, assumiria o primeiro-vice, o senador goiano Marcone Perillo. Primeiro, porque é da oposição. Mas, principalmente, porque o presidente Lula não gostaria de ver Perillo na presidência do Senado – Lula tem dito que não confia no senador Marcone Perillo desde que com ele negociou a aprovação da CPMF, no fim de 2007, e Perillo pontificou na tribuna contra o chamado imposto do cheque, que acabou derrotado.
A partir daí, já há quem fale no afastamento dos dois – de Sarney e de Perillo – como chegou a falar o senador Pedro Simon. O que já seria muito difícil de acontecer. Mas quem o PMDB indicaria para o lugar. Na primeira vez, recentemente, que houve vacância, com o afastamento de Jader Barbalho, foi escolhido Ramez Tebet; no afastamento de Renan, Garibaldi Alves. E agora? Não há um nome. A bancada do PMDB é repleta de suplentes que não teriam condições de assumir o comando da Casa.
Com este cenário, alguns que estavam defendendo o afastamento de Sarney da presidência do Senado, já recuam. Acham que o melhor seria ele comandar as reformas radicais no Senado e permanecer no cargo.
Mas se há uma coisa que não existe é Sarney comandando qualquer reforma radical. Ele faz parte do atual funcionamento do Senado e nem compreende a necessidade de mudanças tão firmes.

A difícil situação de Sarney

ter, 23/06/09
por Cristiana Lôbo |
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    José Sarney disse na tarde desta segunda-feira no Senado que não foi eleito para limpar as lixeiras da Casa e sim para ser o presidente do Senado e cuidar da política. Mas, eleito, ele terá sim de cuidar da faxina. E a resposta está sendo aguardada para esta terça-feira. A Mesa Diretora do Senado vai se reunir às 17 horas e daí devem (espera-se, ao menos) sair medidas concretas para que o Senado possa superar a crise que se arrasta há mais de quatro meses.

     Aliado de Sarney, Renan Calheiros começou a ouvir senadores sobre as medidas a serem adotadas pela Mesa. Já estava certo que o diretor-geral Alexandre Gazineu será afastado. Mas há também sugestão para que sejam substituídos todos os diretores da área administrativa, inclusive o de Recursos Humanos, de onde saem funcionários a confirmar a informação de que os atos eram secretos a pedido de Agaciel Maia, Gazineu e de José Carlos Zogbi – a trinca que ficou conhecida na gestão da Casa.

      Renan esta fazendo essas conversas em favor de Sarney que, segundo amigos, está deprimido – e já teria perdido seis quilos – por conta dos aborrecimentos com a crise. Ao mesmo tempo, foi descoberto mais um funcionário do Senado que presta serviços a Sarney no Maranhã: Raimundo Nonato Quintiliano, funcionário da presidência do Senado que está à disposição da Fundação de José Sarney, em São Luiz do Maranhão.

    A cada dia, pinga uma denúncia nova contra Sarney ou seus familiares. Isso está incomodando senadores que gostariam de ver o Senado virar a página da crise. Mas isso não está sendo possível. Até porque Sarney não é dado a medidas drásticas, como o momento exige.

     *** Há um arquivo no Senado enumerando os 663 atos da Mesa que ficaram secretos e, agora, estão sendo publicados em boletins suplementares. Neste trabalho, constatou-se que alguns atos foram publicados em boletins internos. Apenas um, até agora, não havia sido publicado em local algum: é o que concede direito vitalício a tratamento de saúde a três altos funcionários do Senado: Agaciel Maia, então diretor-geral; Raimundo Carredo, ex-secretário-geral da Mesa, hoje ministro do TCU (a indicação fora feita pelo PMDB de Renan Calheiros) e Cláudia Lyra, atual secretária-geral da Mesa. O benefício fora concedido em reunião da Mesa presidida por Antonio Carlos Magalhães e recebeu a assinatura dos demais integrantes, como Eduardo Suplicy. Mas nunca foi publicado.

Ruim para Sarney

dom, 21/06/09
por Cristiana Lôbo |
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    Os últimos dias foram muito ruins para José Sarney do ponto de vista da política. As denúncias sobre malfeitorias no Senado – apadrinhamentos, mordomias e etc…- ficaram focadas nele. Por isso, o presidente do Senado terá de dar respostas rápidas e contendentes nesta semana que começa. Coisa, aliás, que ele não fez desde que a crise começou, em fevereiro.

     José Sarney marcou para a próxima terça-feira uma reunião da Mesa Diretora do Senado para decidir sobre medidas a serem adotadas para corrigir erros e distorções da Casa. Neste mesmo dia, ele deve receber resultado do trabalho de uma Comissão de Sindicância criada por ele para identificar erros e propor sugestões.

     A esta altura dos acontecimentos, quando vieram a público nomeações constrangedoras de parentes ou serviçais na residência particular de familiares (o caso da nomeação do neto e de funcionários da governadora licenciada, Roseana Sarney), a pressão aumentou consideravelmente. A ponto, até, de neutralizar a defesa que o presidente Lula fez de Sarney, quando disse que o presidente do Senado não pode ser tratado como uma pessoa comum.

    A defesa de Lula valeu para Sarney naquele momento. Mas, com as novas denúncias, seria necessária outra declaração forte de apoio para “blindar” o presidente do Senado de maior desgaste.

     Porém, se está desgastado perante a opinião pública, Sarney ainda conta com fortes apoios. Não só o do presidente Lula, já feito em público, mas dos aliados no Senado. Com tudo isso, não se pode dizer que Sarney esteja balançando no cargo de presidente do Senado. Os aliados, particularmente, do PMDB e do DEM, podem garantir sua sustentação no cargo.

     Aí, chegaríamos ao que Lula falou. “Cada dia uma denúncia e nada acontece”. Mas, vale lembrar que Sarney foi obrigado a recuar em algumas medidas – o neto foi substituído, mas pela mãe num cargo do Senado; uma sobrinha que trabalhava no gabinete de Delcídio Amaram foi devolvida ao Ministério da Agricultura, e a sobrinha do genro que morava em Barcelona, foi exonerada.

     Do ponto de vista da política, entretanto, tudo continua igual: Sarney lá na presidência do Senado, comandando as sessões da Casa diariamente.



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