Nesta eleição municipal, o eleitor está se mostrando muito mais interessado na disputa do que se supunha. Ele pode até não estar militando o tanto quanto se esperava, mas está avaliando muito bem o que o prefeito pode fazer para melhorar sua vida – ou não. Isso explica as mudanças nas intenções de voto tão bruscas. De semana para semana. Importante também, e cada vez mais, é a estrutura de comunicação do candidato.
O caso mais notável é o de Belo Horizonte. No primeiro instante da campanha, o candidato Márcio Lacerda (PSB), apoiado por Aécio Neves e Fernando Pimentel, subiu como um foguete conforme as pesquisas de intenção de votos. Bateu em 40% das intenções de votos em menos de um mês e tudo indicava que poderia vencer no primeiro turno. Foi quando apareceu o adversário, Leonardo Quintão (PMDB).
Ele subiu tanto que foi comparado a um fenômeno de comunicação, pelo jeito simples de se comunicar com o eleitor. Agradou. Subiu e, na primeira simulação de segundo turno, parecia que iria vencer. Foi aí que as coisas começaram a mudar em Minas. Quintão virou uma espécie de doce de leite com côco. Tão bom, tão doce que, parece, enjoou.
No embate mais duro do segundo turno ele não segurou o tranco. Teve desempenho fraco nos debates e também cometeu erros. Márcio Lacerda se aprumou. A campanha dele mudou completamente. Deixou de lado de mostrar apenas os padrinhos, o que lhe deu o título de “poste” e passou a ser apresentado como alguém com vida política e capacidade administrativa. Também partiu para o ataque ao adversário. Em uma semana, reverteu a queda nas pesquisas e segundo o DataFolha já está na frente. A tão poucos dias da eleição, Lacerda está em curva de subida e Quintão de descida.
– Foi uma chuva de verão – comentou um especialista em pesquisas eleitorais que no início da campanha considerou Quintão um “fenômeno de comunicação”.
Depois de acompanhar debates em Belo Horizonte e o programa eleitoral, ele avalia que Leonardo Quintão não demonstrou capacidade técnica para resolver os problemas da cidade. Revelou inconsistência. Para os mineiros, pesou contra ele, também, as “más companhias”. Ele foi mostrado ao lado de seus aliados Newton Cardoso e Anthony Garotinho. Os mineiros não gostaram.
Faltam quatro dias para a eleição. Será que ainda muda alguma coisa em Belo Horizonte?
**** No Rio de Janeiro, o resultado das pesquisas mostra que deram resultado os ataques feitos por Eduardo Paes (PMDB) contra Fernando Gabeira. No Ibope, os dois estão empatados; no DataFolha, Paes já está na frente – quando, na semana passada, Gabeira tinha ligeira vantagem.
Ao longo de uma semana, Eduardo Paes atacou Gabeira como pôde: acusou-o de falta de experiência, tocando num ponto que é preocupação do eleitor do Rio em relação ao candidato do PV e, ainda, explorou suas idéias inovadores, retirando da gaveta o preconceito que existe contra o candidato e que estava guardado, sendo superado.
As ações de Eduardo Paes demonstraram que foram capazes de despertar o preconceito que existe contra Gabeira e que já se revelara no passado.