A absolvição de Renan
No Senado, não há uma só pessoa que aposte na possibilidade de Renan Calheiros ter seu mandato cassado em função do processo no qual é acusado de se valer de “laranjas” para comprar emissoras de rádio em Alagoas. Até, pelo contrário: muita gente diz que Renan pode ter mais votos a seu favor nesta votação, prevista para a próxima terça-feira, do que naquela de setembro, quando recebeu 40 votos e ainda foi favorecido por mais seis abstenções. Nesta quarta-feira, por 17 votos a 3, a Comissão de Constituição e Justiça aprovou a constitucionalidade do processo e o remeteu a plenário.
Desta vez, senadores aliados de Renan e também alguns que dizem querer sua punição afirmam que não deve haver votos pela abstenção. Com isso, alguns dos seis que no primeiro processo assim votaram, desta vez iriam fica a favor de Renan. Com isso, além dos 40 que já estiveram com ele no primeiro processo, pelo menos três poderão votar pelo arquivamento do processo.
A punição a Renan Calheiros deve ser seu afastamento definitivo da presidência do Senado, dizem seus aliados. Renan Calheiros tem feito mistério sobre o assunto, mas até mesmo aliados afirmam que ele vai renunciar ao cargo de presidente – e assim, será aberto o processo para nova eleição, no prazo de cinco dias. Esta foi a negociação dele com o Palácio do Planalto. Mas, para não tumultuar ainda mais a discussão da emenda que prorroga a CPMF até 2011, Renan só deve renunciar depois da aprovação da CPMF, em primeiro turno. É que, conforme o regimento do Senado, depois da renúncia, em cinco dias deve ser eleito o novo presidente. E as negociações podem deixar sequelas e frustrações que poderiam prejudicar a votação da prorrogação do chamado “imposto do cheque”.
O que se vê no Senado, hoje, é um clima muito mais favorável a Renan Calheiros do que aquele de setembro, quando foi votado o primeiro pedido de cassação de seu mandato. Mas, se Renan está tendo a compreensão de seus pares, no eleitorado de Alagoas, dizem aliados, a situação do presidente do Senado não é a mesma do passado. Hoje, sua imagem está desgastada no Estado e, para ter sucesso numa eleição próxima, ele terá muito de se esforçar.
- Ele perdeu prestígio em Brasília e força política no Estado – arrisca um amigo de Renan.
Resumo: Renan Calheiros consegue preservar o mandato de senador por Alagoas, mas, pelo menos por ora, não mais será um senador de prestígio junto ao governo federal nem um parceiro disputado em Alagoas. Este foi o preço.