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Em sua primeira fala como presidente reeleito, Luiz Inácio Lula da Silva informou que vai cuidar pessoalmente da articulação política do governo – tarefa que ele evitou no primeiro mandato, quando a entregou primeiramente a José Dirceu e depois a Aldo Rebelo, Jaques Wagner e Tarso Genro. Da mesma forma, ele pretende conduzir pessoalmente a composição do ministério. No primeiro mandato, a área econômica ficou a cargo de Antonio Palocci, então ministro da Fazenda, e o restante a José Dirceu, que se tornou o poderoso Chefe da Casa Civil. Lula nunca teve paciência para conversas ao pé do ouvido, como se dizia, e tampouco para negociações com partidos sobre a partilha de espaço em seu governo. Mas, agora, concluiu que não pode mais delegar a tarefa.
Outra decisão do presidente é a de que neste segundo mandato não deve haver um ministro com força tamanha a ser comparado a primeiro-ministro, como aconteceu com José Dirceu nos dois primeiros anos do atual mandato. E, no segundo mandato, ele pretende, segundo assessores mais próximos, dar especial atenção à área de infraestrutura e, também, a área social – não como ampliação do programa bolsa-família, mas “a porta de saída para os beneficiários do programa”. Quando fala em infraestrutura, Lula demonstra preocupação especial com as áreas de transportes e energia, citando sempre o biodiesel, sua obsessão, no momento.
– A cabeça do presidente Lula é a do peão do ABC, mas expandida. Para ele, o que importa é aumentar a produção e distribuir renda – disse um importante inquilino do Palácio do Planalto, acrescentando que Lula pretende ampliar o diálogo com os movimentos sociais.
Enquanto esteve na campanha neste segundo turno, Lula não falou em nomes para a equipe, mas dá a impressão a seus interlocutores de que já tem muita coisa decidida. Uma delas, na avaliação de assessores, é que Marta Suplicy vai ocupar um ministério, possivelmente, o Ministério das Cidades. Outro nome que os mais próximos dão como certo na equipe é o de Ciro Gomes, eleito deputado federal mais votado proporcionalmente.
O maior desafio de Lula na composição da equipe, segundo um auxiliar próximo, é encontrar nomes de fora dos partidos para substituir Roberto Rodrigues e Luiz Fernando Furlan que foram nomeados para os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, respectivamente. Os dois ministros se destacaram na administração. Rodrigues deixou o governo e Furlan avisou que quer sair, mas segundo auxiliares, poderá rever esta decisão. Alguns apostam que ele se Furlan continuar no governo poderia, até, mudar de pasta para tocar um ministério na área de infraestrutura, como o dos Transportes.
Outra mudança deve acontecer no Ministério da Justiça, uma vez que Márcio Thomaz Bastos já avisou que deixará o governo. O nome mais forte para substituí-lo é o do ex-ministro Nelson Jobim, que ocupou a pasta no governo Fernando Henrique Cardoso. Lula terá, ainda, de buscar espaço e novos nomes no PMDB.