Desenvolvimento, a obsessão

ter, 31/10/06
por Cristiana Lôbo |
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O presidente Lula quer deixar claro que quando fala que o nome de seu segundo mandato é desenvolvimento não está, apenas, fazendo retórica, buscando um discurso forte. Mas que esta é sua obsessão do momento, juntamente com distribuição de renda e educação de qualidade, como ele repetiu incansavelmente na campanha eleitoral.

Para definir o caminho a seguir a fim de acelerar o crescimento econômico no país, Lula convocou ministros da área econômica – Guido Mantega, da Fazenda e Paulo Bernardo, do Planejamento – e Dilma Roussef e, ainda o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para uma reunião no Palácio do Planalto.

Segundo auxiliares, Lula não se incomoda quando ouve opiniões divergentes entre assessores. Ao contrário, gosta disso. Até para sentir quem tem mais firmeza na devesa de seus pontos de vista.

Era Palocci

seg, 30/10/06
por Cristiana Lôbo |
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O presidente Lula tem repetido que seu segundo mandato vai ser melhor do que o primeiro porque agora ele tem mais experiência e saberá evitar problemas. Mas o resultado da eleição sequer havia sido proclamado e uma nova discussão – e perigosa – já estava colocada: “acabou a era Palocci”, disse o ministro Tarso Genro, que recebeu apoios do próprio Guido Mantega, o maior defensor dessa idéia, e do governador eleito da Bahia, Jaques Wagner. O time de petistas que saiu em defesa da idéia não é um time qualquer. É o time vencedor e que está mais próximo de Lula depois da sucessão de crises dos últimos dois anos.

A primeira pergunta que vem à cabeça de quem acompanha o governo é: vai começar tudo de novo? Afinal, Palocci saiu do silêncio para dizer que a política que comandou não representava a “era Palocci”, mas era a política do presidente Lula. Quem não se lembra das intermináveis brigas entre Palocci e José Dirceu em disputa sobre os rumos da política econômica? Certa vez, Dirceu chegou a estimar a taxa de juros no fim daquele primeiro ano de governo – em patamar que, mesmo com as últimas reduções e a menor taxa desde a medição pela Selic, o país ainda não chegou.

Bem, se o presidente Lula quer ter um segundo mandato melhor do que este, a primeira coisa que ele precisa fazer é evitar erros velhos. Se evitar os velhos, poderá não cometer erros novos. O governo já tem problemas que se acumulam do primeiro mandato – na área política, por exemplo. Lula terá de ter muita paciência, jogo de cintura e força para enquadrar petistas e partilhar o poder com os aliados, especialmente os novos e mais vorazes aliados. Se tiver uma disputa interna sobre rumos da política econômica as dificuldades políticas só aumentam.

O que não se sabe, com segurança, até agora é se Lula estimulou Tarso e Dilma – a dupla forte do Palácio do Planalto – a pregar o fim da era Palocci ou se isso foi iniciativa isolada deles. Afinal, na primeira fala como eleito, Lula disse que aprendeu na escola da vida que não se pode gastar mais do que se arrecada, mas deixou claro que neste mandato não pretende fazer um esforço fiscal tão duro que prejudique os investimentos necessários aos mais pobres. Uma declaração que pode ser lida de uma ou de outra maneira, a gosto do freguês.

O fato é que Lula acha que venceu a eleição por conta dos acertos de seu governo. Ele repete aquela ladainha de que “nunca neste país” um governo olhou tanto para os mais pobres, e, como citou no discurso da vitória o brasileiro “olhou para a mesa, para o prato e para o bolso”. Uma referência ao salário mínimo e ao baixo preço da cesta básica.

Aliás, este é o único ponto de concordância entre Lula e setores do PSDB: para alguns tucanos, a vitória de Lula foi construída a partir do aumento real do salário mínimo e do preço dos alimentos. Cabos eleitorais que nenhum outro candidato poderia derrubar. Sendo assim, erros de campanha teriam menor importância. Uma forma de ver a derrota.

O que muda no segundo mandato?

dom, 29/10/06
por Cristiana Lôbo |
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Em sua primeira fala como presidente reeleito, Luiz Inácio Lula da Silva informou que vai cuidar pessoalmente da articulação política do governo – tarefa que ele evitou no primeiro mandato, quando a entregou primeiramente a José Dirceu e depois a Aldo Rebelo, Jaques Wagner e Tarso Genro. Da mesma forma, ele pretende conduzir pessoalmente a composição do ministério. No primeiro mandato, a área econômica ficou a cargo de Antonio Palocci, então ministro da Fazenda, e o restante a José Dirceu, que se tornou o poderoso Chefe da Casa Civil. Lula nunca teve paciência para conversas ao pé do ouvido, como se dizia, e tampouco para negociações com partidos sobre a partilha de espaço em seu governo. Mas, agora, concluiu que não pode mais delegar a tarefa.

Outra decisão do presidente é a de que neste segundo mandato não deve haver um ministro com força tamanha a ser comparado a primeiro-ministro, como aconteceu com José Dirceu nos dois primeiros anos do atual mandato. E, no segundo mandato, ele pretende, segundo assessores mais próximos, dar especial atenção à área de infraestrutura e, também, a área social – não como ampliação do programa bolsa-família, mas “a porta de saída para os beneficiários do programa”. Quando fala em infraestrutura, Lula demonstra preocupação especial com as áreas de transportes e energia, citando sempre o biodiesel, sua obsessão, no momento.

– A cabeça do presidente Lula é a do peão do ABC, mas expandida. Para ele, o que importa é aumentar a produção e distribuir renda – disse um importante inquilino do Palácio do Planalto, acrescentando que Lula pretende ampliar o diálogo com os movimentos sociais.

Enquanto esteve na campanha neste segundo turno, Lula não falou em nomes para a equipe, mas dá a impressão a seus interlocutores de que já tem muita coisa decidida. Uma delas, na avaliação de assessores, é que Marta Suplicy vai ocupar um ministério, possivelmente, o Ministério das Cidades. Outro nome que os mais próximos dão como certo na equipe é o de Ciro Gomes, eleito deputado federal mais votado proporcionalmente.

O maior desafio de Lula na composição da equipe, segundo um auxiliar próximo, é encontrar nomes de fora dos partidos para substituir Roberto Rodrigues e Luiz Fernando Furlan que foram nomeados para os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, respectivamente. Os dois ministros se destacaram na administração. Rodrigues deixou o governo e Furlan avisou que quer sair, mas segundo auxiliares, poderá rever esta decisão. Alguns apostam que ele se Furlan continuar no governo poderia, até, mudar de pasta para tocar um ministério na área de infraestrutura, como o dos Transportes.

Outra mudança deve acontecer no Ministério da Justiça, uma vez que Márcio Thomaz Bastos já avisou que deixará o governo. O nome mais forte para substituí-lo é o do ex-ministro Nelson Jobim, que ocupou a pasta no governo Fernando Henrique Cardoso. Lula terá, ainda, de buscar espaço e novos nomes no PMDB.

Notas da vitória

dom, 29/10/06
por Cristiana Lôbo |
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No pronunciamento em que reconheceu a vitória, o presidente reeleito disse que quer conversar com todos os partidos, sem distinção, e que o adversário, agora, é a injustiça social. Ele mandou, ainda, um recado para os que temiam uma mudança na política econômica. Afirmou que aprendeu não em escola de economia, mas na escola da vida que não se pode gastar mais do que se ganha porque assim vai aumentar muito a dívida.

Em 2002, o presidente Lula estampou no peito a camiseta com os dizeres “a esperança venceu o medo”e, desta vez, a inscrição na camiseta deu o tom do segundo mandato, o de unidade: “a vitória é do Brasil”. Reeleito, o presidente Lula demonstrou que pretende superar as divergências da campanha e pregar a unidade nacional. “A vitória não é do Lula, não é do PT, não é do PC do B, a vitória é do Brasil”, e fez referência à inscrição da camiseta.

Guido Mantega se postou bem atrás do presidente Lula no momento em que ele falava como vitorioso. Mantega é candidato a se manter no cargo e, ainda, quer ter o comando do Banco Central, indicando um novo nome no lugar de Henrique Meirelles. Até agora, não conseguiu assegurar nenhuma das duas postulações.

Lula fez questão de citar nominalmente dois governadores eleitos: Jaques Wagner, da Bahia, a grande surpresa da eleição no primeiro turno e Marcelo Miranda, do Tocantins, reeleito, e que é do PMDB – o novo aliado preferencial.

No pronunciamento, Lula voltou a pregar a reforma política e de forma consensual com os governadores.

“Continuaremos governar o Brasil para todos, mas dando preferência aos mais pobres”, disse o presidente Lula. Afinal, ele obteve 77% dos votos. Uma vitória siginificativa.

Recado aos sindicalistas: “Reivindiquem o que quiserem, tudo o que quiserem. Mas só vamos dar o que for possível”.

A divisão ideológica no PSDB

dom, 29/10/06
por Cristiana Lôbo |
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Em seus 18 anos de vida, o PSDB já passou por diversas crises, rachas internos. Era o grupo covista contra o de Fernando Henrique; os paulistas contra os cearenses; ou todos tentando reduzir o poder dos paulistas. Agora, a divisão tem uma conotação mais ideológica. O partido está dividido entre os que querem continuar de braços dados com o PFL e o outro que prefere marcar posição mais à esquerda.

O ex-presidente Fernando Henrique defende uma oposição firme ao governo Lula, mas sem ser empurrado para a a direita – como prentende o PT. Para isso, a oposição tucana deverá ser mais ideológica. Fernando Henrique já demonstrou algum interesse em ser presidente do instituto de estudos do partido, o Instituto Teotönio Vilela, de onde, então, daria o tom do discurso político do partido, retomando o discurso de centro esquerda.

Neste contexto, o primeiro teste será a eleição para a presidência do Senado. Com o resultado da eleição de outubro, o PFL ficou com a maior bancada, de 18 senadores. Ao partido, então, caberia indicar o novo presidente da Casa. Só que vai valer o tamanho da bancada no dia da proclamação dos resultados pela Justiça Eleitoral. Tem tempo, portanto, outros partidos como o PMDB para ampliar sua bancada. E terreno para avançar. O PMDB que ficou com 17 senadores, pode superar de longe o PFL com novas filiações – a começar por tirar dois senadores do PFL, como Roseana Sarney e Edison Lobão, além de Epitácio Cafeteria, eleito pelo PTB e Leomar Quintanilha, do PC do B.

No PSDB há um grupo que não quer votar no PFL, nem se o partido indicar Marco Maciel para a presidência. Prefere outro partido, ainda que seja o PMDB que agora é aliado de Lula.

Uma troca de gerações

dom, 29/10/06
por Cristiana Lôbo |
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Nesta eleição de 2006, entra em campo um time de vitoriosos de uma nova faixa etária. É a turma que ouviu Titãs, Kid Abelha, que não viveu 64 e acompanhou o movimento de 68 pelos livros – como o “1968 – O ano que não terminou”, de Zuenir Ventura. No grupo, tem gente de vários partidos e o que os uniu foi o bom resultado nas urnas deste ano. Estão aí Aécio Neves, Eduardo Campos, Sérgio Cabral, Cid Gomes, Ciro Gomes, Marcone Perillo – que assumem vagas que um dia foram de homens atuantes no golpe militar ou depois dele.

A idade às vezes aproxima. Ou a história de vida. Aécio Neves e Eduardo Campos estão em lados distintos. Mas ambos têm história semelhante – são netos de homens que tiveram grande importância na vida política do país antes de 64, Tancredo Neves e Miguel Arraes. Arraes e Tancredo conviveram no antigo MDB. Mas quando Arraes se filiou ao partido, Tancredo disse uma frase que ficou nos anais da política: “O PMDB do Arraes não é o meu PMDB”. Aécio e Eduardo, mesmo em partidos diferentes, estão sempre conversando. À espera do dia em que poderão estar juntos.

Ciro Gomes e Marcone Perillo são os dois mais votados proporcionalmente – Ciro, para a Câmara e Marcone para o Senado. Já estiveram no mesmo partido, o PSDB, mas agora Ciro está no PSB, enquanto Marcone continua tucano. Os dois têm estilo parecido. São sempre contundentes nas declarações e não escondem suas ambições. Os dois sonham com a presidência da República. Aliás, como todos os novos líderes.

A eleição de 2006 encerra um longo processo de transição que começou com a Constituinte de 1998 que passou por crises agudas como a do impeachment do primeiro presidente eleito pelo voto direto (Fernando Collor eleito em 89 e renunciou em 1992) e prepara o terreno para 2010 – que terá, pelo visto, candidatos desta nova geração.

Lula vai tirar férias quarta-feira

sáb, 28/10/06
por Cristiana Lôbo |
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O presidente Lula decidiu que vai tirar uns dias de férias a partir de quarta-feira. O destino ainda não está definido, mas será uma praia aqui no Brasil. As alternativas são Rio de Janeiro, Bahia e Guarujá e ele deve permanecer até domingo, acompanhado apenas de familiares.

Os principais assessores de Lula ainda tentam que ele retorne a Brasília na noite de domingo, quando ele espera ser proclamado reeleito para mais um mandato. Mas Lula tem dito que prefere ficar em São Paulo, só retornando a Brasília na segunda-feira.

A agenda de segunda-feira está reservada para Lula responder a telefonemas de chefes de Estado estrangeiros. Na sexta-feira, ele já recebeu tefonemas do francês Jacques Chirac e do primeiro-ministro da Espanha José Zapatero.

Afagos

sáb, 28/10/06
por Cristiana Lôbo |
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Geraldo Alckmin usou a gravata que ganhou de presente de José Serra no debate da TV Globo, na noite de sexta-feira.

Mas para a única vaga que havia no helicóptero que o levou do aeroporto até o Projac ele convidou o governador Aécio Neves.

Só Aécio circula

sáb, 28/10/06
por Cristiana Lôbo |
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No debate da TV Globo, na noite de sexta-feira, ficou claro que a radicalização nos discursos de campanha é real a ponto de ficarem apartados os aliados de Lula e de Alckmin. Não houve entrosamento entre os convidados dos dois candidatos, com exceção para o mineiro Aécio Neves , que passeou de um lado para outro com tucanos e petistas.

– Você um dia pode precisar dos pobres – brincou o governador eleito de Sergipe, Marcelo Deda, quando cruzou com Aécio que, distraído, conversava com outra pessoa e não o viu.

Em seguida, Aécio encontrou-se com Wellington Dias, reeleito governador do Piauí, e fez uma provocação:

– Você arranjou uma estrela do PT verde?

– Isso é opala do Piauí – respondeu.

E Aécio continuou no salão, beliscando salgadinhos, e foi conversar com Gilberto Gil. Quando voltou ao estúdio para acompanhar o debate, ele mais uma vez chamou Deda. “Vem para cá”, convidando-o a ficar na parte reservada aos tucanos. “Prefiro lá”.

Ministros, governadores eleitos, líderes do governo e do PT na Câmara e no Senado e os presidentes das duas Casas foram convidados por Lula a ocuparem as 40 cadeiras do estúdio que lhe foram reservadas. Em alguns momentos, o chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, saía para dar sua vaga a outro pestista.

Desta vez, tudo diferente

sex, 27/10/06
por Cristiana Lôbo |
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O presidente Lula já decidiu que vai ficar em São Paulo depois de votar pela manhã em São Bernardo. Não voltará a Brasília, como fizera no primeiro turno. Ele havia convocado todos os ministros e aliados vitoriosos para estarem em Brasília à noite, quando espera ver proclamado o resultado da eleição e sua vitória, mas mudou de idéia e pediu que todos voem para São Paulo.

Os aliados do presidente já estão chegando ao Rio de Janeiro. Ele quer chegar às 21 hs ao estúdio da TV Globo acompanhado pelas principais lideranças do PT e partidos aliados, dos governadores eleitos e ministros. Mostrar um time forte e vitorioso.

O retorno do presidente a Brasília está previsto para segunda-feira. De lá, ele deve convocar uma entrevista coletiva – para marcar um novo tipo de relacionamento com a imprensa neste segundo mandato.

É esperar e conferir.



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