Vizinhos que vivem nas proximidades da Casa de Custódia de Teresina, local onde houve uma rebelião nesta segunda-feira (14), relataram a apreensão de morar próximo a uma unidade prisional. “É a única opção de moradia que tenho. Se tivesse um oportunidade de mudar, eu mudaria”, falou uma dona de casa que quis ter a identidade preservada.
Ela não é a única que convive com o medo no bairro Santo Antonio. Basta dar uma volta nas ruas próximas ao presídio para ver que boa parte das residências é protegida por grades. “O medo acaba não sendo maior porque a gente passa o dia trancado dentro de casa. Todo lugar hoje é perigoso, não é só aqui por ser perto de uma penitenciária não”, desabafou Francinete de Araújo, 38 anos. Ela mora há apenas cinco meses no local com o marido e um neto.
A rebelião na Casa de Custódia começou ainda na madrugada e teve a participação de mais de 800 detentos, quase o número total de presos da unidade. Por volta do meio dia, quase 10 horas após o início da rebelião, a direção da unidade disse que 95% dos presos já haviam sido contidos e faria a contagem dos detentos.
A tropa de choque da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Rondas Ostensivas de Natureza Especial (BpRone) foram acionados. As rebeliões ocorrem no mesmo dia em que os agentes penitenciários deflagraram greve.
Inaugurada há mais de 20 anos, a Casa de Custódia José Ribamar Leite é a unidade prisional do estado que concentra a maior parte da população carcerária. Hoje são cerca 850 presos, quando a capacidade do presídio é para apenas 330 detentos.
Tensão de familiares
Familiares revoltados e ansiosos por notícias sobre os detentos resolveram fazer uma barricada e interromper o trânsito em um trecho da BR-316.
Com o barulhos dos disparos que vinham de dentro do presídio, muitas mulheres se desesperaram e algumas chegaram a desmaiar. Houve correria do lado de fora da unidade e o clima ficou ainda mais tenso quando homens da tropa de choque encapuzados entraram. "Não matem nossos filhos", gritavam algumas mães.
Alguns familiares foram para a lateral do presídio e soltaram fogos em direção a área interna da penitenciária, mas acabaram sendo contidos por policiais militares, que recolheram os artefatos.