16/12/2015 18h10 - Atualizado em 16/12/2015 23h14

Recife tem protesto contra impeachment e Eduardo Cunha

Grupo caminhou da Praça Oswaldo Cruz até a Rua da Aurora.
PM contabilizou 4 mil pessoas, organizadores dizem que havia 50 mil.

Do G1 PE

A Praça Oswaldo Cruz, no centro, foi o ponto de partida, no Recife, para a manifestação contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e pedindo a cassação do mandato do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, na tarde desta quarta-feira (16). Atos foram realizados em várias cidades brasileiras. A caminhada no Recife começou pouco depois das 17h, seguindo pela Avenida Conde da Boa Vista até a Rua da Aurora, em frente ao monumento Tortura Nunca Mais. Os manifestantes andaram até o monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora, onde houve um ato de encerramento que acabou às 19h15.

A Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE) informou que havia mais de 50 mil pessoas no ato. A Polícia Militar não divulgou nenhum número oficial. No entanto, o capitão Pereira, do 16º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco, responsável pela a atuação da corporação no local, afirmou que havia aproximadamente 4 mil pessoas. Ruas como Gonçalves Maia, Conde da Boa Vista e a Praça Osvaldo Cruz chegaram a ser interditadas ao longo do percurso.

O ato conta com a participação de integrantes da CUT-PE, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), sindicatos e de movimentos estudantis e sociais. Nas ruas foram vistas várias referências ao deputado, como um manifestante que usava máscara dele e segurava "cédulas". Uma faixa trazia a frase: "Fora Cunha, não ao ajuste".

Manifestante no Recife segura cédulas e usa máscara de Eduardo Cunha (Foto: Katherine Coutinho/G1)Manifestante no Recife segura cédulas e usa máscara de Eduardo Cunha (Foto: Katherine Coutinho/G1)

 

O maracatu da juventude do Levante Popular seguiu na frente do ato puxando os grupos. Às 17h15 a Avenida Conde da Boa Vista foi bloqueada no sentido Centro. O trânsito ficou bastante complicado nos dois sentidos.

"A burguesia se adiantou de novo, está com toda intolerância contra o povo. Sim a Dilma e fora Cunha. Cunha é corrupto, da extrema direita reacionária, que não deveria sequer ser deputado. Dilma é a simbologia desse projeto que está aí. Precisamos ir para a rua defender a democracia", defendeu o coordenador estadual do MST, Jaime Amorim.

O presidente da CUT no estado, Carlos Veras, explicou que a entidade também é contra o ajuste fiscal. "Estamos aqui na rua em defesa da democracia. A presidenta Dilma não cometeu nenhum crime para ser cassada. Não podem querer tirá-la só porque não gostam da cara dela. O [Eduardo] Cunha não pode querer se livrar dos processos com chantagem", explica Veras.

Maracatu do Levante Popular puxou a caminhada no Recife (Foto: Katherine Coutinho/G1)Maracatu do Levante Popular puxou a caminhada no Recife (Foto: Katherine Coutinho/G1)

 

 

Ser contra o impeachment, no entanto, não exclui as críticas ao governo segundo Gleisa Campigotto, coordenadora estadual da Frente Brasil Popular, que congrega estudantes e movimentos sociais. "A nossa democracia é muito jovem e está sofrendo um ataque. Não podemos deixar acontecer esse golpe que está se desenhando. Isso não exime o governo de críticas, os trabalhadores vêm também sofrendo ataques", afirmou a coordenadora, defendendo ainda a saída do ministro da Fazenda, Levy Arruda.

O diretor da CTB, William Menezes, explicou que as conquistas dos últimos anos não podem ser perdidas. "Estamos em defesa da democracia, devido a essa questão do Congresso e impeachment. Isso é também a defesa dos direitos dos trabalhadores", apontou.

O coordenador estadual da Central de Movimentos Populares, Eduardo Horas, defendeu que tirar Dilma é um retrocesso. "O governo pode não estar seguindo o Programa vencedor nas urnas, mas pelo menos estamos mantendo as conquistas sociais que tivemos nos últimos anos. Se tirar a Dilma, quem garante a manutenção do Bolsa Família?", questionou.

"Ficaremos nas ruas sempre contra o golpe e a favor da democracia. Nós sabemos lutar e estar nas ruas é uma condição essencial", defendeu a presidente estadual do PT, deputada Teresa Leitão. "Hoje estamos tendo que lidar com um golpe contra uma presidente legitimamente eleita. Agora, menos de um ano depois, a mesma direita derrotada no segundo turno está tentando um terceiro turno", afirmou o deputado estadual Edilson Silva (PSOL).

"Ontem, Miguel Arraes faria 99 anos. Hoje vemos o partido que ele fundou chafurdar na lama para apoiar essa tentativa de golpe. Não posso dizer o que Arraes faria. Eu sei o lado que ele não estaria, que é ao lado de quem apoiou a ditadura. Não ao golpe", afirmou a vereadora Marília Arraes (PSB).

"A partir de hoje, fica evidente que não basta caminhar na rua. A gente tem que conversar com as pessoas. Essa pessoa tem que estar consciente do que está acontecendo, o quanto isso significa na sua saúde, sua educação. Tem que levar a luta política pra vida", defendeu o cantor e compositor Fred Zero Quatro.

No Recife, manifestantes se concentram na Praça Oswaldo Cruz, no centro (Foto: Katherine Coutinho/G1)No Recife, manifestantes se concentram na Praça Oswaldo Cruz, no centro (Foto: Katherine Coutinho/G1)

 

 

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