29/10/2015 08h46 - Atualizado em 29/10/2015 10h01

Acusados de matar o radialista Jota Cândido devem ser julgados nesta 4ª

Júri está marcado para as 9h no Fórum Rodolfo Aureliano, no Recife.
Sessão acontece dez anos após o crime e já foi adiada quatro vezes.

Do G1 PE

Está marcado para esta quinta-feira (29), no Recife, o julgamento dos quatro homens acusados de matar o vereador e radialista Jota Cândido. Ele foi executado, com vinte tiros, na frente da rádio em que trabalhava, em Carpina, há dez anos. O júri já foi adiado quatro vezes. Na última delas, em junho deste ano, a promotoria afirmou que a principal prova do processo havia sumido.

Na ocasião, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) declarou que registros telefônicos apontavam o envolvimento dos acusados na morte do radialista. Três deles são policiais militares e teriam estado no local do crime na hora em que Jota Cândido foi executado. Os documentos, no entanto, não foram encontrados nos autos do processo em junho. Por isso, a promotoria solicitou o adiamento do julgamento.

A filha de Jota Cândido espera que réus sejam condenados e mandantes do crime, descobertos (Foto: Wagner Sarmento/ TV Globo)A filha de Jota Cândido espera que réus sejam
condenados e mandantes do crime, descobertos
(Foto: Wagner Sarmento/ TV Globo)

A família do radialista lamenta o episódio e espera que, desta vez, o julgamento não seja adiado novamente. "Se dentro do próprio poder judiciário sumiu uma prova do processo, em quem agora podemos confiar?", explica a filha do radialista, Karoline Cândido. "Nossa esperança é que, de fato, hoje esse julgamento aconteça. Não é fácil, por dez anos, um processo se arrastar desse jeito. Não pode uma pessoa que era um representante do município perder sua vida e ficar por dez anos esperando um julgamento", completa.

Karoline ainda reclama que, até hoje, os mandantes do crime não foram identificados. "Isso incomoda a família e é muito suspeito. Toda a sociedade carpinense sabe que esse foi um crime político. Jota Câmara era vereador atuante e era contra a gestão da época", diz a filha do radialista, contando que ele foi morto depois de apresentar um projeto de lei contra o nepotismo. A esperança da família é que, com a condenação dos réus, esses mandantes apareçam. "Eles não vão aguentar responder por esse crime sozinho", torce a filha do radialista, que foi ao julgamento vestindo uma camisa com a foto do pai.

Nesta quinta, o júri deve começar às 9h no Fórum Rodolfo Aureliano, no bairro de Joana Bezerra, Zona Sul do Recife. Nem a defesa nem a acusação vão apresentar testemunhas – segundo o processo, uma testemunha foi assassinada dias depois de ser ouvida no inquérito. Por isso, o resultado do julgamento será decidido após os depoimentos dos réus e o debate entre a promotoria e a defesa. Os sete jurados que vão compor o júri serão sorteados no início da sessão.

Entenda o caso
Jota Cândido foi morto no momento em que chegava para o trabalho, em uma rádio da cidade de Carpina, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, em 1º de julho de 2005. Ele levou vinte tiros ainda dentro do carro, por volta das 6h30. Antes disso, o radialista já havia escapado de outro atentado.

O crime chocou a sociedade local e, segundo a polícia, teve motivação política. O radialista denunciava problemas da prefeitura de Carpina na rádio. Dias antes de ser executado, também havia apresentado, na Câmara de Vereadores, um projeto de lei contra o nepotismo.

Dias depois do homicídio, a polícia chegou a prender os quatro réus deste julgamento. Foram indiciados pelo crime os policiais militares Edilson Soares Rodrigues, Tairone César da Silva Pereira e André Luiz de Carvalho e o motorista Jorge José da Silva. Todos eles, no entanto, foram liberados e até hoje aguardam o júri em liberdade.

De acordo com a justiça, os réus teriam recebido dinheiro para matar o radialista e, para cometer o homicídio, usaram de meio que impossibilitou a defesa da vítima. Por isso, são acusados de homicídio qualificado e podem pegar uma pena de até 30 anos de reclusão.

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