Por g1 Pernambuco


Babalorixá Tata Raminho de Oxóssi morre aos 88 anos, no Recife

Babalorixá Tata Raminho de Oxóssi morre aos 88 anos, no Recife

Morreu, na manhã deste domingo (8), o babalorixá Tata Raminho de Oxóssi, de 88 anos (veja vídeo acima). Eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2022, o líder religioso era conhecido por conduzir as tradicionais festas da Noite dos Tambores Silenciosos e das Águas de Oxalá, realizadas todos os anos no período do carnaval no Recife e em Olinda (saiba mais abaixo).

Ao g1, o babalorixá José Iguaracy Felipe da Costa, um dos "filhos de santo" dele, disse que Raminho de Oxóssi estava internado há pouco mais de uma semana no Hospital Hapvida, no bairro da Ilha de Leite, na área central do Recife, para tratar uma infecção urinária. A morte foi constatada por volta das 5h30.

"Um homem sábio, uma enciclopédia fora do comum, um grande pai, um grande amigo. [...] O afoxé dele, o Ara Odé, é o mais antigo de Pernambuco. Tinha essa cultura há anos, era bem relacionado com a cultura. Uma pessoa esplêndida", afirmou o babalorixá Iguaracy ao g1.

Segundo o pai de santo, o sepultamento acontece na segunda-feira (9), às 14h, no Cemitério de Santo Amaro, no bairro de Santo Amaro, no Centro da capital pernambucana.

Babalorixá Tata Raminho de Oxóssi — Foto: Reprodução/YouTube

Quem foi Tata Raminho de Oxóssi

  • Nascido em 1936, Severino Martiniano da Silva estabeleceu seu primeiro terreiro no Complexo de Salgadinho, em Olinda;
  • Anos mais tarde, se mudou para o bairro de Jardim Brasil I, também em Olinda, e fundou o terreiro Roça Jeje Oxum Opará Oxóssi Ibualama, que manteve até o fim da vida;
  • Organizou, com a ialorixá Badia, a comunidade negra do Pátio do Terço, em São José, no Centro do Recife, onde celebrava a tradicional Noite dos Tambores Silenciosos, na segunda de carnaval, com batuqueiros de vários grupos de maracatu-nação para reverenciar os orixás até a meia-noite, quando os tambores silenciam;
  • Ele também conduzia, há 42 anos, a festa Águas de Oxalá, realizada todos os anos no segundo domingo de janeiro;
  • A celebração consiste na lavagem da escadaria da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, no Sítio Histórico de Olinda, e marca a abertura do ciclo carnavalesco da cidade.

Pesar

Em uma postagem no Instagram, a Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) afirmaram que:

  • "Lamentam, com profundo pesar, o falecimento de Raminho de Oxóssi, Patrimônio Vivo de Pernambuco, líder espiritual e guardião das tradições afro-brasileiras";
  • "Neste momento de imensa dor, [...] manifestam seus profundos sentimentos à família, aos filhos e filhas de santo, aos amigos e a todos os que tiveram suas vidas tocadas pela sabedoria e espiritualidade de Raminho de Oxóssi".
  • "Raminho de Oxóssi dedicou sua vida à preservação da cultura, da fé e das expressões populares do nosso estado";
  • "Como referência na tradição dos terreiros de candomblé, ele deixa um legado que transcende gerações, fortalecendo as raízes identitárias do povo pernambucano";
  • "Seu legado será eternamente celebrado e continuará a iluminar os caminhos da cultura e da fé em Pernambuco".

Em nota de pesar, a prefeitura de Olinda declarou que:

  • Recebeu "com muita tristeza a notícia do falecimento de Tata de Raminho de Oxóssi, sacerdote das Águas de Oxalá, que abre o ciclo carnavalesco de Olinda com sua benção";
  • "Com muita dedicação, Tata teve uma grande trajetória na transmissão e preservação das tradições afro-brasileiras";
  • "O legado de Tata Raminho continuará presente em todas as gerações".

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