Operação que prendeu Deolane Bezerra — Foto: Genival Paparazzi/AgNews
Em entrevista ao programa Encontro, na manhã desta quinta-feira (5), o chefe da Polícia Civil de Pernambuco afirmou que dez pessoas já foram presas na operação que prendeu a empresária e influenciadora digital Deolane Bezerra no Recife, na quarta (4). A operação investiga uma organização criminosa suspeita de lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais.
De acordo com o delegado Renato Márcio Rocha Leite, todos os 24 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Ainda existem dois alvos foram do país e outros cinco mandados de prisão devem ser cumpridos até o fim do dia.
"Existem alguns alvos fora do país e outros não foram localizados ontem nas respectivas residências. Porém, hoje a gente já deve estar cumprindo aí pelo menos mais cinco mandados, um total de aproximadamente dez pessoas já presas", disse o chefe da Polícia Civil.
Um balanço parcial divulgado no início da tarde pela polícia revelou que foram apreendidos até agora:
- Documentos que devem se transformar em provas do inquérito;
- R$ 439.869 em espécie;
- 2.153 dólares americanos em espécie (o equivalente a cerca de R$ 12.146,15);
- 5.819 euros em espécie (o equivalente a cerca de R$ 36.372,34);
- 6.310 libras esterlinas em espécie (cerca de R$ 46.567,80);
- Duas aeronaves e dois helicópteros avaliados em R$ 127 milhões;
- Cinco automóveis de luxo avaliados em R$ 24.440.196,79;
- 37 bolsas femininas de luxo;
- 76 anéis e 17 joias de diversos modelos;
- 16 relógios de luxo.
A investigação
Na quarta-feira (4), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) informou que cerca de R$ 3 bilhões foram movimentados por uma quadrilha que usava empresas de eventos e casas de câmbio para lavar dinheiro de jogos ilegais. O grupo foi alvo da terceira fase da operação "Integration" nesta quarta-feira (4).
Foram expedidos 19 mandados de prisão. Entre os presos, estão a advogada e influenciadora Deolane Bezerra e a mãe dela, Solange Bezerra. Não foi divulgada qual seria a participação delas nos supostos crimes. Também foram expedidos 24 mandados de busca e apreensão, cumpridos em seis estados: Goiás, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pernambuco e São Paulo.
Segundo o inquérito, a organização criminosa usava várias empresas de eventos, publicidades, casas de câmbio e seguros para lavagem de dinheiro realizada por meio de depósitos e transações bancárias.
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Os recursos foram movimentados por meio de aplicações financeiras e dinheiro em espécie, provenientes de jogos ilegais. O ministério, no entanto, não detalhou quais são esses jogos e a participação dos investigados no esquema.
O dinheiro, segundo a investigação, era lavado por meio de depósitos fracionados em espécie, transações bancárias entre os investigados com saque imediato do montante, compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de luxo, além da compra de centenas de imóveis.
Os investigadores identificaram transações atípicas de pessoas físicas e jurídicas, que indicam indícios de crimes financeiros, sem nenhum suporte para as transações comerciais e financeiras feitas pelo grupo.
Além disso, a maioria dos integrantes tem padrão de vida incompatível com a renda e bens declarados.
A investigação começou em abril de 2023, a partir da apreensão de R$ 180 mil em espécie em 1º de dezembro de 2022. A apreensão foi realizada na Banca Caminho da Sorte, que pertence a Darwin Henrique da Silva, pai do dono da Esportes da Sorte. A operação "Integration" é a terceira fase da operação contra o grupo criminoso. Não foram divulgados detalhes sobre as outras duas fases.
Uma das empresas que está sendo investigada pela operação é a plataforma de apostas online Esportes da Sorte, que patrocina times de futebol como o Corinthians, Athletico-PR, Bahia, Grêmio, Palmeiras, Ceará, Náutico e Santa Cruz. Em nota, a empresa disse ter compromisso com a verdade e com o cumprimento de seus deveres legais.
Prisão de Deolane
Deolane e a mãe chegam pra fazer exame de Corpo de Delito no IML no Recife
Deolane Bezerra mora em São Paulo, mas nasceu em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco. Ela estava em Pernambuco, em viagem com a família quando foi presa.
Após a prisão, mãe e filha foram levadas para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste na cidade. A mãe de Deolane chegou a passar mal e precisou ser levada para um hospital particular da cidade para ser atendida.
Em seguida, elas foram levadas para fazer exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML), cuja sede fica no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife. A TV Globo registrou o momento em que a advogada e a mãe dela chegam numa viatura policial e, em seguida, entram em uma sala (veja vídeo acima).
Bens apreendidos
Chefe da Polícia Civil de Pernambuco fala sobre bens apreendidos em operação que prendeu Deolane Bezerra
De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, também foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações de vários investigados (veja vídeo acima). Também foi pedida a entrega de passaporte, suspensão do porte de arma de fogo e cancelamento do registro de arma de fogo também de várias pessoas.
Segundo o delegado Renato Rocha, apenas em um local foram encontrados 11 relógios da marca de luxo "Rolex". Um dos alvos já é considerado foragido da Justiça.
Entre os bens apreendidos estão:
- 2 helicópteros
- 1 avião
- carros de luxo, sendo um na mansão de Deolane Bezerra
- embarcações
- imóveis
- joias
- notas de dinheiro em euro e dólar
- bolsas de luxo
- garrafas de vinho avaliadas em torno de R$ 5 mil cada uma
O que diz a defesa
O escritório da advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes sociais em que diz que a investigação é sigilosa e que a divulgação de detalhes específicos do processo "não só desrespeita o direito à privacidade da investigada, como também pode configurar violação de segredo de Justiça, sujeitando os responsáveis às devidas sanções legais".
"Ressaltamos que a Dr. Deolane Bezerra tem plena confiança na Justiça e permanece à disposição para colaborar com as autoridades competentes, de modo a esclarecer todos os fatos. Além disso, informamos que o corpo jurídico da Dra. Deolane já está tomando todas as providências cabíveis para garantir o respeito ao sigilo processual e para responsabilizar aqueles que, porventura, estejam divulgando informações inverídicas ou confidenciais de forma indevida", diz a nota.
"Mais uma vez, venho aqui por minha cara a bater e falar que estamos sendo perseguidas. E que vamos provar a nossa inocência, custe o que custar. Espero que não venham especular e que não me perguntem nada. O que eu tinha para dizer, está dito aqui. E se eu tiver alguma atualização, eu venho falar, porque nós não temos vergonha e nós não devemos nada", disse a irmã.
O que diz a Esportes da Sorte
Por meio de nota, a Esportes da Sorte informou que "ratifica seu compromisso com a verdade, com o jogo responsável e, principalmente, com o cumprimento de todos os seus deveres legais".
"A nossa casa está de portas abertas para apresentar documentos, esclarecer dúvidas e prestar apoio irrestrito a qualquer ação investigatória. Atuamos sempre com muita transparência e lamentamos o fato de, no momento, estarmos às escuras, sem acesso aos autos do inquérito e aos motivos da ação policial. Seguimos à disposição para todo tipo de esclarecimento que seja necessário para elucidar qualquer controvérsia", diz a nota.
O advogado do dono da Esportes da Sorte, Pedro Avelino, disse em entrevista que ainda precisa entender o contexto da operação.
"O que aconteceu hoje foi um cumprimento de um mandado de busca e apreensão. A gente vai se habilitar dentro dessa representação para entender todo o contexto. É importante registrar que a gente já se colocou à disposição da autoridade policial há mais de um ano e meio. Então a gente acha estranho virem medidas tão gravosas como mandado de prisão, mandado de busca e apreensão, quando a gente desde o início da investigação vem cooperando com a polícia", disse o advogado.