Por Mario Carvalho, TV Globo


Vítima de atropelamento em Jaboatão faz corpo de delito 5 meses após acidente

Vítima de atropelamento em Jaboatão faz corpo de delito 5 meses após acidente

A empregada doméstica Daniele Marcelino dos Santos não lembra do que aconteceu no dia 31 de março de 2024, quando ela e um grupo de fiéis que acompanhavam a procissão do domingo de Páscoa foram atropelados por um micro-ônibus que fazia linha complementar em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O veículo desceu a Ladeira do Adelaide, no bairro de Marcos Freire, sem controle, deixando cinco pessoas mortas e 29 feridas.

Daniele teve politraumatismo, perdeu parte do baço e do intestino, e ficou internada durante quatro meses. Em casa há cerca de um mês, ela se recupera das sequelas e foi levada nesta quinta-feira (22) para fazer exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML).

“Estava muito debilitada e não conseguia sair de casa. Não lembro muita coisa. Lembro que estava descendo a procissão, descendo a ladeira, mas não lembro do acidente. (...) Raramente eu ia para procissão, mas para essa, sempre ia”, contou, em entrevista à TV Globo.

Sem conseguir andar, a trabalhadora depende de ajuda financeira de amigos para custear as sessões de fisioterapia e a compra de remédios. Apesar de já ter dado entrada no auxílio-doença junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o benefício ainda deve demorar para ser liberado.

O marido, Marcones Gomes, pediu adiantamento das férias para ficar com a esposa, mas o período acabou nesta quinta, e a partir de agora Daniele vai ficar sob os cuidados de uma vizinha.

“Cada dia que passa é uma luta. (...) Tenho dor no braço, na perna, tem hora que não posso nem mexer. Estou fazendo fisioterapia particular; tenho duas fisioterapeutas: uma que uma amiga paga, e outra a gente está pagando. O curativo é em casa. Antes era todos os dias e agora é dia sim, dia não”, explicou.

Daniele dos Santos disse que a prefeitura de Jaboatão enviou uma pessoa para verificar as condições de saúde dela apenas uma vez e lamentou tudo o que está passando e todo o sofrimento que as demais famílias passaram e ainda estão passando.

“Não sei nem o que dizer. O que a gente passou, o sofrimento da gente, o que cada um sofreu; o que eles fizerem não vai mudar nada. Tenho fé de que vou voltar a andar. (...) Quero esquecer, deixar tudo para trás. Quero me ver no futuro, que eu esteja bem”, disse Daniele dos Santos.

A prefeitura de Jaboatão informou que uma equipe do Serviço de Atenção Domiciliar vai à casa de Daniele na sexta (22) para avaliar a necessidade de mais sessões de fisioterapia e de outras demandas de atendimento multidisciplinar. Disse também que dá assistência a todas as vítimas do acidente, com suporte de consultas, exames, curativos e fisioterapia.

Daniele Marcelino dos Santos ainda se recupera 5 meses após ter sido atropelada por micro-ônibus durante procissão em Jaboatão dos Guararapes — Foto: Reprodução/TV Globo

Linhas complementares com problemas

Logo depois do acidente de 31 de março, que deixou cinco mortos e 29 pessoas feridas, os moradores de Marcos Freire fizeram várias reclamações sobre os veículos que fazem as linhas complementares de transporte em Jaboatão. Bancos caindo, amarrados com fita isolante e fixados de forma improvisada com cabo de vassoura foram alguns dos problemas constatados pela TV Globo.

No dia 23 de abril, um vídeo mostrou o desespero dos passageiros dentro de um micro-ônibus lotado noutra área da cidade. O veículo não conseguiu subir a ladeira da UR-5 e desceu de ré.

Algo muito parecido aconteceu no último sábado (17). Imagens enviadas para a TV Globo mostram um micro-ônibus subindo uma calçada, sem força para subir a mesma ladeira do acidente do mês de março. No domingo (18), passageiros gravaram outro veículo que quebrou no meio da rua.

Em resposta à TV Globo, a Secretaria de Mobilidade e Ordem Pública de Jaboatão dos Guararapes disse que a frota de micro-ônibus que faz o transporte complementar no município passou por um novo cadastro depois do acidente da Ladeira do Adelaide ocorrido em março. Entretanto, os moradores continuam reclamando das condições dos veículos.

VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!