J. Borges, artista e poeta pernambucano, morre aos 88 anos
A morte do artista Pernambuco J. Borges repercutiu nas redes sociais. O xilogravurista tinha 88 anos e morreu de causas naturais, nesta sexta-feira (26), na casa onde morava, em Bezerros no Agreste do estado (veja vídeo acima). Ele ficou conhecido pelos poemas de cordel e xilogravuras, que já ilustraram obras internacionais.
No X (antigo Twitter), o presidente Lula (PT) lamentou a morte e exaltou a história do artista, que era autodidata.
"Um dos maiores xilogravuristas do país. Autodidata, começou a trabalhar muito cedo no agreste pernambucano. Fiquei muito feliz de poder levar sua arte até o Papa. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores deste grande artista do nosso país", disse Lula.
Lula já presenteou uma obra de J. Borges ao Papa Francisco, durante uma visita que fez ao Vaticano em junho de 2023.
Em nota, a governadora de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) também exaltou a trajetória de J. Borges e disse que o artista levou "Bezerros, o Agreste e Pernambuco para o mundo".
"Vai deixar uma saudade imensa. Mas a sua grandiosidade permanecerá aqui pelas mãos de seus filhos, discípulos e centenas de xilogravuras que representam tão bem a nossa cultura. Meus pêsames aos familiares e amigos", afirmou Raquel Lyra no comunicado.
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No Instagram, o perfil oficial do Memorial J. Borges, que é administrado pela família do artista, compartilhou uma série de fotos recentes dele e afirmou que a saudades será "eterna".
"Sua arte permanecerá no mundo, alegrando o coração de seus admiradores. Muito obrigada, Borges, por ter existido, por nos passar todo seu conhecimento de vida e de arte. Você foi único e necessário. Você foi responsável por criar uma identidade única para gravura, e seu nome será lembrado até as próximas gerações. O céu está em festa, como você dizia, chegou a hora de se encontrar com seus amigos", declarou na publicação.
Pernambucano J Borges, em foto de arquivo — Foto: Oton Veiga/TV Globo
O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) Jorge Messias também lamentou o falecimento do artista pernambucano.
"J. Borges deixa um vazio enorme na arte brasileira. Mestre da xilogravura, também popularizou no cordel as representações mais típicas da cultura nordestina, exportando-as para o mundo", publicou Messias em seu perfil no X.
A Secretaria Estadual de Cultura, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e o governo de Pernambuco emitiram nota de pesar conjunta em que lamentaram o falecimento de J. Borges.
"Com a identidade visual de suas obras atrelada imediatamente às raízes pernambucanas, o artista levou o nome de Bezerros e de Pernambuco ao redor do mundo. [...] Matuto esperto e comunicativo, o exímio talhador de madeira tem em seu currículo trabalhos relevantes ao lado de Ariano Suassuna, obras no acervo da Biblioteca Nacional de Washington e a edição comemorativa dos 400 anos do D. Quixote, de Miguel de Cervantes, com uma versão em cordel da referida novela de cavalaria", diz a nota.
A prefeitura de Bezerros, cidade onde J. Borges viveu durante toda a vida e local da sua morte, também lamentou o falecimento. "Conhecer sua história e sua obra é reconhecer a força do nordestino, é apropriar-se do que nos é mais rico, nosso povo, nosso cotidiano, nossas lutas e vitórias", disse.
Por nota, a Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura do Recife também lamentaram a despedida do artista, definindo a arte de J. Borges como "autêntica" e "singela".
"Com sensibilidade, humor e delicadeza, traduzia e satirizava os costumes e modos nordestinos em madeira e papel, cores vibrantes e traços únicos, que viraram sua marca registrada e o consagraram como uma espécie de embaixador cultural de sua gente", afirmou no texto.
Obras de J.Borges em exposição no Rio