Funcionários denunciam problemas estruturais e condições de trabalho no Hospital Getúlio Vargas, no Recife
Funcionários do Hospital Getúlio Vargas (HGV), na Zona Oeste do Recife, denunciaram à TV Globo que convivem com uma série de falhas estruturais e condições precárias de trabalho na unidade de saúde. Entre os problemas, segundo os relatos, estão goteiras e acúmulo de lixo no primeiro andar do edifício, conhecido como "corredor da morte" (veja vídeo acima).
No local, que foi interditado, os resíduos se acumulam ao lado do almoxarifado, onde fica o estoque de medicamentos. Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) disse que vai lançar edital de licitação para fazer uma reforma na unidade (veja resposta abaixo).
"No nosso setor, alojamento da gente, o descanso, tem mofo, fios expostos, alagamentos, sem condições de o plantonista ter um descanso decente. No próprio 'corredor da morte' tem infiltração (...). Já teve servidores nossos que adoeceram. Adoeceram por conta do mau cheiro. Os banheiros não têm condições de a gente estar usando. Privadas quebradas, material que a gente não tem. Papel toalha, papel higiênico", afirmou um funcionário, que pediu para não ser identificado.
Segundo outro funcionário, que também não pediu para não ser identificado, a sala da farmácia do hospital apresenta diversos problemas de infraestrutura, inclusive com descarte de medicamentos que não chegaram a ser utilizados.
"É água pelo piso. As medicações têm que estar num determinado grau de temperatura e elas estão completamente fora disso. (...) Os descartes de medicamento estão sendo feitos completamente de forma irregular, sendo jogados num bueiro, envolvendo pessoas, terceiros, como as da limpeza, para fazer esse descarte", denunciou.
O lixo, de acordo com um terceiro funcionário, se acumula ao longo do dia. "Chega um caminhão de madrugada para pegar esse lixo, mas ele é carregado o tempo todo, o dia todo, de todos os setores do hospital", contou.
Um dos maiores hospitais públicos da capital pernambucana, o Hospital Getúlio Vargas fica no bairro do Cordeiro e atende cerca de 2 mil pessoas por mês. É referência nas áreas de traumatologia, em cirurgias vasculares e bucomaxilares.
De acordo com as denúncias recebidas pela TV Globo, o local opera sem condições básicas de higiene, com falhas de infraestrutura em setores como o bloco cirúrgico e a enfermaria.
"Não só as medicações, mas os materiais médico-hospitalares... Tem goteira em cima desses materiais. A gente faz a limpeza dele, para ele voltar ao paciente. A gente não sabe o dano que é causado de infecção hospitalar referente a esse paciente. Inclusive, a emergência do hospital foi fechada inúmeras vezes por conta de fungos e superbactéria", afirmou um dos trabalhadores, em entrevista à TV Globo.
Primeiro andar do Hospital Getúlio Vargas, no Recife: espaço é conhecido por funcionários como 'corredor da morte' — Foto: Reprodução/TV Globo
O que dizem o HGV e o governo do estado
Procurada, a diretora geral do HGV, Thaís Almeida, disse que existe um protocolo para o descarte de medicamentos e que concluiu, em 2023, a reestruturação dos banheiros da área assistencial da unidade.
"Essa medicação específica vem desde a questão de planejamento da pandemia, em que houve modificação da prescrição de algumas medicações, em que houve redução da sua prescrição. Está ali, mas não está sendo utilizado. Só que tem também um cronograma para um descarte adequado (...) Sempre há manutenção, mesmo que seja pontual", afirmou a gestora.
Também procurada, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou, por meio de nota, que não há falta de medicamentos no HGV e que a ausência de insumos é pontual.
Além disso, a secretaria disse que vai lançar um edital de licitação para contratar a empresa que vai fazer uma reforma para resolver os problemas de infraestrutura na enfermaria e no bloco cirúrgico.