Câmeras escondidas foram colocadas em flat para registrar momentos íntimos de casal, diz Polícia
A câmera escondida encontrada por um casal de turistas de SP em um quarto de resort em Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Grande Recife, foi instalada com a intenção de registrar momentos íntimos dos hóspedes, de acordo com a Polícia Civil. "A pessoa que instala tem a intenção de captar cenas de sexo ou nudez", disse o delegado que investiga o caso, Ney Luiz Rodrigues (veja vídeo acima).
O caso aconteceu em um flat no OKA Beach Residence, que funciona na praia de Muro Alto, numa hospedagem reservada pelo site Booking, que lamentou o caso e informou que suspendeu a hospedagem do site (veja mais abaixo).
Em entrevista ao vivo no Bom Dia PE nesta segunda-feira (22), o delegado afirmou que o casal percebeu a instalação da câmera após notar que a tomada que ficava embaixo da TV, e virada na direção da cama, não funcionava e que nenhum conector encaixava nela.
A denúncia foi registrada na Polícia Civil em 16 de janeiro. Ao g1, o advogado do casal contou que, após notar que o receptor de tomada era diferente, o casal pesquisou uma foto do aparelho na internet e descobriu que se tratava de um modelo de "câmera espiã".
Tomada escondia câmera de gravação de imagens em quarto de resort em Porto de Galinhas — Foto: Arquivo pessoal
Após o registro, o casal foi ouvido pela polícia, assim como os donos do flat.
"A princípio, não houve nenhum envolvimento deles [donos do flat], já descartamos essa possibilidade. A gente segue procurando identificar quem foi a pessoa que colocou essa câmera no local", disse o delegado.
A ocorrência é investigada como crime de "registro não autorizado de intimidade sexual", definido pelo Código Penal Brasileiro como "produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes". A pena prevista é de prisão de seis meses a um ano, além de multa.
Como se prevenir
O delegado Ney Luiz alerta que os objetos adulterados mais comuns são ar-condicionado, televisão e abajur. Como o intuito é registrar momentos íntimos, geralmente as instalações são feitas em quartos e banheiros.
Ele também sugeriu o uso de aplicativos que podem identificar câmeras que estão conectadas ao Wi-Fi. "Apague a luz do quarto e, com o próprio celular, ligue a lanterna e passe pelo quarto. Se existir uma câmera, ela provavelmente vai refletir a luz", disse.
Outros cuidados mais básicos também são essenciais, como sempre trancar os quartos quando sair e, mesmo que o ambiente aparente ser seguro, é preciso verificar cada detalhe do local.
"A plataforma também é responsável por aquele ambiente; então, sempre que houver uma situação como essa, fale com a plataforma e informe a presença da câmera", afirmou o delegado.
Resposta do Booking
O g1 tentou, mas não conseguiu contato com o OKA Beach Residence. Entretanto, nas redes sociais, a empresa disse que é um condomínio residencial e não um hotel, e que a instalação de câmera oculta em unidades privativas para locação "é um ato criminoso que repudiamos veementemente".
"O OKA Beach Residence é um condomínio residencial e que não exerce atividade hoteleira. As locações que ocorrem neste condomínio residencial são realizadas diretamente entre inquilinos e proprietários destas unidades", afirmou.
Por meio de nota, a Booking informou que o flat foi suspenso da plataforma para analisar o caso e se pôs à disposição das autoridades. A empresa informou que lamenta o ocorrido e que "esta não é uma experiência que queremos para nenhum dos nossos clientes e esperamos mais dos nossos parceiros de acomodação".