Por Pedro Alves, Paulo Veras, g1 PE


Indígenas no velório de Bruno Pereira, no Grande Recife — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Ocorre nesta sexta-feira (24) o velório do indigenista Bruno Araújo Pereira, assassinado durante uma expedição na região do Vale do Javari, no Amazonas, junto com o jornalista inglês Dom Phillips. A cerimônia acontece no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, e é aberta ao público. A cremação deve ocorrer às 15h.

O caixão foi exposto por volta das 9h30, coberto com bandeiras de Pernambuco e do Sport Clube do Recife, time do coração de Bruno Pereira. Havia, também, uma camisa da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

O corpo de Bruno Pereira, que tinha 41 anos e é pernambucano, chegou ao Recife na noite da quinta-feira (23), em um jato da Polícia Federal. Os restos mortais foram periciados em Brasília. Quando ocorreu a liberação, os dois corpos foram levados de avião para serem entregues às famílias.

A primeira parada foi o Rio de Janeiro, onde o corpo de Dom Phillips foi entregue aos parentes. Às 18h36, o avião com o corpo de Bruno Pereira aterrissou no Aeroporto Internacional Guararapes/Gilberto Freyre, na Zona Sul do Recife.

Um grupo de indígenas da etnia Xucuru, da Serra do Ororubá, em Pesqueira, no Agreste, compareceu ao velório e entrou na capela em que o corpo de Bruno Pereira é velado. Eles entoaram cantos do ritual do Toré ao redor do caixão, com um cartaz com as fotos das vítimas e a frase "Justiça por Dom e Bruno" (veja vídeo abaixo).

Indígenas homenageiam Bruno Pereira durante velório, no Grande Recife

Indígenas homenageiam Bruno Pereira durante velório, no Grande Recife

Bruno Pereira e Dom Phillips foram assassinados enquanto faziam uma expedição na região do Vale do Javari, no Amazonas. O crime aconteceu em 5 de junho e os corpos foram encontrados dez dias depois. O velório de Bruno Pereira ocorre na Sala de Velório Central do Morada da Paz (veja vídeo abaixo).

Corpo do indigenista Bruno Pereira é velado no Grande Recife

Corpo do indigenista Bruno Pereira é velado no Grande Recife

Segundo os familiares, Bruno era católico, mas ao longo de sua trajetória se tornou um homem do povo, sobretudo dos povos indígenas. Eles informaram que no velório, que será aberto, haverá uma cerimônia católica, mas que qualquer manifestação religiosa que ocorrer será respeitada.

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Homem com coroa de flores em frente ao Velório Central do Cemitério Morada da Paz, em Paulista, onde ocorre cremação de Bruno Pereira — Foto: Eliab Pessoa/TV Globo

O cemitério disponibilizou uma página na internet para que as pessoas possam enviar mensagens e orações. Algumas horas após a divulgação do link, a página já tinha dezenas de mensagens de amigos e desconhecidos para Bruno Pereira e seus familiares.

Quem era Bruno Pereira?

O indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira — Foto: Reprodução/TV Globo

Filho de paraibanos, Bruno Pereira era pernambucano, nascido no Recife. Deixou Pernambuco nos anos 2000, para trabalhar na Amazônia. Ele desempenhou diversas funções na Fundação Nacional do Índio (Funai) na última década.

Bruno passou pela coordenação regional do Vale do Javari, exatamente na região em que ele desapareceu durante uma expedição, no início deste mês. Deixou a esposa, a antropóloga Beatriz Matos, e três filhos.

Bruno Pereira é considerado um dos maiores especialistas em povos isolados do Brasil. O indigenista chegou a cursar jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e participaria de um filme inspirado no trabalho dele.

Indigenista Bruno Pereira com colegas durante os tempos de escola no Recife — Foto: Cortesia

No dia 16 de junho, o pernambucano recebeu homenagens pela trajetória em defesa dos povos indígenas. Segundo os familiares, Bruno amava Pernambuco, a cultura, o carnaval e o Sport Club do Recife.

Amava tanto o time de futebol que chegava a ligar pelo celular via satélite para saber os resultados dos jogos quando estava nas bases da Funai, onde não há comunicação.

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