Pesquisadores registram tubarões-tigre com drone em Fernando de Noronha
O Projeto Tubarões e Raias de Fernando de Noronha divulgou o resultado do trabalho de monitoramento aéreo com drone dos tubarões-tigres na Baía do Sueste, no período de um ano. Foram realizados registros em 257 em dias, com 724 voos, que totalizam 237 horas de observação. Foram observados um total de 37 tubarões-tigres (veja vídeo acima).
As imagens foram feitas pelo coordenador do projeto, Fábio Borges. Ao analisar as imagens, os pesquisadores chegaram às primeiras conclusões.
“Nós identificamos as preferências. O tubarão-tigre prefere as marés mais altas para visitar o Sueste e observamos que os animais preferem o período da tarde”, contou Borges.
A bióloga Bianca Rangel, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), também é coordenadora do projeto Tubarões e Raias. Ela avaliou que os tubarões procuram o Sueste para se alimentar.
“Com o monitoramento, observamos que essa é uma área de alimentação, diferente de outras regiões de Noronha. Também observamos que a maioria dos animais são juvenis. Acreditamos que eles estão em fase de aprendizagem da caça”, declarou Bianca Rangel.
A pesquisadora informou que os registros indicam uma procura maior pela Baía dos Sueste quando o local tem tartarugas marinhas.
“Pelas nossas observações de drone, aparentemente os tubarões-tigres procuraram mais o Sueste quando as tartarugas estão em maior concentração”, disse Bianca.
Tartaruga tenta fugir do tubarão-tigre — Foto: Fábio Borges/Projeto Tubarões e Raias
Incidentes
A Baía do Sueste é o local onde aconteceu os dois incidentes entre tubarões e humanos considerados graves. Em 2015, o visitante Márcio de Castro perdeu o braço após o ataque de um tubarão. Em 2022, uma garota de 8 anos também foi atacada e perdeu a perna.
Os pesquisadores indicaram que nas duas ocasiões os incidentes foram causados por tubarões-tigres. O Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) proibiu o banho e o mergulho na área.
O órgão fez um teste para liberação, mas o Sueste voltou a ser fechado. Os pesquisadores consideraram que essa é uma decisão acertada. No período de teste para reabertura do mergulho, foram identificados tubarões-tigres na região.
“No período de teste, com o monitoramento de drone, percebemos em diversas situações em que tinha turistas na água, vendo tartarugas, e tubarões caçando tartarugas”, declarou Fábio Borges.
Bianca Rangel também avaliou a proibição. “No Sueste a melhor solução é evitar o encontro entre as pessoas e os tubarões. Em outras praias a água é mais clara; na Baía do Sueste a água é sempre muito turva e os tubarões procuram esse local para caçar. Ter pessoas na água, mesmo em grupo, pode ser um problema”, indicou a pesquisadora.
O Projeto Tubarões e Raias vai seguir com o monitoramento no Sueste. O resultado das observações é encaminhado ao ICMBio.