Blog Viver Noronha

Por Ana Clara Marinho, g1 PE


Imagem de arquivo mostra artistas de Noronha que se apresentam no Muzenza — Foto: Muzenza/Divulgação

Artistas de Fernando de Noronha lamentaram a decisão judicial que determinou a desocupação do bar e pizzaria Muzenza, que funciona no imóvel anexo à Igreja Nossa Senhora dos Remédios. Originalmente, o local foi construído para ser a Casa Paroquial e Capela de Velórios da ilha.

A decisão foi assinada pelo juiz João José Rocha Targino, em caráter liminar, e deve ser cumprida em até 30 dias. Até esta quinta-feira (12), o espaço segue aberto.

Além de bar e pizzaria, o Muzenza é um conhecido local para shows de reggae e samba, entre outros ritmos. O estabelecimento funciona no imóvel há mais de 14 anos.

O sambista Nego Noronha, que toca nos domingos no local, falou o sentimento ao saber da decisão.

“Esse é um local que recebe todos os tipos de artistas e talentos A sensação é de tristeza. Eu amo tocar naquele lugar, me apresento no Muzenza desde o primeiro dia de funcionamento. É ruim receber uma notícia dessa”, falou.

O vocalista do grupo Samba para os Amigos, Zinho, também falou sobre o Muzenza.

“O Muzenza é um espaço cultural de muitos anos, que está estruturado. O local agrega para a cultura artistas musical e gastronômica. Caso venha a fechar, isso será uma perda grande para os artistas e para o turismo”, disse Zinho.

O cantor Cleiton Santana é outro artista que se apresenta no espaço. Ele disse que o Muzenza é um ponto de encontro importante para a ilha.

“É um espaço de cultura e arte muito importante para Noronha. O lugar sempre abriu espaço para eventos, é um local inclusivo. A decisão pode ser boa para a igreja, mas é ruim para a população e para o turismo”, avaliou Cleiton.

Decisão

Muzenza funciona no anaxo da Igreja dos Remédios — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

A decisão judicial determina que a Administração de Fernando de Noronha cancele o Termo de Permissão e Uso (TPU), que é o documento de posse do local, cedido para a família de Dona Pituca (Maria do Carmo Dias Barbosa, que morreu em 2012), que fundou o primeiro restaurante e pousada da ilha no local.

O imóvel foi arrendado pelos descendes de Dona Pituca. Leandra Teixeira, que é neta de Maria do Carmo, declarou que a família vai recorrer da decisão.

“Nós vamos recorrer, não fomos despejados e, nesta quinta-feira, tem reggae. Tenho duas crianças e ainda não tenho Termo de Permissão e Uso. Eu vou para onde?”, questionou a neta de Dona Pituca.

A Igreja Católica informou que solicitou o espaço que é de direito, uma vez que o imóvel foi construído para ser Casa Paroquial e Capela de Velórios.

A Administração da Ilha informou que vai cumprir a decisão judicial de anular o TPU.

O que diz a direção Muzenza:

  • O imóvel da antiga casa paroquial, desde o século 19, sempre foi usado para outros fins;
  • Em meados de 1964, o casarão ficou aos cuidados de Dona Pituca, e ela fundou o primeiro restaurante e pousada da ilha no local;
  • "Na década de 70 a família dessa ilustre moradora tradicional, que inclusive era conhecida como uma espécie de guardiã da igreja, obteve o direito a TPU mista do imóvel";
  • Atualmente, alguns dos herdeiros de Dona Pituca e João Benício (marido de Dona Pituca, também falecido) não possuem outro TPU e têm como única fonte de renda o arrendamento desse imóvel para a empresa Muzenza;
  • Há mais de 14 anos, essa empresa "atua como restaurante com música ao vivo, se tornando um dos principais e únicos atrativos turísticos e culturais noturnos da ilha”;
  • Além de promover e fomentar a cultura, o estabelecimento aquece a economia na ilha, pois emprega direta e indiretamente muitos trabalhadores locais e até do continente;
  • “Sempre se comprometeu com a manutenção e conservação desse patrimônio”.

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