Teste do pezinho — Foto: JN
Quinze municípios paraibanos não possuem sala de coleta para realização do teste do pezinho, nome pelo qual é popularmente conhecida a triagem neonatal. O dado foi divulgado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB). O órgão informou que os promotores de Justiça que atuam nessas localidades encaminharam recomendação para cobrar dos gestores a instalação dessas salas.
A ação integra um procedimento instaurado pelo MPPB para acompanhar a triagem neonatal na Paraíba. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PB), os municípios que não dispõem de salas para a coleta do exame são:
Problemas da falta de salas para o teste do pezinho
Conforme explicou a coordenadora do Centro de Apoio Operacional em matéria da defesa da saúde (CAO Saúde), a promotora de Justiça Fabiana Lobo, a falta da coleta local impacta negativamente a cobertura da triagem neonatal, pois a puérpera e o bebê (de três a cinco dias de nascido) precisam ser levados para outro município. “Muitos não vão, comprometendo eventual diagnóstico e tratamento precoce de doença congênita”, argumentou.
Segundo ela, a implantação de sala de coleta para o teste do pezinho pode ser feita em um espaço na própria UBS (Unidade Básica de Saúde). Para facilitar o trabalho, a SES elaborou um checklist com os requisitos mínimos que devem ser atendidos pelos municípios. O checklist também foi enviado aos promotores de Justiça.
O promotor de Justiça Renato Leite, de Itaporanga, informou que, a partir de ofício enviado pelo CAO Saúde, foi instaurado um para acompanhar a taxa de cobertura do teste do pezinho nos municípios da circunscrição da Promotoria de Justiça de Itaporanga.
Foi constatado que quatro municípios apresentavam cobertura abaixo de 50% (Boa Ventura, Diamante e Pedra Branca, que não registraram cobertura do exame, e Curral Velho, com 12% de cobertura) e que três tinham cobertura acima de 50% (Itaporanga, com 84%; São José de Caiana, com 78% e Serra Grande, com 77%).
Segundo MPPB, em outubro, foi realizada audiência, por videoconferência, com representantes de hospitais locais, da SES-PB, do Laboratório Central (Lacen-PB) e com os secretários municipais de Saúde sobre o assunto.
“Na ocasião, foi identificado que alguns dos municípios da circunscrição não possuíam sala de coleta para o teste do pezinho e que, embora alguns possuíssem a sala, a coleta do material era feita em município diverso da residência do recém-nascido”, disse o promotor de Justiça.
Ações para a instalação das salas do teste do pezinho
No começo de novembro foi expedida uma recomendação aos municípios de Itaporanga, Serra Grande, São José de Caiana, Pedra Branca, Boa Ventura, Diamante e Curral Velho, para que fossem adotadas as medidas necessárias à implantação de Posto de Coleta da Atenção Básica para o Teste do Pezinho, situado no próprio município, bem como capacitação das equipes de saúde para orientar ao acesso da população recém-nascida do respectivo município ao diagnóstico precoce de doenças raras.
Também foi recomendada a adoção das medidas necessárias para capacitação contínua das equipes de saúde responsáveis pela coleta e transporte de material biológico para o teste do pezinho, uma vez que, em todo o Estado, há um número significativo de amostras que não estão sendo analisadas pelo Lacen-PB por serem consideradas inservíveis.
Outra medida recomendada foi a busca ativa pelas equipes de saúde da população recém-nascida para a realização do exame.
“Os municípios de Pedra Branca e São José de Caiana já informaram que já constam com o Posto de Coleta devidamente instalado. Ademais, o procedimento aguarda a comprovação do acatamento e do cumprimento da recomendação pelos destinatários”, informou o representante do MPPB.