Por g1 PB


Baía da Traição declara estado de calamidade pública por conta do avanço do mar — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução

O município de Baía da Traição, no Litoral Norte da Paraíba, decretou estado de calamidade pública em áreas da Praia do Forte, devido ao avanço do mar e aos danos significativos causados pela erosão costeira. De acordo com o geógrafo Erickson Torres, o aquecimento do planeta é a principal causa do avanço das marés.

“Toda vez que a água do oceano fica mais quente, há um volume maior de água que avança sobre os continentes, sobre a costa dos países e suas regiões. É condição sine qua non [indispensável] que os pesquisadores, geógrafos, oceanógrafos, engenheiros, em conjunto com os gestores públicos, desenvolvam pesquisas bem mais amplas do que apenas colocar aquelas pedras para tentar conter o avanço do mar, porque essas são apenas medidas paliativas", afirma o geógrafo.

A decisão de declarar calamidade pública foi reconhecida pela Assembleia Legislativa da Paraíba e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quinta-feira (7).

Danos do avanço do mar e possíveis soluções

De acordo com representantes da Defesa Civil de Baía da Traição, a solução para impedir que o mar continue avançando é construir um semicírculo em concreto e realizar o alargamento da faixa de areia. Segundo o secretário de saúde de Baía da Traição, o investimento necessário para a realização dessas ações seria de cerca de R$ 86 milhões.

Ainda segundo a Defesa Civil, em um ano o avanço do mar sobre a terra em Baía da Traição é de seis metros. Cálculos da Defesa Civil mostraram ainda que a área urbana que separa o mar do rio é de aproximadamente 30 metros, o que significa que, caso o avanço continue, as aldeias da região ficarão ilhadas e o abastecimento de água da cidade ficará impossibilitado.

Áreas afetadas pelo avanço do mar em Baía da Traição — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução

Segundo o secretário de saúde de Baía da Traição, Emanuel Ferreira, um levantamento da área do desastre foi realizado desde os arrecifes até a parte da Praia do Forte, uma das áreas mais afetadas pelo avanço do mar.

De acordo com o secretário, uma das soluções propostas através do levantamento foi a construção de 4 semicírculos de concreto em toda a faixa de areia da região, o que soma aproximadamente 4 quilômetros de extensão.

Avanço do mar na Aldeia do Forte em Baía da Traição

Avanço do mar na Aldeia do Forte em Baía da Traição

Problemas enfrentados pelos moradores

De acordo com Edvaldo Severino, aposentado que mora na região, o estado atual do avanço do mar é algo que ele nunca viu e que gera preocupação quanto ao que acontecerá no futuro, tanto em relação a segurança dos moradores quanto ao que pode acontecer com as moradias no local.

"Eu moro aqui há 50 anos e eu nunca vi isso. Agora que tá acontecendo isso. Eu tenho medo, mas não saio daqui porque não tenho para onde ir. Será o que Deus quiser. Eu não tenho casa em outro canto, não tenho terreno para fazer [outra casa]", desabafa o aposentado.

Já Joana Bernardo, técnica em enfermagem, fala sobre as dificuldades da população de chegar até a cidade e os problemas causados pela ocupação do mar sobre a terra.

"Com o rompimento disso aqui [da faixa de areia], a gente vai ter que fazer um atalho muito grande por dentro das aldeias para chegar na baía, em torno de 30 minutos. E por aqui [pela praia], você chega em 5 minutos, 3 minutos, e logo está na cidade. É doloroso passar e ver como está a nossa praia, a nossa aldeia. É triste", conta.

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