Por g1 Pará — Belém


Corpo de Dom Azcona será levado para ser sepultado em Soure, no Marajó. — Foto: Wilk Dias / TV Liberal

Ocorrem na manhã desta quinta-feira (21) as últimas homenagens a Dom Azcona, que morreu aos 84 anos, em Belém, na quarta-feira (20).

Dom José Luis Azcona Hermozo era bispo emérito do arquipélago paraense do Marajó e símbolo da luta contra tráfico humano e abuso infantil. O religioso lutava contra o câncer de pâncreas e estava internado em Belém desde o último dia 28 de outubro.

O Funeral e o velório ocorrem deste a quarta (20), na Paróquia São José de Queluz, no bairro Canudos, na capital paraense. Admiradores de Dom Azcona se reuniram durante a noite para prestar homenagens.

Paróquia São José de Queluz. — Foto: Clotilde Dantas

O corpo chegou ao local e o caixão foi preparado no início da noite. Uma celebração iniciou por volta das 21h20, presidida pelo Freire Luiz Carlos Albim.

Uma missa ocorreu na manhã desta quinta(21), às 7h. Segundo a prelazia do Marajó, o corpo de Dom Azcona será levado para Soure, cidade do Marajó, de avião, onde será sepultado. Após a morte do religioso, o governo do Pará decretou luto oficial de três dias.

Reconhecimento internacional

Dom José Luis Azcona Hermoso. — Foto: Tarso Sarraf

Dom José Luis Azcona era uma liderança reconhecida internacionalmente pela luta contra o tráfico humano e o abuso sexual de crianças e adolescentes no Marajó.

O religioso nasceu em 1940 na Espanha. Ele chegou ao Brasil na metade da década de 80 como missionário na prelazia do Marajó e foi declarado bispo da região em 1987 pelo papa João Paulo II, cargo em que ficou até 2016.

O bispo emérito também foi fundamental para a instalação da chamada "CPI da Pedofilia" na Assembleia Legislativa do Pará e no Congresso Nacional, nos anos de 2009 e 2010. O trabalho na defesa pelos direitos humanos no Marajó fez com que, em 2008, o nome dele estivesse entre as três lideranças católicas ameaçadas de morte no Pará.

Em 2015, ele denunciou casos em que crianças foram exploradas por visitantes que chegavam à região e que eram abusadas com o consentimento da própria família. Os casos tiveram repercussão nacional. Por 30 anos, o bispo atuou denunciando mazelas da região do Marajó e a exploração sexual de crianças no arquipélago.

Dom Azcona recebe visita da imagem peregrina em hospital — Foto: Reprodução/TV Liberal

Em 10 de setembro deste ano, já em tratamento contra o câncer, ele recebeu a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do estado do Pará, no leito do hospital onde estava internado.

A homenagem foi feita pouco antes do Círio de Nazaré, maior procissão religiosa do Brasil, que ocorre há mais de 200 anos no Pará.

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