Por Denilson d'Almeida, g1 Pará — Belém


Passageiros de lancha sequestrada por piratas no Pará improvisam acampamento em ilha

Passageiros de lancha sequestrada por piratas no Pará improvisam acampamento em ilha

Um lençol, um isqueiro e um jaleco. Estes três itens eram os únicos recursos com os quais os 20 passageiros da lancha sequestrada por piratas, no Pará, contavam durante o período em que ficaram abandonados em uma ilha deserta.

Foram 19 horas tentando conseguir meios para sobreviver em um lugar não habitado, sem comida e sem água potável. Uma tarde, uma noite e uma manhã de incertezas, medo e esperança de voltar para casa e abraçar a família.

A lancha Expresso Fonseca saiu de Gurupá, no arquipélago do Marajó, com destino a Porto de Moz, no oeste paraense, na última segunda-feira (19). A viagem deveria durar duas horas, mas foi interrompida meia hora antes, em frente a comunidade ribeirinha do Tapará, onde três homens, que fingiram ser passageiros, anunciaram o assalto e sequestraram a embarcação.

A Polícia Civil do Pará investiga o caso, com o apoio da Polícia Civil do Amapá. Ao todo, 23 pessoas estavam na embarcação (20 vítimas e três criminosos, já identificados). Ninguém foi preso ainda. A embarcação foi encontrada na terça-feira (20), em Santana, no estado do Amapá.

Os suspeitos abandonaram as vítimas na praia da ilha grande, que é um lugar não habitado, o que deixou as vítimas em uma situação extrema. O grupo foi abandonado no início da tarde.

As passageiras Wevilla Santos e Edilaine Lobato relataram que inicialmente o grupo pensou em permanecer na área da praia, mas com a cheia da maré eles precisaram se deslocar para uma área mais elevada, em meio à vegetação.

"Cama" improvisada montanda pelos passageiros em uma ilha deserta no PA. — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Lá, o grupo estendeu um lençol sobre folhas de palmeiras e improvisou um lugar para dormir.

Uma das passageiras tinha um isqueiro no bolso e isto ajudou com que as vítimas pudessem fazer uma fogueira durante a noite e, assim se aquecer de alguma forma. O fogo também era uma tentativa de chamar a atenção de alguma embarcação que passasse pela localidade, à noite.

Vítimas de piratas, no Pará, dormiram em acampamento improvisado após serem abandonados

Vítimas de piratas, no Pará, dormiram em acampamento improvisado após serem abandonados

Entre as vítimas estava uma criança de aproximadamente 4 anos de idade, a quem os suspeitos entregaram um pacote de biscoito antes de eles terem sido deixados na ilha. O único alimento que o garoto consumiu durante as 19 horas em que ficou na localidade foi este. Ele também foi o único que comeu alguma coisa.

“A gente só tinha água do rio e foi o que alguns tomaram”, disse Edilaine.

Piratas assaltam lancha com passageiros no Pará. — Foto: g1

O resgate foi feito por um ribeirinho, que recebeu um telefonema do irmão de umas das vítimas que pediu que ele ajudasse a procurar pelos passageiros da lancha.

Quando o ribeirinho se aproximou com a rabeta (pequena embarcação movida a motor), as vítimas improvisaram uma bandeira com o jaleco de um médico, que estava entre os passageiros, para chamar a atenção dele e, assim, conseguiram ser resgatados.

O homem fez duas viagens com o pequeno barco, para poder retirar todos os que estavam na ilha. As mulheres e as crianças foram as primeiras vítimas a serem resgatadas.

Com um isqueiro, as vítimas conseguiram fazer uma fogueira em ilha deserta. — Foto: Reprodução/Redes Sociais

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