Por g1 Pará — Belém


BDP Responde: saiba sobre Agosto Laranja, mês de conscientização sobre Esclerose Múltipla

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A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) define como uma "doença neurológica, crônica e autoimune", ou seja, quando "as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares".

“É uma autoagressão. O organismo, em vez de combater um invasor, um vírus, uma bactéria, ele se confunde e acaba atacando o sistema nervoso”, complementa a neurologista, Sthephani Martins.

A esclerose múltipla pode atingir pessoas de todas as idades, mas é observada entre 20 e 40 anos de idade, com uma incidência maior entre as mulheres.

Ainda segundo a Abem:

  • Não é uma doença mental
  • Não é contagiosa
  • Não é suscetível de prevenção
  • Não tem cura, mas tem tratamento, que consiste em atenuar os sintomas e desacelerar a progressão da doença

A causa da doença ainda é desconhecida. Fatores genéticos podem fazer com que haja uma predisposição à doença, mas não é um fator determinante, de acordo com a especialista.

Muito tem se falado sobre a relação do Vírus Epstein-Barr (EBV), causador da “doença do beijo”, e a Esclerose Múltipla, após a cantora Anitta revelar que teve o vírus.

A relação surgiu após pesquisa da Universidade de Harvard com mais de 10 milhões de pessoas. O estudo revelou que aqueles que haviam sido diagnocticados com Esclerose Múltipla tinham o Vírus EBV no corpo, mas ainda não há conclusão de que o vírus desencadeie a doença.

Desafio no diagnóstico

“A esclerose múltipla é um desafio diagnóstico porque dependendo do local do cérebro ou pode cometer até a medula, causa diferentes sintomas. Não dá para dizer ‘estou sentindo tal sintoma, deve ser esclerose múltipla’ por conta da variedade de sintomas. Só podemos afirmar após exames e avaliação especializada”, explica a neurologista.

Sintomas

A especialista como principais sintomas:

  • Baixa visão
  • Perda transitória visual
  • Perda de algum movimento
  • Perda de sensibilidade
  • Sintomas neurológicos ou psiquiátricos

O Hospital Israelita Albert Einstein, adiciona outros sinais:

  • Fadiga (fraqueza ou cansaço);
  • Parestesias (dormências ou formigamentos); nevralgia do trigêmeo (dor ou queimação na face);
  • Perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular (espasticidade);
  • Falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios;
  • Dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino;
  • Problemas de memória, de atenção, do processamento de informações (lentificação);
  • Alterações de humor, depressão e ansiedade.

A equipe multidisciplinar é fundamental para o bom tratamento do paciente com Esclerose Múltipla, como explica Sthephani Martins.

“O acompanhamento psicológico é importante, fisioterapia é fundamental porque em alguns pacientes há a perda progressiva dos movimentos”.

Ela diz ainda que dentro da Esclerose Múltipla há variedades de apresentações se manifestando em surtos e silente - quando não se manifesta - e ainda assim tem tratamento.

“Nas apresentações da doença que não há tantos surtos, a pessoa tem uma vida normal, se ela não falar, ninguém vai saber. Agora, existem surtos que não se consegue reverter completamente”.

A neurologista lembra que o apoio da família e de pessoas que venham a ser cuidadores da pessoa com Esclerose Múltipla é importante, e que todos devem acompanhar o tratamento, pois muitas vezes sofrem junto com o paciente.

“É uma doença que nos desafia diariamente, não só o paciente, mas o médico. Para que esse tratamento seja mais efetivo, é preciso acompanhar de perto. Existem medicamentos modificadores de doenças que tornam, talvez, a doença um pouco menos agressiva, mas mesmo com o tratamento, infelizmente há sequelas que somam a cada surto de doença”, diz a especialista.

Tratamentos disponíveis

  • Medicamentos imunomoduladores: são utilizados para reduzir a atividade inflamatória
  • Medicamentos imunossupressores: reduzem a atividade ou eficiência do sistema imunológico
  • Pulsoterapia com corticoides sintéticos e interferons: utilizados no tratamento para a redução dos surtos

No Pará, pessoas acometidas pela doença podem procurar pelo Centro de Referência para Tratamento de Esclerose Múltipla do Estado do Pará, que funciona nas dependências do Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém.

No espaço, é possível obter o diagnóstico de forma precoce, o acompanhamento especializado, o recebimento de medicações.

Se uma pessoa apresenta alguns dos sintomas, deve procurar uma Unidade de Saúde para que seja examinada por um médico assistente. Após consulta e suspeita da doença, será feito o encaminhamento para um serviço médico especializado com o objetivo de realizar exames complementares para fechar o diagnóstico e encaminhar o paciente ao Centro de Referência, onde será iniciado o tratamento adequado de acordo com cada paciente.

Atualmente, o Centro de Referência atende aproximadamente 200 pacientes diagnosticados com a doença.

O atendimento no Centro de Referência de Esclerose Múltipla do Pará, funciona às segundas-feiras, no horário de 12h às 18hs, com agendamento pelo número de telefone (91) 3122-7022.

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