Por Marcus Passos, g1 Pará — Belém


Búfalo 'Alemão' é criado como animal de estimação no Marajó e toma até sorvete

Búfalo 'Alemão' é criado como animal de estimação no Marajó e toma até sorvete

Há um ditado que diz que o cachorro é considerado o melhor companheiro do homem. Na família de Joniel Melo, 54 anos, não é assim. O morador de Soure, na Ilha do Marajó, cria um búfalo há nove anos como animal de estimação ou "filho", como ele prefere dizer, com direito até a receber sorvete.

O búfalo da raça mediterrâneo pesa em torno de 800 quilos e é chamado de Alemão. Joniel relembra que comprou o animal quando estava passando por uma rua da cidade e viu um búfalo diferente em cima de uma carroça.

“Ele tinha 2 anos e foi amor à primeira vista. Enquanto não comprei não sosseguei. Fiz isso pensando na minha terapia e também no animal-símbolo da minha sorveteria, a ‘Ice Búfalo’”, conta.

Joniel, mais conhecido como Niel, sofre de labirintite, inflamação na estrutura interna do ouvido que pode comprometer tanto o equilíbrio quanto a audição.

“Esse animal me relaxa. Eu brinco, dou banho todo dia, funciona como uma terapia, porque eu tenho esse problema de saúde”, afirma.

Joniel Melo, de 54 anos, oferece um pouco de sorvete para o búfalo 'Alemão'. — Foto: Marcus Passos / g1 Pará

A relação entre Niel e Alemão atualmente é tão forte que o proprietário gasta até de chamá-lo como filho. O animal participa de confraternizações familiares, como Dia dos Pais, Dia das Mães, e de passeios à praia.

Jefferson Leandro, um dos filhos de Niel, diz que o pai tem uma sintonia muito grande com o animal e isso, às vezes, gera até confusão, fala em tom de brincadeira.

“Quando eu apareço nos lugares meu pai fala ‘esse aqui é o irmão do Alemão’. Tem vezes que a gente quer ir para um lugar, mas o papai só vai para lugares no qual o Alemão possa ir e isso provoca até confusão”, brinca.

Morar na região com o maior rebanho de búfalos do Brasil também traz certos desafios para Niel. Segundo ele, já não é tão simples comer carne de búfalo.

“O pessoal brinca comigo assim ‘Ei Niel, bora fazer um churrasco desse animal?’ e eu retruco ‘Faz um churrasco do teu filho, pô! Porque esse aqui é meu filho. Como é que tu queres fazer eu faça churrasco dele?”, comenta.

Fã de sorvete e mascote da 'Ice Búfalo'

O sabor tradicional da sorveteria de Niel é ‘Ice Búfalo’, feito de leite búfala, doce de leite e queijo do Marajó. Porém, após a chegada do Alemão, o local ganhou um sabor "concorrente", o sorvete "Búfalo Alemão" feito de leite de búfala, doce de maracujá e queijo do Marajó.

No meio de tanta gostosura, nem o Alemão resistiu à tentação e, às vezes, tem o direito também de saborear uma delícia gelada.

“Hoje em dia eu chamo: Alemão vem tomar sorvete e ele vem correndo. O sorvete que ele toma é bem natural e ele só ganha como sobremesa, às vezes”, explica Niel.

O filho do proprietário diz que para alimentar um animal que pesa em torno de 800 quilos é necessário de uma ou duas sacas de capim.

“Ele também adora comer frutas, como melancia, abacaxi, mamão, banana e manga principalmente”, afirma Jefferson Leandro.

Segundo o médico veterinário Antonio Silvestre Silva, que presta cursos para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-PA), o búfalo é um verdadeiro trator biológico, por conseguir transformar até folhas de mangueira, folhas secas e cascas de árvores em carne e leite.

“Como esse sorvete não é a base alimentar dele, não faz mal. O líquido gástrico do búfalo é muito mais forte se comparado a outros animais. Além disso, esse animal tem grande consanguinidade e não é criterioso para se alimentar. Então, aquele sorvete não afeta a formação óssea, gordura e a carne do animal”, explica o médico veterinário.

Búfalo 'Alemão' pesa em torno de 800 quilos. — Foto: Marcus Passos / g1 Pará

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